quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Porque vou votar CDU

Desde que o neoliberalismo cego do PSD (traidor do pensamento e da prática social democrata que lhe deu nascimento) tomou conta dos nossos destinos, amparado na muleta conhecida pela sigla CDS-PP, vai para quatro anos, os portugueses assistem, resignados e pacificamente, ao retrocesso social e cultural imposto por uma União Europeia cada vez mais afastada dos princípios que a fundaram.
As conquistas na segurança social, nos cuidados de saúde, na ciência, no ensino e no apoio à cultura conseguidas na vivência em democracia que se seguiu à Revolução dos Cravos estão em perigo no que ainda resta do Portugal de Abril.
O meu voto, como cidadão independente dos aparelhos partidários e interventor cívico todos os dias activo, vale o que vale: é apenas mais um entre milhões que no próximo Domingo vão decidir o futuro próximo de Portugal. Vale tanto quanto o do mais alienado dos portugueses.

Vivemos tempos de mentira, graças a uma elite, que vai de políticos a grandes nomes do direito e das finanças, que numa promiscuidade interesseira e impune, nos tem vindo a conduzir, desde há muitos anos, de forma descarada, decidida e consciente, ao caminho do empobrecimento económico e do definhamento científico e cultural.
Esta caminhada de submissão a interesses estrangeiros tem acontecido perante a passividade acrítica de partidos, que se dizem socialistas e sociais democratas e, sobretudo, por culpa de uma parte considerável dos portugueses comodistas e oportunistas, que gostam de se manter incultos, destituídos de pensamento autónomo, alienados pelo futebol e pelos programas televisivos de entretenimento que nos impõem e nos entram pela casa dentro a toda a hora. 
A ajudar ao festim, temos um Chefe de Estado que pouco mais de metade dos votantes (53,14%) colocaram no mais alto cargo da Nação quase há dez anos.
Na última eleição quase metade dos eleitores abstiveram-se... 

Somos um povo submisso, medroso e quase sem memória.
Temos sido espezinhados por um poder que nos despreza e maltrata e, muitos, continuam a fazer-lhe respeitosa vénia. 
A única forma, dentro do contexto democrático, de sair desta triste e vil tristeza em que, com excepção de alguns privilegiados, vivemos neste cantinho à beira mar plantado, é o VOTO.
No próximo Domingo temos essa oportunidade.

Apesar da lavagem ao cérebro levada a cabo pela competente equipa que programou e executou a campanha eleitoral da coligação PàF, a verdade é que estamos a viver tempos de miséria e fome para um número cada vez maior de famílias, de miserável abandono dos idosos, de corrupção descarada e impune e de aumento do número e da riqueza dos ricos. A chamada classe média está a afundar-se, o desemprego tornou-se uma realidade dramática dos que já não conseguem encontrar um posto de trabalho e é um incentivo crescente à igualmente dramática emigração de uma juventude que a democratização do ensino qualificou a níveis nunca antes conseguidos.

Detesto que me tentem assustar com cenários de terror. 
O medo nunca foi bom conselheiro. Para criar uma alternativa há, antes de mais, que continuar a resistir.
Da situação delicada que vivemos exigiam-se alternativas excepcionais.
Perante esta realidade, o único voto útil é o que afaste do poder os que, com base na mentira, nos têm conduzido a este lamentável caminho de sentido
único.

O meu voto sempre foi à esquerda.
Como cidadão independente, liberto de fidelidades aos aparelhos partidários, disciplina que sempre rejeitei, e como quero distância dos partidos habituados a governar, vou votar útil: na CDU.
O previsível fortalecimento da CDU desmente a declaração antecipada de morte que há muito lhe querem fazer. 
Depois não acredito que só querem ser protesto. 
E, depois, o que me interessa verdadeiramente é a sua capacidade de representar a dignidade de quem resiste e de quem por aqui anda para contribuir para mudar e acabar com isto: que é a merda de sociedade que PS + PSD + CDS conduziram esta velha Nação, depois de passarem pelo poder, sozinhos ou acompanhados, nos últimos cerca de 40 anos.

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