sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Doutor Nobre...

Fernando Nobre andou meses a fazer campanha eleitoral para a presidência da república, jurando aos portugueses que estava acima dos partidos. 
Depois, como se lembram, foi o cabeça de lista do PSD por Lisboa e candidato a presidente da AR se o PSD vencesse as eleições, como aliás aconteceu.
Não precisávamos de Fernando Nobre para nos confirmar que a política em Portugal, hoje em dia, é uma obscenidade, um jogo de interesses obscuros, onde está aberto o campo a todo o tipo de oportunismos.
Depois, todos nos recordamos do que aconteceu: o chumbo de Fernando Nobre para presidente da AR, do meu ponto de vista um favor que o PS fez ao PSD (mais um): se tivesse seguido a tradição e eleito o candidato do partido maioritário na AR, cumpria um preceito estabelecido, forçava uma fricção entre o CDS e o PSD e ainda nos estaríamos a  divertir com o mais inábil presidente da AR da história parlamentar.
Fernando Nobre seria sempre um embaraço para o PSD.
“Estou em período de reflexão, mas acho que é extemporâneo e precipitado”, disse Nobre em relação a uma possível corrida a Belém nas próximas eleições presidenciais, que acontecem em 2016.
“Com toda a humildade, até hoje, eu fui o único candidato presidencial verdadeiramente independente neste país. E fico-me por aqui”, rematou ele.
E eu deixo ao senhor doutor Nobre, apenas, e mais uma vez, esta pergunta: o que leva Fernando Nobre a expor-se a estas tristes figuras?..

1 comentário:

  1. Caro António:
    Apoiei a candidatura do Dr. Fernando Nobre às eleições presidenciais porque, para mim, naquelas circunstâncias, ele representava a esperança da diferença. Não porque se tratava de um independente (cidadão que se preza e tem opinião não é independente, pode é não rever-se no comportamento dos partidos disponíveis.
    Porém, não imaginei nunca vê-lo depois candidatar-se como o fez, em representação de um partido que representa comportamentos que ele próprio criticou. Isto, para além do comportamento errático que adveio de ter aceite apoiar forças políticas de àreas ideológicas tão diferentes e até antagónicas.
    Apoiei-o, repito, na prespectiva, não do que era, mas do que representava: o exercício desinteressado da cidadania ao serviço do povo.
    Mas, pior do que ter aceite candidatar-se pelo PSD,o Dr. Fernando Nobre, com a sua atitute matou (definitivamente?) a esperança dos portugueses que passaram a poder invocar mais razões para se afastarem do que lhes pertence: o direito a acreditar em alguém com capacidade, desligado de quaisquer tipo de interesses que não sejam o de defender os interesses dos portugueses de forma firme, justa e desinteressada.
    Nunca correrei o risco de assumir decisões irrevogáveis, mas de uma coisa estou certo: nunca mais votarei no Dr. Fernando Nobre. Não por aquilo que possa valer como cidadão e profissional, mas pelo facto de ter retirado a esperança aos portugueses.
    Pode ter tomado as atitudes que tomou por razões de ingenuidade, mas nada justifica que insista no erro.
    Todo erramos. O mal é não aprender com os erros e não alterar os comportamentos de acordo com o nosso carácter.
    "É, pois, falso dizer que na vida «decidem as circunstâncias». Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter."

    Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

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