Foto do jogo Naval - Benfica em memória das vítimas da traineira "Nova Leirosa" que naufragou junto à barra. Na foto pode ver-se o internacional José Águas a presentear o filho de uma das vítimas. |
"Segundo números fornecidos pela Direcção da Naval a receita entre os que estiveram no Estádio e aqueles que lá não foram mas adquiriram o seu ingresso rondou os cinco mil euros, num concelho onde existem unidades industriais das maiores da Europa onde existem unidades que facturam milhões por ano, para esses a minha desilusão."
Há muito que não assistia a um jogo de futebol ao vivo. Ontem, porém, fui ver o Naval-Paços de Ferreira a contar para a Taça de Portugal.
A meio da semana passada, quando fui à sede da Naval adquirir o bilhete, tive em atenção o que estava em redor desta partida e não o futebol.
Com o futebol da Naval ando zangado, muito zangado mesmo. Mas, ontem, fui ao desprezado e degradado fui Bento Pessoa.
Pensava que esta jornada de solidariedade faria deslocar muita gente ao futebol.
Desgraçadamente, enganei-me. Na Figueira, nem a solidariedade já é o que foi.
A foto acima, recorda a homenagem aos náufragos da "Nova Leirosa", com a realização de um Naval - Benfica em memória das vítimas desta traineira que, há quase 60 anos, naufragou junto à nossa barra.
Nessa altura, o Bento Pessoa esgotou a lotação e, ontem, foi a desolação que eu senti e o Rogério Neves regista no Marcha do Vapor.
Cerca de seis décadas decorridas, após o fatídico naufrágio da traineira "Nova Leirosa", acidente que marcou gerações de figueirenses para o resto da vida, a tragédia repetiu-se, mais uma vez, roubando a vida a mais cinco homens que procuravam no mar o sustento das suas famílias.
Decorreram cerca de 60 anos. Entretanto, corrigiram-se e revestiram-se de betão as margens do Mondego, fizeram-se e prolongaram-se os molhes, fizeram-se correcções hidráulicas e dragagens várias na barra, destruíu-se a Praia da Figueira, afectou-se as praias a sul do concelho, do Cabedelo à Leirosa. E, no entanto, toda esta destruição de nada valeu aos pescadores que continuam a morrer nesta nossa barra...
A morte de pessoas devia, ao menos, servir para sensibilizar "os poderes locais" para mudar o que tem estado mal na Figueira.
Devia ser tão simples quanto isso. A situação das mortes à entrada desta nossa barra, não se deveria limitar ao registo dos números da morte.
Abomino as pessoas que dizem coisas tão bárbaras e pouco humanistas como as que disse o comandante Nuno Leitão. Questionado sobre o porquê da moto de água apenas ter saído da marina quase uma hora após o naufrágio, já de noite, quando à hora do acidente havia visibilidade, Nuno Leitão respondeu que "foi o tempo necessário para aferir as condições" de actuação dos meios de socorro.
Não aguento tanta mentira e falta de humanismo.
É chocante como as pessoas que ocupam os cargos dizem tanto e fazem o mínimo possível pelos outros.
Comparado com isto, a ausência dos figueirenses ontem do Bento Pessoa, apesar de lamentável, ainda acabou por ser o mal menor em toda esta tragédia, que um dia destes se pode repetir...
A ver pelo que diz o Sr comandante "foi o tempo necessário para aferir as condições"
ResponderEliminarChego á conclusão que na era do gaz canalizado ainda há infelizmente quem afira certas condições a carvão.