“Se as pessoas tivessem ideia da forma como estão em
permanência a ser roubadas não só ia ter manchetes todos os dias como íamos ter
revoluções todos os dias. O chumbo de quatro normas do Orçamento pelo Tribunal
Constitucional terá representado um buraco de mil milhões de euros. Isso foi só
o que o Estado português pagou a mais pelas PPP rodoviárias num ano. Nem foi o
que pagou, foi o que pagou a mais”.
O vice-presidente da Transparência e Integridade diz que um
de quatro políticos foi corrupto no caso dos submarinos
A entrevista era para ter sido feito às 11h do dia seguinte,
mas Paulo Morais teve de mudar os planos por mais uma vez ter sido chamado como
testemunha num processo. É assim desde que se tornou uma das principais vozes
contra a corrupção em Portugal. Vice-presidente da Associação Transparência e
Integridade - pela qual não recebe nada, nem sequer ajudas às deslocações -
lançou há uma semana o livro "Da Corrupção à Crise". Já perdeu a
conta às chamadas que recebeu de políticos indignados com o que diz. Às vezes,
desliga-lhes o telefone.
Para ler a entrevista, clicar aqui.
Mas, "há políticos honestos?"
"Há, claro que há. Eles dividem-se em três grupos: os corruptos são uma minoria - serão 10% e 15% - só que é uma minoria que manda na maioria do dinheiro. Depois, há do outro lado da vida pública, um pequeno grupo de resistentes. No meio há uma quantidade imensa de cúmplices que são medrosos, têm medo de perder as poucas migalhas que têm pelo facto de serem políticos. Dá um estatuto social nalguns locais, uns bilhetes para o cinema e para o teatro, consegue-se mais depressa fazer obras na casa da sogra."
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