"Tudo bem, tudo em ordem?”, pergunta Pedro Passos
Coelho, selando num abraço o encontro com Miguel Relvas. O primeiro-ministro
foi o último a chegar à apresentação do livro O outro lado da governação, de
Relvas e Paulo Júlio, antigo secretário de Estado da Administração Local e da
Reforma Administrativa. Ambos já saíram do Governo há muito tempo. O
ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares por ter confessado
falta de ânimo no turbilhão dos créditos da sua licenciatura na Universidade
Lusófona. O seu antigo secretário de Estado demitiu-se quando foi acusado,
enquanto presidente da Câmara de Penela, de um crime de "prevaricação de
titular de cargo político". Ambos falaram da reforma da administração
local. Entre amigos.
Pelos vistos, Miguel Relvas está de volta...
Com a aproximação das eleições, e com o terreno bem
preparado pelo efeito grego (que jeito dão os gregos, servem a esta gente para
tudo: até para que ninguém fale dos escândalos das privatizações que o Tribunal de Contas denunciou no início da semana...) o espaço do governo tornou-se num
espaço de alta fertilidade. De repente, o governo passou da Idade Média para o
Renascimento. Mas sem nunca largar o obscurantismo!
Os livros - lembram-se - servem para isto. Até Relvas – “vai estudar malandro” – ressuscita num livro.
Atentem na ironia: foi à volta de um livro que se
reuniram as várias testemunhas da ressurreição de Relvas.
“É um convite de um amigo e é muito difícil dizer não a um
amigo”, justificou José Manuel Durão Barroso a sua condição de apresentador da
obra. “A minha presença é um acto pessoal, muito pessoal, entendo que devo
estar aqui e estou”, disse, ao PÚBLICO, a ministra da Justiça, Paula Teixeira
da Cruz. Também o ministro Luís Marques Guedes, que de alguma forma herdou
funções de Relvas no organigrama governamental, esteve presente. Como o
secretário de Estado Sérgio Monteiro, um conviva tardio que ficou em pé, junto
à porta, de um salão de um hotel de cinco estrelas ocupado por cerca de 300
convidados. Ou os secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares e da
Igualdade, Teresa Morais, do Desporto, Emídio Guerreiro, e da Cooperação, Luís
Campos Ferreira. Feitas as contas possíveis, foram estes os membros do
executivo que estiveram presentes.
Entre os deputados da maioria, presença maciça e
diversificada da bancada do PSD. “É um livro, é um testemunho, estou aqui como
amigo, também fui ouvido para a realização do livro”, disse, ao PÚBLICO, Luís
Montenegro. Convidado a um flashback da situação do executivo quando Miguel
Relvas deixou de ser ministro, o líder da bancada laranja admitiu que foram
tempos de dificuldade. “A primeira parte da legislatura foi muito intensa,
penso que o livro não deixa de reflectir isso”, disse.
Relvas, o estratega dos desígnios governamentais, ressuscitou e está de volta. Continua vivo e a andar por aí!..
Tudo gente fina!
ResponderEliminarDurão deu o toque cosmopolita e europeu ao acto.
O autor do livro é um "elogio ao pensamento moderno, livre e pós qualquer coisa".
Brevemente num casino perto de si...