quarta-feira, 22 de julho de 2015

Luís de Melo Biscaia - um Cidadão de corpo inteiro, que vai fazer falta para o combate democrático que temos de continuar a travar

Provavelmente não haverá figueirenses a quem o nome de Luís de Melo Biscaia não transmita um sentimento de verticalidade, de entrega às causas políticas e sociais, de humanidade. Outros, melhor do que eu, estarão em condições de traçar o perfil do Homem solidário, do político, do pedagogo, no sentido em que toda a comunidade beneficiou do seu comportamento, do seu exemplo. E também do advogado, verdadeiramente ao serviço das pessoas. Não posso deixar de manifestar o meu profundo respeito e admiração pelo Homem com quem me cruzei várias vezes por razões profissionais e de serviço público. Dizia sempre o que pensava. A Constituição da República Portuguesa deve-lhe a sua participação. Não foi aliás a única tarefa nacional que desempenhou. Foi também membro do governo de Maria de Lurdes Pintassilgo. Foi um Homem do país, mas foi sobretudo um homem da Figueira, tendo passado pela Câmara Municipal e por diversas instituições de natureza social, desportiva e de serviço. Devotado à causa pública, mantinha até há bem pouco tempo um blogue, nunca se furtando a opinar sobre assuntos de natureza pública, criticando ou aplaudindo e, sobretudo, praticando um sentido de pedagogia que influenciou o comportamento da sociedade. Este Homem, a quem a Figueira tanto deve, enfileira já no virtual “panteão municipal” e faz parte daqueles que “da lei da morte se libertaram”.

Em tempo.
A crónica do eng. Daniel Santos, hoje publicada no jornal AS BEIRAS, constitui uma bela homenagem ao dr. Luís de Melo Biascaia, um dia depois do funeral de uma das ultimas figuras de referência na luta pela Democracia na Figueira que marcaram a minha geração.
Venho do tempo em que  a maioria dos governantes não eram profissionais da política.
Entenda-se: venho do tempo em que os políticos viviam na vida real junto ao Povo.
A Democracia portuguesa  tem que se reformar a sério.
Neste momento, mais do que difícil, tal desiderato assume-se praticamente como utópico!
Venho do tempo em que os valores tinham valor.
Este assunto  – a falta de verdadeiros valores com valor em que vive a sociedade – é sério.
Se não formos capazes, enquanto comunidade democrática e livre, de encontrar modelos de gestão eficazes e honrados dos recursos que são de todos e deveriam estar ao serviço de todos, não nos admiremos que ressurjam os mais desvairados populismos que, em última análise, tenderão a pôr em causa o próprio regime democrático.  
Da cena política internacional à pequena Aldeia, existe gente honrada e competente, que luta por causas nas quais acredita,  imune ao canto de sereia do dinheiro fácil ou do populismo, seja qual for a sua escola.
Esses cidadãos, mesmo que mais não consigam fazer,  não podem deixar de se manter vigilantes e activos, sem confundir o mal com a caramunha, olhando mais longe e presando os valores essenciais de uma sociedade democrática, que resultou do 25 de Abril em Portugal - com Liberdade e Justiça! Paz e Fraternidade! Cooperação e Solidariedade!
Foi este lado do combate democrático que ontem ficou ainda mais fragilizado com o desaparecimento físico do Cidadão Figueirense Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia.

1 comentário:

  1. Caro amigo António.
    Agradeço-lhe a referência que faz à minha modesta crónica sobre o Dr. Melo Biscaia a quem qualifica de "cidadão de corpo inteiro" e destaca "que vai fazer falta para o combate democrático".
    Subscrevo por inteiro, como o felicito pelos textos que lhe dedicou que, espero, sejam lidos e refletidos.
    Na minha opinião, os blogues e as redes sociais devem ser locais de partilha e divulgação de opinião.
    Também nisso o Dr. Melo Biscaia foi um exemplo.
    Que frutifique.
    Um abraço.

    ResponderEliminar

Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.