Neste Outra Margem, já escrevi, penso que mais do que uma vez, que não percebo nada de futebol...
De política, idem, idem, aspas, aspas...
Só que tenho olhos e ouvidos...
Como normalmente ando atento, verifiquei que na sociedade portuguesa, a partir talvez do início deste ano, a grande esperança apresentada pelas doutrinas mais primárias, reaccionárias e conservadoras, é que acabando com o RSI, com os subsídios e reduzindo os funcionários públicos, toda essa gente se integraria na actividade económica privada e começava a produzir riqueza!..
Passados estes meses, continuo a olhar e a ver - e o que é que constatei?..
Que aconteceu um desastre. Coitados deles – os beneficiários do RSI e de outros subsídios e dos funcionários públicos - e coitados de nós.
Aconteceu o que estava à espera: mais desemprego, mais fome, mais miséria.
Neste mundo globalizado, resta pouco com interesse para produzir a um país como Portugal!..
A China produz têxteis ao preço da chuva. Os EUA cereais. A Índia software. Taiwan hardware. Japão e a Alemanha veículos e electrodomésticos. América do Sul carne e peixe de sobra.
Quer dizer, quase tudo o que precisamos é feito noutros lados de forma ultra-competitiva. Portanto, acabando ou reduzindo a redistribuição, com o argumento fatalista da falta de dinheiro, apenas nos sobra o abismo à frente, ou o retorno ao modelo da mão de obra barata (que é como quem diz, quase escrava, mesmo).
Afinal, para que mundo nos querem conduzir?
Para mim, apesar de não perceber patavina de futebol, e de política, idem, idem, aspas, aspas, é perfeitamente visível que o caminho a percorrer teria de ser outro e diferente.
Não vejo é gente – povo e políticos - preparada para o delinear e percorrer...
Fernando Pessoa, também já não via, nem povo nem políticos:
ResponderEliminarNinguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...