sexta-feira, 22 de março de 2013

Óscar Lopes


Morreu Óscar Lopes. Não sei se na secretaria de Estado da Cultura o conhecem. É provável que nas próximas horas lhe dediquem as costumeiras linhas apesar de Lopes não ser um "evento" ou um sapato gigante enfiado numa sala. Há uns anos, numa feira do livro em Cascais, arranjei o "par" que me faltava dos seus livros de ensaios editados pela Inova, do Porto, Ler e Depois. O outro intitula-se Modo de Ler". Ler e Depois foi publicado em 1969. Ou seja, em pleno "fascismo". Lopes nunca escondeu a sua "formação" ideológica (marxista) mas nunca fica diminuída a escrita. Pelo contrário, lêem-se referências a autores que só nas décadas seguintes surgiram sob o signo de "grandes referências". Ou de outros, como Heidegger, cujo "modo de ler" de Óscar Lopes ajuda a compreender mesmo através de demoradas e perspicazes notas "de pé de página". Lopes era irmão de Mécia, a mulher de Jorge de Sena, que, para felicidade dela, ainda reside nos Estados Unidos. Com António José Saraiva escreveu a mais reeditada História da Literatura Portuguesa. Dividiram bem o trabalho e, dos dois, há uma recolha relativamente recente da correspondência. O seu desparecimento é mais um no lastro de perda em que mergulhámos enquanto "cultura" e sociedade. As coisas são o que são.

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