Rua da República. Foto de Pedro Agostinho Cruz |
Sempre gostei de viver e trabalhar na Figueira. Porventura, por receio, comodismo, mas, sobretudo por gosto genuíno em viver aqui.
Sinto, porém, nesta altura, que a Figueira está sem chama. Os figueirenses, parecem-me desiludidos, resignados e cansados.
Sem surpresa, com a ausência as amizades foram-se deslassando, a paciência diminuiu, os poucos contactos que vou mantendo são agradáveis, mas fungíveis.
Eu, é claro, também mudei. Cansei-me de fogachos e decepções, tornei-me mais reticente e recluso.
Por outro lado, a minha Figueira, a cidade junto ao rio, desde a estação da CP ao Bairro Novo, é cada vez menos a minha cidade.
Fecharam as salas de cinema – já há alguns o Parque Cine e, mais recentemente, o Casino. Encerram frequentemente comércios – grandes armazéns, livrarias, cafés, sapatarias, mercearias, restaurantes. As pessoas deixaram de habitar as casas cada vez mais degradadas. Ardeu a sede da Naval… As sedes do Ginásio e do Sporting deixaram de ser na Rua dos Combatentes…
Começa a ser-me praticamente indiferente ir à Figueira ou a qualquer outra cidade.
Não tenciono, é claro, deixar de ir à Figueira sempre que tenha disponibilidade. Todavia, pela primeira vez, sinto que podia deixar de ir...
Acreditem que é triste, quando damos conta que a nossa cidade não nos faz assim tanta falta.
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