Zé Penicheiro nasceu na aldeia beirã de Candosa, Tábua, mas
a partir dos 2 anos passa a viver na Figueira da Foz.
Em 30 de Junho de 1978, em entrevista que na altura deu ao
semanário “barca nova” dizia o artista: “ter nascido em Candosa foi um mero
acidente. Considero-me figueirense de raiz, tão novo para aqui vim”.
Filho de um carpinteiro, de ascendência humilde, portanto,
as dificuldades económicas impossibilitam-no de seguir qualquer curso de Artes
Plásticas ou Belas Artes.
Como habilitações literárias “tenho apenas um diploma
oficial: o da instrução primária. Frequentei é certo a Escola Comercial e a Academia
Figueirense, mas quedei-me por aí, pela curta frequência. Tenho é uma larga
experiência da Universidade da Rua, onde aprendi tudo quanto sei e onde conheci
as figuras que têm inspirado toda a minha obra”, disse ainda Zé Penicheiro em
discurso directo, em 1978, ao extinto semanário figueirense citado acima.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e
ilustrador.
Colabora em diversas publicações: jornais do Porto, Lisboa e
província, "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os
Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" “barca nova” e
outros, publicam os seus "cartoons" de humor.
Criador duma expressão plástica original, que denomina de
"Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições, nesta
modalidade, a partir de 1948.
António Augusto Menano, Poeta e Escritor Figueirense, em
artigo publicado em 18 de Outubro de 2001, no jornal Linha do Oeste traça um
esboço escrito sobre o Zé:
“A arte é indivisível de quem a produz, da acção do artista,
da sua invenção criadora. A obra de Zé Penicheiro, a sua forma, o modo como se
desenvolve artisticamente, traduz o seu diálogo com a matéria”.
E mais adiante: “Zé Penicheiro é memoralista, um moralista,
um comprometido. Faz-nos recordar tipos arquétipos de actividades quase
desaparecidas numa escrita sobre a pureza estética, que estará patente em toda
a sua obra. Compromete-se, está ao lado dos mais fracos, do povo, retrata-os,
mostra-os como se de uma “missão” se tratasse, obrigação profunda de retorno às
raízes, outra forma de pintar a saudade”.
“Mas a arte de Zé Penicheiro não esquece o lugar. Os
lugares: a infância, as praias, as planícies, as serras, e as cidades da sua
vida, “diálogo” de que têm surgido algumas das sua melhores obras.
Nesta sociedade pós industrial, da informática e do virtual,
Zé Penicheiro mantém-se fiel aos seus “calos”, que está na base de um percurso
tão “sui generis”.
Zé Penicheiro, a Universidade da Rua na origem de um
Artista.
Os bonecos, o nanquim, o guache, o óleo – uma vida inteira a
retratar as alegrias e tristezas de um povo admirável.
Que é o nosso!
Zé Penicheiro faleceu ontem. Mas a sua obra continua...
História quase completa, Agostinho, mas bem contada.
ResponderEliminarGostava do Zé.
Partilho.
Abraço
Mérito reconhecido.
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