Tive essa experiência - entre 2010 e 2012 - e não foi fácil.
Faltava-me
o mar, os cheiros, o linguajar... Sobretudo, faltava-me este meu
povo, pouco culto, crédulo, com mau gosto nas escolhas políticas,
malcriado, desconfiado, mas do qual sinto a falta quando estou no
meio de gente culta...
Enquanto
povo e enquanto Aldeia, temos o que merecemos. Porque
somos preguiçosos, subservientes, oportunistas, pouco instruídos,
incultos - mas, sobretudo, manhosos...
Eu
sei o que a maioria pensa: esta vida são dois dias e não vale a pena chatear e criar inimigos.
Preferimos
viver com a espinha dobrada, a ter de abdicar de sentar o cagueiro
numa festarola no parque das merendas, mesmo que seja de propaganda partidária,
para comer um naco de carne do porco assado no espeto com um pedaço
de pão e emborcar uns copos de tinto...
Claro
que a carapuça não serve a todos. Ainda existem uns poucos que têm
tido a coragem cívica e o bom senso de resistir...
Não
é fácil...
Fácil,
é pegar na primeira esferográfica e votar onde lhe for
“aconselhado”.
Lá
para finais de setembro próximo teremos eleições na Aldeia. Espero
e desejo que na próxima campanha política os candidatos falem
claro, sobretudo, dos projectos que têm para a Aldeia.
Espero
que esqueçam os discursos políticos.
Exigem-se
compromissos claros e exequíveis, próprios de gente que esteja
inequivocamente ao nosso lado e na primeira linha da defesa da
Aldeia.
Que
não voltem a acontecer casos como o da habitação social: numa
Terra virada para o turismo -
de praias e sol -, na governação de Santana Lopes e Duarte Silva, dimensionou-se exageradamente a construção de habitação
social numa Aldeia situada à beira-mar, sem qualquer estudo e medidas adequadas para a
devida inserção social dos novos habitantes na Aldeia. Isso, como sabemos, condiciona o nosso presente e vai ter efeitos no futuro...
Todos
sabemos o que pensam os possíveis futuros investidores, actuais comerciantes e veraneantes...
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