É uma da tarde e estamos numa sala reservada num hotel em
Pequim.
Lá fora, numa avenida de dez faixas e 40 km de comprimento,
alguns dos 20 milhões de habitantes da cidade passam em carros, autocarros,
bicicletas e pequenas motorizadas, num trânsito intenso e confuso.
Cá dentro, o presidente da EDP fala do país, da empresa, e
do maior accionista, os chineses da China Three Gorges.
António Mexia conhece a cidade: vem aqui com alguma
frequência desde o final de 2011, quando a empresa dona da maior barragem do
mundo entrou no capital da EDP. Os 21,35% vendidos pelo Estado Português a uma
empresa controlada pelo Estado Chinês renderam 2700 milhões de euros aos cofres
públicos e deram um enorme fôlego financeiro à EDP.
Mas a conversa, neste hotel próximo da praça de Tiananmen,
não começou por aí. Começou pelo país.
Ver e ouvir o vídeo. “A Constituição tem de ter em conta as condições do mercado”!..
No fundo, o que interessava verdadeiramente a esta gente, era
não haver Leis nem Tribunais, a não ser as leis necessárias e os tribunais necessários
para fazer o que eles desejavam...
Que moral é que um tipo que ganha 6400 salários mínimos tem para falar em direitos que a
economia é capaz de suportar?
São 6400 salários mínimos suportados com o meu dinheiro e de todos os
clientes da EDP.
Estará Mexia disposto a mexer nos seus direitos por forma
a aliviar a factura dos seus clientes? Ou, estará disposto a mexer
naquelas tais rendas, apelidadas de excessivas, que a EDP recebe, e que a
Troika havia mandado rever?
Resta-me acreditar que o Tribunal Constitucional vai continuar a
defender a Constituição...
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