sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Desespero de maneta com comichão nos tomates...

A demagogia, há muito que é uma arte conhecida e exercida por Passos Coelho e Paulo Portas.
Mas, mostrá-la desta forma, no mínimo - para um Primeiro-Ministro, ainda que só em funções de gestão -  é muito pouco natural: "Passos defende revisão constitucional para haver eleições antecipadas".
Toda a gente sabe que, neste momento,  Cavaco Silva - e esta é, aliás, uma das grandes limitações à actuação do Presidente da República no actual contexto político - está impedido de dissolver o Parlamento e  convocar eleições.

Pelo andar da carruagem, vamos podendo ver o desespero e o descaramento desta gente.
Para eles, o ideal seria impor a tradição de obrigar à repetição de eleições tantas vezes até que uma produza o resultado que sirva os seus desejos mais íntimos. 
Veremos, em breve, se vivemos numa democracia meramente de fachada. 
Até que tal aconteça, porém - e não vamos esperar muito - o que está já à vista de todos nós, é que quem rejeita a realidade é precisamente esta facção, por sinal exactamente a mesma para a qual o presidente Cavaco tem trabalhado, que enche a boca de tradição.
Todavia, a realidade é esta: uma maioria de 123 deputados democraticamente eleitos rejeitou suportar o caminho de destruição do país defendido por apenas 107 eleitos segundo essas mesmas regras democráticas. 
E 123 é maior do que 107.
Que parte é que falta compreender a Passos Coelho e a Paulo Portas?

Pelo andar da carruagem, espero não ficar com a certeza de que a direita preferiria sacrificar o país e o povo, forçar um resgate, o segundo em quatro anos, que lhe permita terminar o desmantelamento do Estado, a ter de ver um Governo de maioria de esquerda.
Enquanto o pau vai e vem, para aliviar as costas, vai-se tentando meter grão de areia na engrenagem.
Entretanto, Cavaco Silva vai atrasando o que pode.
Como já tinha todos os cenários estudados, não precisa ouvir o líder do maior partido da oposição e portador de uma solução de Governo. Nem esse, nem qualquer outro. 
Antes de viajar para a Madeira, vai encanando a perna à rã e vai recebendo patrões.
Isto até não é grave: foi só a queda de um Governo,  nada de urgente, como o Estatuto dos Açores, por exemplo... 

3 comentários:

  1. O primeiro-ministro em gestão apareceu com um novo discurso. Pedro Passos Coelho quer fazer uma revisão extraordinária da Constituição para convocar eleições antecipadas antes de Marcelo Rebelo de Sousa ter plenos poderes constitucionais.

    A tentativa de Passos Coelho condicionar a legitimidade do futuro executivo liderado por António Costa passa pela convocação de novas eleições para obter uma maioria absoluta que lhe garante plenos poderes. O líder do PSD vai utilizar a mesma estratégia de Cavaco Silva em 1987, quando a esquerda também derrubou o governo, embora Mário Soares não tenha dado posse ao PS, PRD e PCP. A história é conhecida, mas o problema é que em 2015, Cavaco Silva não tem poderes constitucionais que lhe permitam convocar eleições antecipadas, pelo que, a pressão de Passos é para o futuro chefe de Estado. No caso de Passos ficar em gestão, é um sinal claro que vamos ter novo acto eleitoral.

    A partir de agora a luta de Passos Coelho vai ser esta devido à sua crença em repetir o mesmo resultado de Cavaco Silva. Na minha opinião é uma táctica arriscada porque a coligação perdeu muitos votos que se traduziram numa perca de mandatos para, no mínimo, chegar perto dos 115 deputados. A maioria de esquerda tem uma enorme vantagem no parlamento, pelo que, só uma zanga entre PS, BE e PCP pode tornar o jogo favorável para a direita. Passos não deve cometer o mesmo erro que Costa ao tentar chegar ao poder demasiado cedo e em condições políticas desfavoráveis.

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  2. A Arte de Furtar13 novembro, 2015 10:25

    Não demorou muito a tocar no ponto fulcral de todo este assunto: A Constituição!
    Não guardo registos do que aqui escrevo, pois 90% é o que são na ponta do dedo e do coração, mas penso que já aqui tinha falado que o grande objectivo desta gente é destruir a Constituição de Abril.
    O arco da governação ou bloco central dos interesses passa por isso.
    E há gente no PS que já abrij caminho, falo de Ascenso Simões e a ideia peregrina do PR ser escolhido por um colégio eleitoral e não por voto universal.
    Eu estava lá e bem recordo as "eleições" antes 25 Abril e a "democrática" escolha de Américo de Deus Rodrigues Tomáz.
    Vai dar banho ao cão,pá!

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  3. Então se o trombalanzana diz que ganhou as eleições de outubro, para que quer ele novas eleições? o bicho deveria ser obrigado a decorar toda a CRP.

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