"A estação de correios do Bairro Novo, Figueira da Foz, foi ontem assaltada, cerca das 17H30. Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, Carla Vieira explicou que estava sozinha no estabelecimento, quando um indivíduo entrou com um capuz na cabeça, ameaçou com uma navalha e pediu dinheiro. “Deve ter levado mais de cem euros, mas só no final de fechar a caixa é que se vai ver o total do prejuízo”, comentou a funcionária. O assaltante, apesar de encapuçado, aparentava ter entre 25 a 30 anos, segundo a vítima.
A situação valeu apenas para o susto já que não houve feridos nem danos materiais. Contudo, Carla Vieira asseverou: “cheguei a temer pela vida. O rapaz vinha desesperado e não sei o que me podia fazer”. Foi um dos moradores dos prédios vizinhos da estação de correios que se apercebeu da situação e contactou as autoridades. A PSP tomou conta da ocorrência e colocou-se no terreno à procura do assaltante, de acordo com informação de fonte da polícia."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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