e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues.
Poeta, que não merecia estar assim tão esquecido.
Desenvolveu toda a sua vida profissional como médico nas zonas pobres de Lisboa”.
Num dia que está a ser particularmente difícil e doloroso, olho em frente, embora com certos sinais de tristura e desencanto, mas, também, de esperança, deleito o olhar no rio da minha Aldeia, a correr, ali mesmo, ao lado, em direcção à Figueira, e lembro, com saudade, esses dias de Abril já quase perdidos de vista…
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