Se as águas do meu mar, quase sempre
belo e sereno, conseguem devastar uma duna, porque é que hei-de
calar a revolta que tal facto me provoca, principalmente porque isso
se deve, em grande parte, ao desleixo e à negligência de muita boa
gente, pretensamente grada, que por ai se anda a pavonear.
Eu sei que dificilmente as águas de um
rio, mesmo bravas e rebeldes, conseguem arrancar um penedo à margem.
Contudo, apesar do penedo poder estar
firmemente incrustado no solo, dando a ideia que dali só sairá
havendo fractura no chão onde assenta, por vezes é possível as
águas soltarem o penedo.
Não é fácil, mas acontece. Apesar de
nem as águas nem o penedo terem vontade própria.
As águas, desde sempre, correm naturalmente pelos
declives dos terrenos, ajustando-se aos caminhos que forem
conseguindo abrir.
Os penedos, em princípio,
devem permanecer firmes e sem se mexerem.
Todavia, apesar da água, dada a sua
natureza, parecer que não pode mexer o penedo, afigurando-se, por
conseguinte, improvável que o penedo venha a ser movido da sua zona
de conforto, as águas vão passando pelo
penedo, acariciam-no, lavam-no, refrescam-no e prosseguem o seu
percurso, que é sempre por onde houver aberturas, inclinações e
outras condições de caminhar.
Mas, as águas, nunca passam sem levar
qualquer coisa daquilo em que tocaram no penedo - nem que seja
areia...
Por isso, o penedo, depois da passagem
da água, jamais ficará como era antes. Mesmo considerando que é um penedo, a sua resistência é uma ilusão.
Daí, pensar que vale a pena continuar
a acreditar que ainda existe a possibilidade de a ganância não conseguir dar cabo disto tudo!..
Reclamar e exigir segurança para os nossos bens e as nossas vidas, implica um compromisso com a dignidade que queremos para estas e o respeito que preconizamos para todos.
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