Via mail, recebi o interessante texto, que publico abaixo, de “um leitor diário e atento da blogosfera figueirense há muito anos”.
Pelos motivos expostos pelo seu autor, não divulgo o seu nome. Porém, esta reflexão não é anónima. Decidi divulgá-la, dado o manifesto interesse do tema - COLECTIVIDADES.
Os meus agradecimentos ao autor.
“Sr. Agostinho.
Sou um leitor diário e atento da blogosfera figueirense há muitos anos. Podia comentar os vários assuntos que vou lendo sob o fácil e cobarde anonimato. Podia. Mas está completamente fora dos meus princípios; por isso nunca o fiz nem tenciono fazer. Neste momento, fazer qualquer comentário assinado sobre temas fracturantes, e há tantos nesta pobre Figueira, equivaleria seguramente a ser pasto de uns quantos frustrados sempre á procura de alguém em quem descarregar a pobreza de espírito. Fartei-me dessa gentinha e não me apetece aturá-los. Pelo menos nos próximos tempos.
Tendo tocado no tema colectividades, a que ainda sou particularmente sensível, sobre a utilização do CAE, não posso deixar de lhe transmitir algumas considerações.
Na minha modesta opinião, embora quem e como é utilizada aquela estrutura seja importante e mereça ampla discussão, não é isso que me preocupa no caso vertente. O que me preocupa verdadeiramente é como as colectividades se deixaram “enrolar” nesta teia de pequenos interesses, engendrada por um dos “sobas” cá do burgo, em que todos pecam: uns por acção, outros por omissão.
Apesar de ter chegado agora aos cinquenta, ainda venho do tempo em que o casino oferecia aos veraneantes as noites de folclore, entre outras, e pagava aos grupos que ali actuavam à quarta-feira à noite, o mesmo montante que os serviços de turismo pagavam à época.
Hoje, evocando a abertura do casino à população em geral, num gesto de grande “nobreza”, segundo os progenitores da ideia, as iniciativas levadas prática, para além de satisfazerem os propósitos “caciqueiros” de uns, satisfazem os interesses económicos dos outros, explorando o sentimento bacoco de directores e componentes dos vários grupos do concelho, que chegam a pagar para ali actuarem, como se tal constitui-se um marco na vida das suas colectividades.
A imprensa figueirense, como sempre, anda distraída. Se fosse para queimar alguém na praça pública a troco de favores ou até dinheiro, não hesitavam em debitar umas quantas insinuações e até mentiras. Como denunciar o oportunismo descarado e a exploração dos sentimentos dos menos atentos, pode custar alguma “antipatia” fica tudo calado.
Por este andar, com algumas juntas a servirem-se das colectividades em vez de as servirem, as câmaras a evocar a crise (só para o que lhes interessa) para fecharem completamente a torneira pedindo animação de graça, os casinos a ganharem milhões e a fazerem a caridade de abrir as portas para o povo ali mostrar os seus dotes, voltaremos em breve a ter filarmónicas com instrumentos de segunda, ranchos aldrabadamente trajados e grupos de teatro que só ostentam o nome. E assim vamos empobrecendo alegremente.
Até aqui, pagava-se ao casino porque não havia uma sala decente na Figueira. Agora há sala e não há a decência de a utilizar para dignificar verdadeiramente o que ainda se vai fazendo.
Com os melhores cumprimentos”
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