quinta-feira, 11 de março de 2010

Quando Cavaco foi primeiro-ministro Portugal já era assim


Li aqui, que “as medidas de contenção avançadas pelo actual Governo, nomeadamente o congelamento das progressões na função pública, começam a dar frutos. De acordo com «O Correio da Manhã», Maria Monteiro, filha do antigo Ministro António Monteiro e que actualmente ocupa o cargo de adjunta do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vai para a Embaixada portuguesa em Londres. Para que a mudança fosse possível, José Sócrates e o ministro das Finanças descongelaram a título excepcional uma contratação de pessoal especializado. Contactado pelo jornal, o porta-voz Carneiro Jacinto explicou que a contratação de Maria Monteiro já tinha sido decidida antes do anúncio da redução para metade dos conselheiros e adidos das embaixadas. É pena que milhares de jovens deste País continuem a ser, para sempre, filhos do infortúnio.”

Como eu entendo bem a situação porque os jovens de hoje passam. Nos anos 80 do século passado, depois de ter feito um concurso externo para a EDP, onde fiquei em terceiro lugar, entre mais de 7500 concorrentes, admitiram-me para escriturário com contrato a prazo, quando o concurso havia sido para entrada no quadro. Estive nessa situação, contratado a prazo, 5 ou seis anos. Entretanto, como era necessário encaixar um filho de um sub-director, precisamente o sub-director dos recursos humanos da DODC, que trabalhava numa empresa em dificuldades – a Estaco - foi feito um concurso à la carte, e o menino entrou. Houve contestação, a admissão foi anulada, mas entretanto foi dada a volta por dentro e o menino lá reentrou e, tanto quanto sei, ainda lá está... Nesse tempo, era primeiro ministro o Professor Aníbal Cavaco Silva e a situação política então era em tudo semelhante ao que se passa na actualidade. Na ordem do dia estavam as privatizações, o congelamento dos ordenados, a contenção na admissão de pessoal, a subida dos impostos e dos juros bancários, o corte no investimento público, etc. Uma “cunha”, então, como agora, valia muito mais que a competência. Por isso, é que estamos na fossa irrespirável que Portugal, este cantinho à beira mar plantado cada vez mais mal frequentado, se tornou.
“Filhos do infortúnio, somos nós”, os que nascemos desprotegidos da sorte, isto, é das cunhas!.. Porca miséria!...

1 comentário:

  1. Parece que muita gente esqueceu esses tempos, início dos seguintes e assim sucessivamente até hoje. Foi o início da "sociedade de sucesso" tão propalada peloprof. Cavaco. Os resultados estão à vista...

    ResponderEliminar

Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.