Mário Bertô |
Entretanto, na Gala estava um espaço hospitalar pronto mas encerrado. Na altura - e furtivamente - fiz uma reportagem com várias fotografias do seu interior para o Jornal de Noticias (era o correspondente na Figueira). A publicação da reportagem causou furor, ao ponto de ter sido apresentada queixa policial por entrada abusiva num espaço privado.
Após o 25 de Abril um grupo de figueirenses, entre os quais destaco o dr. Menano na altura funcionário do hospital, iniciaram um projecto para a abertura desse espaço. Foi moroso mas conseguiu-se, a partir dai foram feitas várias alterações e arranjos, pois devido ao tempo que esteve fechado, o piso e as próprias canalizações estavam todas degradadas. Quando se iniciou o serviço hospitalar, tivemos a sorte de uma valorosa equipa de médicos de Coimbra e Figueira avançarem com o trabalho clínico que logo por todos os utentes foi louvado. Porque para além de bons técnicos sentiam o hospital como um filho.
Pelo historial, o nosso hospital é uma conquista do Povo da Figueira e não um hospital feito por interesses económicos ou eleitorais.
O hospital é nosso , tal como o conquistámos, TEMOS DE O DEFENDER."
Concordo plenamente com o texto e aproveito para dar mais umas achegas.
ResponderEliminarDe facto o edifício do hospital da Misericórdia estava num estado deplorável, chegando a chover na mesa operatória. Havia um único enfermeiro de noite, que atendia a Urgência e as necessidades dos doentes internados. Caso considerasse necessário, chamava o médico para casa.
O edifício da Gala estava equipado e pronto a funcionar como Centro de Reabilitação, tendo o mobiliário e equipamento sido desviado pouco antes da "ocupação" para diversos locais, entre os quais os estaleiros navais e o hospital dos Covões.
Os médicos que vieram de Coimbra, os "7 Magníficos", eram os drs. Abílio Veiga de Oliveira, António Serrão, Alberto Seabra, Delfim Pena, João bento Pinto, Afonso Branco e Luís Santo Amaro.
A primeira Comissão Instaladora foi constituída pelos srs. António Menano (gerente/administrador), dr. Joaquim Feteira, dr. Abílio Bastos, enf.º Armando Aleixo e enf.ª Piedade Bita.
A abertura, Novembro de 1975, foi de emergência, com aviso 12 horas antes, para dar apoio ao surto de cólera que então grassava no país, tendo funcionado onde hoje é a enfermaria de Medicina. Com tão curto espaço de tempo para preparar a recepção aos doentes, os poucos trabalhadores existentes trabalharam 48 horas seguidas, para dar respostas a dezenas de problemas impensáveis, tanto a nível dos tratamentos como de energia eléctrica, águas, esgotos, etc.
Com estes espírito de abnegação e competência de todos, chegou-se ao Hospital que hoje se pode ver, muitas vezes "caçando com um gato" e apesar dos gestores (?) que têm sido impostos por vias partidárias desde 1985. Basta dizer que, em 2005, cerca de 80% do equipamento tinha mais de 5 anos, o que em equipamento de electromedicina significa obsoleto.