Entretanto, as coisas foram mudando. A chamada vida moderna
trouxe transformações profundas. Dos
hábitos coloquiais, vividos à volta da mesa do café, acabámos por chegar às patéticas práticas de vida individualista e
solitária dos dias que correm.
Hoje, nos balcões dos cafés, e não nas mesas, mulheres e homens, limitam-se a engolir, o mais rápido possível, tostas
mistas, sandes de ovo com alface, pastéis de bacalhau, folhados - a chamada comida rápida que apenas serve para
enganar o estomago, acompanhada de uma bebida ou de um café.
As poucas palavras
são para a empregada ou o empregado, para fazer o pedido e, antes de se irem
embora, pedir a conta.
Sem capacidade de resistir a esta desumana forma de vida, grande
parte dos cafés da Figueira, mesmo os mais históricos, foram ao longo dos últimos
anos encerrando as portas.
Hoje, chegou a vez do velho café Nau, um espaço que, nos anos exaltantes do prec
fervilhava de vida.
A partir da segunda
metade dos anos setenta, tive o prazer de conviver, nas mesas do café
Nau, na minha opinião, com a nata da
inteligência figueirense de então – Joaquim Namorado, Mário Neto, António
Alves, Cerqueira da Rocha, José Martins, Gilberto Vasco, etc. …
Sou, em muito, um produto desses convívios nas mesas da velha
Nau, com a “malta” que pensava e fazia o
Barca Nova, jornal onde comecei a dar os primeiros e titubeantes passos no
mundo fascinante da escrita…
Tb fui frequentadora do tão distinto café. Principalmente nas longas noites de verão, onde os lugares na esplanadas esgotavam. Qdo queriamos encontrar amigos ou alguém para conversar era para lá que nos dirigiamos. É pena deixar de haver estes lugares, onde a descompreção do dia a dia era partilhada e o regresso a casa era mais saudável. Infelizmente isto tem vindo a acontecer por todas as cidades, vilas e aldeias..
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