sexta-feira, 2 de agosto de 2013

E o país foi de carrinho…

Joaquim Pais Jorge, segundo a  revista Visão, actual secretário de
Estado do Tesouro, tentou vender ao Executivo de José Sócrates, em
nome do Citigroup, três contratos de 'swap' para  "melhorar" 

o aspecto das contas públicas
Excluindo todos os outros, há três grandes escândalos que custaram uma quantia exorbitante ao país e que podem ter destruído uma geração em termos de riqueza. São eles a nacionalização de uma fraude chamada BPN, os contratos criminosos sob forma de parcerias público-privadas e os contratos swap. Todos eles são diferentes, mas há um ponto que os une: em nenhum caso foram apuradas responsabilidades políticas e os portugueses assistem a um patético arremesso de culpas entre os partidos, com autênticas manobras de diversão para no fim sair tudo ileso.
Mas a verdade é que o poder permitiu a fraude do BPN, quando todo o mundo dizia, à boca pequena, que ali só podia haver treta. Eu ainda andava na escola quando comecei a ouvir falar nos estranhos negócios do BPN. Nunca nada foi investigado, nunca a supervisão fez nada. Responsabilidades? De ninguém.
Depois o banco foi nacionalizado. O banco não, a fraude. Nacionalizou-se uma fraude, um crime financeiro. Não foi um banco. Responsabilidades? De ninguém.
Já as parcerias público-privadas podem, em teoria, ser boas. Mas na prática, o Estado português celebrou contratos ruinosos para si e que só podem esconder corrupção da mais grossa, pois ninguém é suficientemente incompetente para assinar aquilo. Os contratos existem, tanto os originais como as renegociações, as assinaturas estão lá, as decisões são públicas. Responsabilidades? De ninguém.
Os swaps são de alto risco, são contratos perigosos que podem trazer graves prejuízos. Mas foram feitos, em empresas com dívidas astronómicas. Sozinhos, meia dúzia de gestores públicos tiveram o poder de endividar gravemente os contribuintes. Bastou um par de assinaturas para pôr o país no prego. Depois, quem veio a seguir diz que não teve informação ou teve mas não era suficiente, certo é que demorou muito tempo a enfrentar o caso, sobretudo quando conhecia o assunto por experiência pessoal. Responsabilidades? De ninguém. Nem dos gestores que assinaram, nem do Governo que autorizou nem do Governo que esperou.

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