O fotojornalista Pedro Cruz "transformou" uma
exposição com fotografias da sua autoria sobre a erosão costeira nas praias a
sul da Figueira da Foz num jornal de 16 páginas, que vai ser distribuído
gratuitamente a partir de segunda-feira.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Cruz, 27 anos,
fotojornalista há quatro anos, disse que a ideia de fazer a exposição em
formato de jornal resultou de querer chegar "a mais pessoas" do que
os eventuais visitantes de uma mostra estática.
"Vão ser 500 jornais distribuídos gratuitamente em
quiosques e cafés. E junto deles vai estar uma caixa para donativos, porque a
ideia é a de que os 500 jornais possam resultar em 500 árvores para reflorestar
a duna que está a ser reconstruída", afirmou Pedro Cruz.
"Com o jornal, tenho a certeza que 500 pessoas vão ver
o trabalho, porque é o tema [da erosão costeira] que me interessa. Não sei se
500 pessoas iriam a uma exposição", acrescentou.
A exposição Alerta Costeiro 14/15 chegou a estar agendada,
em janeiro, para a freguesia de São Pedro, Figueira da Foz, de onde o
fotojornalista é natural, mas foi cancelada depois de o presidente da junta se
ter oposto a uma fotografia que mostrava diversos políticos, entre os quais o
ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, o presidente da Câmara local,
João Ataíde, e o anterior autarca local que se demitiu na sequência de
irregularidades detectadas na sua gestão.
A foto em causa ocupa as páginas centrais da publicação a
que a agência Lusa teve acesso e junta-se a outras 22, todas a preto e branco,
captadas por Pedro Cruz nos invernos de 2014 e 2015.
As fotografias, que retratam "a realidade costeira da
freguesia de São Pedro nos últimos dois anos" são acompanhadas por frases
como "Alerta Costeiro 14/15 é mais uma sensibilização a quem de
direito" ou uma outra que lembra a exposição cancelada, depois de o
fotojornalista "não ter cedido ao pedido do presidente da junta (...) para
retirar uma fotografia da sua narrativa fotográfica".
Na última página, o autor apela à "missão" de
reflorestar a zona afectada - que está a ser alvo de obras de recuperação
promovidas pelo Ministério do Ambiente - pedindo o "contributo" dos
leitores e alertando os mais jovens para a erosão costeira, "um problema
actual que, dada a sua natureza, corre o risco de ser o mesmo no futuro".
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