Mas, confesso, perturba-me esta história, que nos querem impingir, dos partidos da governação, os chamados “partidos do arco do poder”, leia-se PS, PSD e CDS.
A ver se nos entendemos: os auto intitulados partidos do "arco do poder" explicam-nos que devemos continuar a votar neles porque são eles que têm governado o país, e votar noutros partidos é um voto desperdiçado, sem utilidade.
Nós chegámos onde chegámos, porque estes partidos nos governaram de tal forma mal que voltámos a estender a mão ao FMI (pela terceira vez desde que nos governam), mas devemos voltar a votar neles porque são eles que nos têm governado e que estão em melhores condições de o continuar a fazer.
Simples: na sua douta opinião, os portugueses devem votar nas mesmas políticas que nos levaram ao actual buraco, porque são precisamente elas que nos vão voltar a fazer sair dele!..
Este “arco”, “da governação” ou da “governabilidade” – que
sendo conceitos diferentes tendem a ser amalgamados no mais extremista –
pretende estabelecer a fronteira intransponível entre os partidos agraciados
com o poder de governar e os outros, ditos de “contestação” e que servirão para
assegurar o pluralismo formal assim se respeitando, para descanso das
consciências, o funcionamento da democracia.
Percorrendo este caminho autoritário, os políticos que
mandam enchem a boca com a palavra democracia, aviltando a democracia.
Pelos resultados concretos obtidos nos últimos 37 anos,
quanto a mim, que como já escrevi e repito, não percebo nada de política, mais
do que partidos da governação, PS, PSD e CDS foram e são, partidos da
desgovernação.
O que divide os blocos que formam o “arco”?
As designações, os passados, divergências tácticas dependendo
das situações de governo e oposição.
O que os une?
O sistema de alternância e de convergência governamental
quando esta é necessária, a subserviência em relação às “leis do mercado” e a
prática económica e política neoliberal, realidade cada vez mais óbvia quando
observamos como a austeridade, uma política intocável independentemente dos
rótulos de quem governa, vai liquidando os Estados Sociais, ou o que deles
resta.
Este é o “arco da governação” ou da “governabilidade”.
Conclusão e moral da história para os portugueses (se é que
esta história tem moral!...): quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga…
Para mim, que repito e confesso, não percebo nada de
política, o “arco” “da governação” ou “da governabilidade” não passa de uma versão mitigada da mentalidade de partido
único.
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