quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A espuma dos dias...

Um título de primeira página, com pompa e circunstância, para a fotografia, dado à estampa esta semana na imprensa figueirense: "Figueira prepara adaptação do município às alterações climáticas".
Para abreviar e resumir, anotei da página 3, AS DEZ PRIORIDADES ESTUDADAS NO MUNICÍPIO!
Passo a citar:
"1. Constituição de equipa municipal multidisciplinar para estudar estratégias  
2. Alimentação artificial das praias a sul  
3. Criação de cadastro rural  
4. Introdução nos instrumentos de gestão de território de normas que evitem edificação em          zonas de risco  
5. Dinamização da bolsa de terras para uso de terrenos abandonados  
6. Introdução de melhores práticas no planeamento e gestão de bens naturais municipais  (parque arbóreo e zonas verdes)  
7. Aumentar a resiliência da floresta aos incêndios com introdução de espécies adequadas  
8. Aumentar a resistência dos sistemas dunares  
9. Prever a criação de um sistema de deteção e gestão municipal 
10. Protecção da ilha da Morraceira e das Lagoas da Vela e das Braças."

É óbvio que qualquer cidadão, minimamente informado e preocupado, perante o quadro actual de vulnerabilidades e as previsões climáticas,  concorda que a erosão costeira e os incêndios florestais são as maiores preocupações no concelho da Figueira da Foz. 

Curiosamente, porém, a Câmara da Figueira ainda recentemente iniciou obras de Concepção (ideias)/Requalificação e Reordenamento da Praia e Frente de Mar da Figueira da Foz e Buarcos onde vai gastar 2 milhões de euros, praia da Figueira essa, cujas areias são necessárias para repor as praias do sul!.. 
Isto é gestão integrada e sustentável da zona costeira entre as diversas entidades públicas?
Por outro lado, que ideia peregrina é essa da municipalização do areal da praia que está na mente dos responsáveis pela autarquia figueirense?

Cito MANUEL LUÍS PATA, ("um modesto marítimo figueirense que sempre amou a sua Terra e sempre sofreu com as consecutivas asneiras que LHE foram feitas ao longo da sua longa vida") e pergunto "se alguma empresa privada arriscaria o seu capital nessas obras; porém, já não temos a mesma opinião sobre as mentalidades administrativas do Estado, porque os dinheiros a gastar são do erário público e ninguém exige responsabilidades pelas enormes asneiras que se têm cometido no nosso degradado país, sendo a Figueira uma das grandes vítimas, porque há asneiras que vão servindo de suporte às novas asneiras."

Nesta tarefa diária de comentar a "espuma dos dias", muitas vezes, esquecermos o que provoca essa espuma que tenta submergir-nos. 
Nem sempre comentamos o que é importante para a vida dos cidadãos. 
Mas, será que isso existe para quem manda na Figueira? 
Para eles, o que conta verdadeiramente não são as obras de fachada realizadas ao sabor e de harmonia com os calendários eleitorais?

E pronto. Esta é, apenas, mais  uma postagem simples que por aqui fica. 
Sem a grandeza das opiniões dos intelectuais no poder, no fundo os que definem,  põem em prática e gastam o nosso caroço com as suas ideias e conveniências políticas. 
É, contudo, uma história que atormenta os meus dias. 
Desculpem se incomodei alguém importante com mais esta banalidade que me incomoda e preocupa.
Voltarei certamente a este assunto um dia destes.
Citando Rui Curado da Silva, "precisamos de ir muito mais além nas políticas ambientais municipais."

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