Crónica de uma morte anunciada… “A da morte anunciada de «O Figueirense» para 28 de dezembro!”
Pode lê-la, pela pena de Joaquim Gil, Director...
Razão – mais uma vez na pena do Director: “a razão que me foi transmitida foi de natureza financeira. E eu só posso acreditar e só tenho razões para acreditar que a razão é financeira e, como sempre referi à administração, os números são números, não os discuto.
Mas que outra razão poderia ser?
Se acaso fosse a linha editorial, se se quiser, a linha dos meus editoriais, então teria bastado um sinal, um simples sinal, para que eu saísse espontânea, leal e imediatamente pela porta por onde entrei. Eu ando sempre com as chaves do carro no bolso…
Se acaso fossem as eleições autárquicas que por aí vêm, eu teria lembrado que passei por três eleições sem uma nota de reparo, nomeadamente nas autárquicas de há três anos, com elogio de ganhadores e perdedores e até público louvor de um dirigente distrital do Bloco.
Quero aliás referir aqui, expressa e formalmente, que eu só tenho uma agenda, qual seja, no plano jornalístico, a dos leitores e, como diretor, a do acionista.
Por isso, ao contrário do que me foi sugerido e até recomendado, me mantive afastado dos poderes vários, do convívio e dos afetos – exceto daqueles que já eram os meus, pois sou de fidelidades e da lealdade! – que um dia, inevitável e inelutavelmente, cobram ou, pelo menos, condicionam.
Agora, sim, vou andar por aí livre como o passarinho a que abriram a porta da gaiola…
As razões deste encerramento só podem ser, pois, as financeiras.”
A imprensa regional - e não é de hoje - vive dias difíceis.
(Por experiência própria, sei do que escrevo e sei o que sente neste momento o meu Amigo Jorge Lemos e restantes pessoas ligadas ao O Figueirense, a quem endereço uma palavra de solidariedade, pois estive ligado a dois projectos figueirenses que tiveram de encerrar por dificuldades económicas: Barca Nova e Linha do Oeste.)
Mas, infelizmente, O Figueirense não irá ser caso único, nos próximos tempos, na imprensa regional. Às dificuldades que já vinham do passado, a crise económica e a perda de hábitos de leitura das novas gerações fizeram o resto em 2012.
Contudo, a crise agravou-se desde que o Estado praticamente acabou com a distribuição da publicidade institucional pelos jornais regionais, como sabemos um suporte financeiro importante para a sua sobrevivência. As dificuldades em cobrar as assinaturas, menos publicidade ou publicidade mais barata e menos apoios do Estado, através da abolição do porte pago, o que levou ao aumento dos custos de distribuição, explica o resto.
Entretanto, os jornais reagiram, pensando apenas no presente: despediram jornalistas e prescindiram de colaboradores, imprimiram menos páginas, passaram a usar papel mais barato e, alguns, chegaram mesmo a mudar a periodicidade.
Resultado: os jornais tornaram-se mais pequenos, menos interessantes e pluralistas e, por consequência, perderam capacidade competitiva num mercado cada vez exigente e concorrencional.
A perda de títulos regionais é uma realidade em Portugal. O Figueirense é, apenas, a próxima vítima de que tenho conhecimento.
Não gosto da notícia, como é óbvio, porque a perda de um jornal resulta sempre num empobrecimento para o público a que se destina, mas gosto da forma como analisas mais este encerramento na imprensa regional.
ResponderEliminarEste é o país onde se acredita que o desenvolvimento será sustentado em empresas de grande dimensão, pagando salários baixos e diminuindo as condições de trabalho.
Portanto, a atitude para com a imprensa regional não poderia diferir daquela que é adotada face às micro e pequenas empresas...
Da parte dos empresários é que houve um grande logro - em primeiro lugar, pensaram que o patronato pode viver todo da mesma forma e, depois, não perceberam que, se não fornecem um produto com as características que são do agrado do cliente, perdem-no. Mesmo que jurem a pés juntos que aquilo é a mesmíssima coisa...
Caro Amigo, "apenas" um sentido obrigado!
ResponderEliminarAbraço