Uma entrevista exemplar, comentada por Sérgio de Almeida Correia, no
Delito de Opinião. Fica uma passagem. Para ler mais, clicar aqui:
“... graças a essa entrevista, pela primeira vez, pude
compreender o verdadeiro alcance do pensamento barrosista e a forma como a
cartilha maoísta se entranhou no espírito do ainda presidente da Comissão
Europeia. Repare-se que a clareza, tantas vezes ausente do discurso de Durão
Barroso, esteve agora insofismavelmente presente.
Clareza na forma como fazendo apelo ao interesse nacional -
o mesmo que o levou a negociar a sua ida para Bruxelas depois de dias antes ter
desmentido com toda a convicção que estivesse de partida ou interessado no
lugar, manifestando inclusivamente na ocasião a sua intenção de levar o mandato
em que fora investido até ao fim -, afirma a necessidade do próximo Presidente
da República ser mais um fruto da trapalhada ideológica e da vacuidade em que
medram os partidos do centrão. Estão lá tudo e todos, incluindo o apelo a essa
desgraça chamada consenso, espécie de mistura de águas e detritos de variadas
origens que conduziu a democracia portuguesa, formalmente inquestionável, à
substantiva podridão actual.
Clareza também na afirmação de que não tem qualquer intenção
de ser candidato às presidenciais, o que deve merecer tanta credibilidade
quanto as declarações de Passos Coelho em campanha eleitoral sobre os cortes
dos subsídios de férias e de Natal, a defesa do Serviço Nacional de Saúde, a
reforma do Estado ou a redução défice pelo lado da despesa. Ou, se quiserem,
colocando as coisas no seu devido lugar, dou-lhe o mesmo valor que às prédicas
semanais de putativos candidatos presidenciais e ex-primeiros-ministros em
final de sabática.”
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