domingo, 7 de outubro de 2012

O truque de Seguro...

"A redução de deputados, proposta por Seguro, é aquilo que se pode chamar um prémio para o prevaricador. Aproveitando o enorme desapontamento dos portugueses com os políticos, os partidos do centrão - que mais responsabilidades têm por esse desapontamento - pretendem garantir o quase monopólio da representação parlamentar, livrando-se de concorrentes à esquerda e à direita. É o dois em um. Isto, graças ao ambiente de desconfiança que eles próprios criaram. Uma boa lição para quem acha que o "combate aos políticos" é um bom caminho. Os do costume agradecem. Acrescente-se uma nota: não deixa de ser curioso que, num momento em que cada vez mais gente pede entendimentos à esquerda, Seguro escolha uma proposta que tem como principal alvo os partidos à sua esquerda. Sectários há-os em todo o lado. E nunca duvidei que Seguro, mais interessado em blocos centrais, fosse um deles."
Daniel Oliveira

4 comentários:

  1. É bom não esquecer que o PCTP-MRPP, com 62.683 votos a nível nacional nas últimas eleições, não consegue eleger qualquer deputado e que ao PSD bastam 39.321 votos para eleger dois deputados em Bragança.

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  2. Esta posição, de redução do número de deputados, encontra eco em diferentes cantos. Tanto entre os dois maiores partidos, que vêem estas alterações como forma de cimentar o seu poder e deitar alcatrão quente sobre não só os outros partidos com representação parlamentar, mas todos os outros partidos e movimentos que constem no boletim de voto. Como entre aqueles que achando que os dinheiros públicos são esbanjados com os deputados, que os seus salários (inflacionados) e suas regalias têm um enorme peso no Orçamento do Estado, e que portanto uma solução seria reduzir o número de deputados. Esta última facção terá em conta o que essa redução implicará sobre o pluralismo na AR? De tanto criticar os políticos e partidos entenderá que a redução do número de deputados vem precisamente favorecer os partidos que criam a ilusão que “todos os partidos são iguais” e “todos os políticos corruptos”? Será a proposta do Seguro uma tentativa de agradar esta corrente populista?

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  3. António José Seguro demonstra a sua cultura política de “jota do centrão”. As pessoas que sofrem, as que vivem na miséria, não contam um chavo. Estima que não votem. O que é importante é fazer as contas aos eleitos, para ver se ganha a concelhia… perdão… o governo. Seguro trata o país como se fosse um daqueles magníficos congressos do PS. Como se os problemas do país se resolvessem com caciques e entendimentos entre facções. Mas que não se duvide que o golpe está em curso e que esta é uma cultura política em que Passos Coelho também se movimenta à vontade.

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  4. Gostava de agradecer ao PS por, num golpe de rins, ter removido das noticias os impostos e a austeridade. Numa altura destas, onde a pressão sobre o governo estava a ser enorme, António José Seguro avança com o tema da redução de deputados e aliviando assim essa carga até ao Orçamento de Estado. Este bloco central, contrariando o que alguns tentam impingir, está em forma.

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