quarta-feira, 26 de março de 2014

Assim a vida passa vagarosa: O presente, a aspirar sempre ao futuro: O futuro, uma sombra mentirosa.

“Das coisas mais difíceis que há na vida é prever o futuro, dizia Miguel Torga em 1948 no “Diário”. A afirmação é evidente. Serve para qualquer um de nós - para a cidade ou país onde vivemos ou até este planeta onde partilhamos este mundo globalizado que criámos.
Embora “nem possa ter a certeza dos processos nem a verificação dos fins”, como refere Pessoa, no “Livro do desassossego”, posso ao menos definir objectivos para, caminhando, para eles ir criando o caminho.
O que não posso nem devo, enquanto responsável político, é limitar-me a gerir a res pública de uma forma avulsa, condicionado à obrigação de tratar o lixo, limpar a cidade e pouco mais. Ou condicionar-me a actos avulsos de celebração cultural, mais popular ou mais erudita, permitindo carnavais sem identidade ou satisfazer-me com iniciativas sem enquadramento num plano de futuro.
A Figueira, cuja actividade portuária foi importantíssima nos séculos XVII e XVIII, que teve uma incomparável actividade turística dos finais do século XIX e até meados do século XX, adormecida por tão notáveis êxitos, acabou por não definir novos objectivos, terminados os anos de ouro. Se “o caminho se faz caminhando”, não é menos verdade que não chegaremos onde não sabemos para onde ir.
Talvez que o facto de termos agora um responsável regional possa ajudar a definir objectivos através das sinergias que potenciem todos e cada um dos concelhos da nova CIM. E que, na falta de recursos, ao menos se consagre no planeamento regional e local os objectivos que verdadeiramente merecem a região e o concelho.”

Em tempo.
O texto é do Eng. Daniel Santos, e foi sacado à edição impressa do jornal AS BEIRAS.
O título é do Poeta Antero de Quental (“Sonetos” 1860-62) e é uma escolha do autor do Outra Margem.

1 comentário:

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