O PPD/PSD de Sá Carneiro era um partido do centro que, comparado com este “novo PSD“ com toda a certeza seria, hoje em dia, um partido de centro-esquerda que defendia o estado social assente em três pilares basilares, a saúde, a educação e a segurança social. E que estes pilares deveriam ser garantidos pelo Estado.
Há vários anos que o PSD está doente porque o exemplo de destacados militantes como Dias Loureiro, Duarte Lima, Isaltino Morais, Valentim Loureiro, Arlindo de Carvalho e Oliveira Costa, feriram de “morte“ a credibilidade do Partido Social Democrata, a partir de meados da primeira década de 2000, em que foram tornados públicos vários casos escandalosos que envolveram estes e outros militantes do partido.
Entretanto as maiores distritais do partido foram tomadas por dirigentes políticos medíocres, carreiristas, sem quaisquer méritos, completamente dependentes da política. A partir daí passou a valer tudo para manterem os seus lugares, porque estes e apenas estes valiam para a manutenção dos seus lugares e das suas enormes clientelas.
Mais tarde, em 2010, com Pedro Passos Coelho ascenderam a lugares cimeiros do partido dirigentes políticos do tipo “trepa-trepa“, em que o mérito era medido em função do número de votos dos “exércitos“ que comandavam e que valiam exclusivamente para a eleição do presidente do partido. A mediocridade passou a ser premiada. Quanto pior melhor que assim não incomodavam. E esta passou a ser regra.
Se até então o PSD estava doente passou a viver em “estado de coma“.
As estruturas partidárias, ao nível local e distrital, passaram a servir apenas para preencher lugares com salários chorudos. A actividade política da maioria destas estruturas passou ser bienal, coincidindo com o respectivo calendário eleitoral interno. O debate terminou. Passou-se a considerar anormal a existência de listas opositoras. O regime vigente passou a ser o de lista única. O pensamento passou a ser único. Os que pensam de forma diferente passaram a ser excluídos, silenciados e marginalizados. E até se passaram aprovar listas de deputados de braço no ar ao melhor estilo “estalinista“.
E com a chegada ao governo, em coligação com o CDS, houve uma clara deriva neo-liberal que encostou o PSD à direita. Ao longo dos quatro anos de governação foi patente que na acção quotidiana do governo a social-democracia foi morrendo lentamente.
E se vamos ter um governo socialista com um acordo parlamentar alargado ao Bloco de Esquerda, ao Partido Comunista e aos “Verdes“, os únicos responsáveis são os actuais dirigentes máximos do PSD onde está incluído o seu responsável máximo, Pedro Passos Coelho porque o golpe final aconteceu, curiosamente, no dia 25 de Abril de 2015 quando o PSD assumiu uma coligação pré-eleitoral, com o CDS, liderado por um Paulo Portas, sem qualquer credibilidade política, que encostou definitivamente o PSD à direita inviabilizando, desde logo, qualquer tipo de entendimento político futuro com o Partido Socialista.
Lamento dizer isto como militante do PSD há quase 25 anos mas são estes os verdadeiros responsáveis pelo facto da primeira vez toda esquerda, em conjunto, poder vir a ascender ao poder. Não venham com desculpas de “golpes de estado“. É a Democracia a funcionar. Ou será que queriam governar o nosso país conforme têm, nos últimos tempos, dirigido internamente o PSD?
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