Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996.
Manuel Luís Pata, no extinto Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”
E fico por aqui... O momento assim o aconselha.
Se há coisa com que lido mal é com acidentes no mar. Sou filho, neto e bisneto de pescadores, e estas tragédias tocam-me profundamente, até porque tenho antepassados que tiveram o mar como sepultura eterna.
* Título roubado ao João Traveira, que pouco tempo depois do acidente escreveu isto que, passadas horas, continua a arrepiar-me.
"Não consigo por palavras dizer tudo o que sinto depois de mais um barco ir ao fundo, do salva vidas não ter ido lá buscar as balsas porque está avariado, ver o chapas sozinho sem luz a ir socorrer as pessoas no mar de noite. Os nossos políticos e decisores não fazem ideia de nada e a ignorância nestes cargos é crime. Que pais de merda!"
"Que pais de merda!"
ResponderEliminarLinda e lutadora FIGUEIRA, merecias melhor!
Aqui fica uma linha (e só isso) solidária!
"Que pais de merda!"
ResponderEliminarLinda e lutadora FIGUEIRA, merecias melhor!
Aqui fica uma linha (e só isso) solidária!
Caro Agostinho, compreendo a dor que sentes mas, até como forma de amenizar dores e penas futuras, penso que tens que continuar a escrever sobre este naufrágio e as suas consequências, a mais importante porque funesta será, julgo, as prováveis 5 vidas perdidas. Continuar a escrever para abordar a questão do prolongamento da barra mas, de igual modo, o que se fala à boca pequena sendo, todavia, da maior importância: a abertura da barra foi feita ou não "a pedido" com aquelas condições de mar? O Salva-Vidas está ou não avariado (sendo essa a razão porque não prestou socorro)? Os meios de socorro marítimo "de substituição", rebocador e lancha da polícia marítima saíram ou não às 20h45, ou seja, cerca de 1h20 depois do acidente? O naufrágio ocorreu a que distância do estacionamento destes meios de socorro? 1.000 metros? Menos? Independentemente do que mais escreveres comungo, meu caro, da tua opinião: deixar (provavelmente ...) morrer deste modo 5 pessoas só mesmo num "país de merda"!
ResponderEliminarIndependentemente da dor que todos sentem, há algo que temos de por na cabeça de uma vez por todas: não se deve andar ao mar sem colete!
ResponderEliminarPodiam estar agora todos salvos, ainda que só houvesse uma mota de água a fazer o salvamento. Já ouvi todo o tipo de desculpas: que não dá jeito, que tolhe os movimentos, mas a verdade é que nenhum desses argumentos é realista. Temos de mudar mentalidades. O colete insuflável não é para usar só qaundo se ve a PM ao longe: deve ser encarado com uma peça de roupa essencial, sem a qual o pescador não deve sair.
Paz e respeito às famílias enlutadas.
É triste a realidade ser tão real e as soluções também.
ResponderEliminarPeter
É triste a realidade ser tão real como as soluções.
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