foto Pedro Cruz
o amor não somos nós que o temos
é-nos dado
o amor não somos nós que o temos
é-nos dado
muito antes
de termos nascido
talvez
verdadeiro autêntico
como o
encontro do mar e da luz
depois muito depois
quando os
teus braços os teus seios
chegaram até
mim
já estavam
perdidos
já não
existiam
o meu rosto
deformado atroz
já não te
podia olhar
mas os meus
olhos esses sim
ainda te
viam como antes
como tu eras
quando não existias
só os meus
olhos
só os meus
olhos
as mãos essas
sem dedos
esfoladas esfaceladas
de tanto
esperar
nunca te
encontraram
e na grande planície do medo
ficavas
tu que não existias
o meu
corpo belo perdido
sem
rosto muito pálido
partiu então
entre a
nuvem e a sombra47
maravilha de
verdade
mas perdido
na praia do sonho
embalado nas
algas
com muitos
animais marinhos no sexo
com um rasto
de luas
que
sempre sempre
o
acompanharão
apenas duas
gotas de sangue
pequenas rutilantes
os meus
olhos meus olhos
sempre os
meus olhos
Mário Henrique Leiria
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.