“Analisando
o comportamento actual dos partidos, a questão da ideologia interessa-lhes cada
vez menos. O que conta é o interesse do grupo, como se de uma simples
competição se tratasse. Faz sentido que entre os partidos que concorrem aos
órgãos autárquicos, haja uma linha tão forte que os divide, quando todos
prometeram defender os interesses do seu concelho?
Não
há muitos anos, na Figueira da Foz, com o Presidente Aguiar de Carvalho foi possível
juntar no executivo representantes de várias tendências partidárias e não me consta
que o concelho tenha perdido
com a solução.
Será
que os responsáveis não entendem que a sua função é a de gerir o melhor possível
o concelho e isso se faz também considerando as diferenças de opinião,
sobretudo quando a maioria representa uma parte tão ínfima do eleitorado?
A
recente experiência do movimento Figueira 100% é exemplo da forma como os
partidos encaram esta situação. A única tentativa de aproximação colocada pelo partido
vencedor foi a de que poderia haver “um lugar” para o movimento! Nunca os
vencedores estiveram preocupados em discutir os programas, com vista a um
entendimento.
Não
fora o sentido de responsabilidade dos seus representantes, completamente ao
arrepio do comportamento tradicional dos partidos, e a Figueira teria decerto
saído prejudicada.”
* O título é de Gilles Deleuze.
O texto é do eng. Daniel Santos, e constitui parte da crónica “Esquerda, Direita”, hoje publicada no jornal AS BEIRAS.
O texto é do eng. Daniel Santos, e constitui parte da crónica “Esquerda, Direita”, hoje publicada no jornal AS BEIRAS.
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