sexta-feira, 27 de julho de 2007

António Arnaut, fundador do PS...

...em entrevista à revista VISÂO, “arrasa as políticas de Sócrates, acusa Correia de Campos de contribuir para o definhamento do Serviço Nacional de Saúde e lamenta que o PS tenha perdido «alma e identidade»”...

Não é um homem qualquer. Fundou o PS com Mário Soares e é considerado o «pai» do Serviço Nacional de Saúde.
Aos 71 anos, vê o seu partido de sempre perder «alma e identidade» às mãos de uma geração sem passado e sem ideias «que aprendeu os ensinamentos de Maquiavel».”

10 comentários:

  1. Achei curiosa essa entrevista, mas só isso. Merece ser lida e reflectida, mais no quadro sociológico do que político, já que pouco adianta, a meu ver, sobre formas de governação no contexto nacional e internacional deste momento histórico. Fala de princípios justos, de ideais fundadores do igualitarismo, mas quase nada quanto à criação de riqueza pública, nada sobre qualidade de vida média, nada sobre competitividade externa, nada sobre a questão europeia, nada sobre rumos estratégicos de futuro... Se o Sócrates sacrifica a ideologia ao pragmatismo, Arnaut tem afirmações inconsequentes e a roçar a demagogia.

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  2. O castelo de areia parece o Ministério de Informação do Socratistão.
    Tenha tino, homem.

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  3. Tem razão Arnaut, com tem razão Alegre quando fala no medo. E também tinha razão quando falava do mesmo medo durante o cavaquismo e nos congressos do PS dominados pelo aparelhismo. Não tem razão Sócrates quando ironiza com estas lembranças. Depois de séculos de inquisição e de quase meio século de autoritarismo, se eliminámos os aparelhos de repressão, manteve-se o subsistema de medo que os mesmos geraram e não se apostou na revolução cultural educativa que desse autonomia às pessoas, com a consequente meritocracia.

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  4. ao jorge w:
    só para sua informação nunca fui apoiante do Sócrates nem, tão pouco, aprecio a concepção que ele tem da política. Nunca fui a Congressos do PS, não privo com os aparelhistas, nem fui nomeado para coisa nenhuma. Mas,pretendo ter o distanciamento possível para lhe reconhecer méritos de governação e acreditar que as medidas impopulares são necessárias à sobrevivência do Estado. Gostaria que me explicasem como é que é possível, por exemplo, defender o SNS sem estancar a hemorragia financeira que se avolumava desde o Dr. Arnaut ! É ou não é crédito deste governo a inversão do caos das contas públicas? Isso é ou não importante para criar condições de melhor distribuição de riqueza? É ou não necessário "emagrecer" a máquina do Estado tornando-a mais eficiente e ágil? É ou não é necessário modificar o paradigma produtivo do país ainda baseado em mão de obra desqualificada e, consequentemente, barata e sem competitividade? Isto são factos que não devem ser minorados por atitudes negativas em vários sectores da governação e que, obviamente, merecem o meu repúdio.
    O que me custa engolir são estes baronetes arqueológicos, como o Alegre, sempre cúmplices das incompetências e que, não obstante, não desperdiçaram as benesses do Orçamento Público!
    Oh! Oh!

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  5. A questão das medidas impopulares necessárias à governação foram inventadas e implementadas pelo Marquês de Pombal e não são uma invenção recente. Ora como se depreende da entrevista a falta de cultura (histórica e não só) retira profundidade ao debate político. aos nossos políticos, ao país. E o problema está que o Marquês de Pombal, só será reconhecido como um político alguns séculos depois! Daí que falar de medidas tomadas hoje, como se estas se reflectissem de forma positiva no imediato é claramente um contracenso. E há situações em que alguns políticos falam em descalabro para assim mais fácilmente enganarem os incautos. Como no caso da flexisegurança, se não fosse fácil despedir em Portugal, como será possível existirem 500 mil desempregados (Bagão Felix dixit)?
    Não competia a Arnaut, vir falar de medidas, referiu apenas que as medidas entretanto tomadas pelo partido a que pertence, poderiam (se calhar, digo eu) sobrecarregar não as classes médias (agónicas) mas as classes que continuam a manifestar, apesar da propalada crise, sinais cada vez mais evidentes de que o descalabro afinal só existe para alguns. Ora numa Democracia todos deviam contribuir de forma equitativa e tal não me parece que esteja a acontecer! E a criação de riqueza pública passa igualmente por controlar melhor a grande economia paralela e as grandes "fintas" à lei praticadas pelos que tem acesso aos paraísos fiscais. Um governo serve também para isso e não me parece que seja o que está a acontecer, é mais fácil cobrar mais impostos aos que vivem dentro do sistema que fora dele. E os rumos estratégicos sobre o país ressumam nas palavras da entrevista, eles estão todos lá, começa pelos políticos que não temos, e não sendo a isso obrigado Arnaut deixa subentender que rumos se podem discutir, se eles são demasiadamente vácuos e feitos nas costas da Nação?

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  6. Comentário ao comentarista Castelo de Areia.
    Perfeitamente meu caro,plenamente de acordo,acabemos JÁ!com o SNS,mas paguem as classes trabalhadoras o mesmo que recebe o Governador do Banco de Portugal,o Primeiro-Ministro e o seu séquito rosa e nivelem os rendimentos das populações em geral com o dos funcionários,da saúde da educação...caso contrário estarão a cavar um fosse maior na sociedade,onde apenas só o ricos e os poderosos terão direito à saúde e a viver...ou será que a II dinastia Guterrista,quer fazer dos cidadãos de bem bandidos,empurrando-os para soluções radicais,extremadas ao nível do terrorismo?

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  7. Nos partidos, há bom e mau!
    Há, na verdade, os que se mantêm fiéis aos princípios básicos dos programas e os defendem firmemente, não se deixando arrastar por outros interesses que não sejam trabalhar pelo bem comum, apoiando políticas que a ele conduzam.
    Há os que não se deixam seduzir por mordomias, por lugares e posições de relevo, preferindo ser sempre iguais a si mesmos, isto é serem coerentes com a doutrina partidária que abraçaram.
    Mas há outros que estão nos partidos para se servirem e não para servirem a Causa Pública.
    Esses o que querem são os chamados “ tachos”, quanto mais rendosos melhor...
    Esquecem facilmente posições que outrora defenderam, invertendo-as se preciso for para agradar a quem os pode fazer subir na vida!
    Que isso aconteça na direita política não admira porque na verdade, aí há pouca ou nenhuma preocupação com o social.
    Mas o que custa é verificar que também na esquerda acontecem, por vezes, certos e surpreendentes afastamentos das suas matrizes, procurando impor-se aquilo a que chamam a esquerda moderna que quase toca o neo-liberalismo.
    Isso descaracteriza a esquerda, desvirtuando-a, aproximando-a de certa direita.
    Os históricos ou os mais antigos partidos de esquerda bem clamam e agem para que tal não suceda, mas a nova vaga que vai tomando conta desses partidos como que os desconhecem, atrevendo-se até a chamar-lhes “ os dinossauros” ou ainda “ a velhada”!
    Porém a luta desses históricos continuará para a afirmação transparente da esquerda democrática, que leve a ter acima de tudo a preocupação do social, da justiça, da igualdade de oportunidades, da solidariedade para com os mais carenciados, do combate à pobreza e exclusão social, da intransigente defesa dos direitos e liberdades fundamentais.

    # posted by Luis Melo Biscaia @ 10:11 PM 0 comments

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  8. ao castelo de areia:
    Não carecia dessas explicações todas só para tentar explicar o que não necessita de explicação. é que senão faz parte da confraria, se não tem lugar à mesa do banquete, só lhe posso dar os meus sentimentos, porque eles devem gostar muito das suas ideias. Aliás é em pessoas com ideias parecidas com as deles onde é recrutada a bufaria.
    Agora com as ideias que o senhor expande, do alto da sua neo-liberal sabedoria, posso tirar várias ilações: ou está a brincar com isto, ou é imbecil (o que não me parece) ou tem má fé.
    "Como é possível defender o SNS sem estancar a hemorragia financeira...", diz o senhor. Claro que com está política é impossível, uma vez que um dos objectivos estão cumpridos, ou seja, a destruíção do aparelho produtivo do Estado e, como consequência também o SNS, no fundo eliminar a função social do Estado.Posso é dizer que é perfeitamente possível defender o SNS, bem como outras coisas, sim senhor, com outra política.
    Melhor distribuíção de riqueza? cada vez mais o fosso entre os mais ricos e os mais pobres é maior, a acumulação de riqueza está cada vez mais nas mãos de menos. Atente no agravamento do Código de Trabalho, por exemplo. Isto vem nos jornais, não estou a inventar nada, nem a citar pensadores marxistas que nos anos 50 e 60 "adivinharam" esta situação. O objectivo desta política não é emagrecer a máquina do estado, e destruí-la.
    O senhor não será um ex-comunista anti-comunista? é que me fez lembrar a Mentira Zita. E mesmo não percebendo nada de História, ela já me ensinou algo surpreendente: os renegados são os piores.
    Até sempre.

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  9. Ao jorge w.
    Se quiser polemizar, de forma respeitosa, neste espaço democrático, estou disponível.
    Sobre a sua resposta, gostaria que me explicase o que é o "aparelho produtivo do Estado" conceito que não encontra em nenhum tratado económico. Depois, mesmo fazendo esforço para perceber, não sei o que é que o SNS tem que ver com a estrutura produtiva. Obviamente que defendo um SNS que cumpra a sua função social, MAS que seja sustentável e viável, garantindo a solidariedade com os mais frágeis. Isto é um ganho civilizacional que, felizmente, já não distingue ideários de esquerda ou direita. Sobre a distribução da riqueza diria o senhor La Palisse que para a distribuir é preciso criá-la e, como referi noutro comentário, os vários governos e as entidades patronais "esticaram" além do possível um modelo produtivo condenado ao fracasso e baseado na mão de obra desqualificada. Agora, todos "com as calças na mão" temos que hierarquizar as prioridades e a primeira de todas é produzir melhor para que, depois, seja possível exigir melhor justiça social. Foi assim em Espanha ou na Irlanda que já lá vão à frente na qualidade de vida das pessoas, na prestação de serviços públicos, na diminuição do demprego, no poder de compra, etc. Foi também assim na Dinamarca, proporcionando índice baixo de desemprego e 80% de trabalhadores sindicalizados!
    Se isto é neo-liberalismo vou ali e já venho...

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  10. Meto colher em discussão alheia, bem sei. Espero que me desculpem.
    Só para afirmar que as minhas basófias não são ex-coisa nenhuma, nem neo, nem post! Sou uma construção de muitas e diferentes perspectivas, delas nasceram o que penso. E tanto me faz que B seja ex, como C neo, H comunista, J socialista, P fascista etc. e tal. O que conta é o debate sem afirmações de purezas. As ideologias são o que são e os homens não se movimentam apenas dentro da ideologia, se assim fosse ao trocarem de campo seriam vilões num e heróis noutro. Não vou por aí, como diria o poeta, vou por onde penso. Uma sociedade cresce, no encontro, no safanão, na discussão, não na guerra, embora muitos digam que a guerra faz avançar as sociedades, nem na paz podre das pequenas guerrilhas ideológicas, da defesa do quadrado, quando a maior parte da sociedade não quer quadrados, quer, isso sim, ângulos abertos ao futuro. O marxismo não descobriu o capitalismo, completou-o, pois ao escalpeliza-lo, mostra-lhe os erros e adivinha-lhe o futuro,(uma premissa particular do marxismo histórico)radioso. Competia ao marxismo salvar a humanidade? Tentaram, mal, os «leitores» ambíguos do marxismo. Dai ao erro crasso foi um pulo. O capitalismo, seguiu o seu curso, que não é infinito, como sabemos. Pode parecer mas não é. A luta de classes não morre, porque alguém tentou escrever-lhe o elogio fúnebre (também já afirmaram que o capitalismo seria ao fim da História, porque se teria imposto como ideologia única). Aquela, ao continuar, terá que construir outros caminhos, talvez sobrepostos, quem sabe, entre a via que entende que o capitalismo não pode ser a selva em que o transformaram e a via que entende que a dominação de uma classe(seja ela qual for) sobre as outras deve ser banida. Ninguém gosta de ser oprimido.

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