António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Tomou ontem posse a Comissão Administrativa que vai estar à frente dos destinos da Freguesia de Quiaios até às eleições autárquicas de 2021
Via Informação Quiaios: "a Presidente é Helena Machado (PS)", o que não deixa de ser estranho, "irónico" e curioso.
Recorde-se que em Setembro de 2020, a tesoureira, Maria Helena Custódia Machado renunciou ao cargo.
Os restantes membros são Ricardo Santos (PS) e Vítor Ribeiro (PSD).
A CDU, a terceira força que estava representada na Assembleia de freguesia de Quiaios, ficou de fora.
Ricardo Santos, para já, viu o sonho de ser presidente da Junta adiado.
Há leitores e leitores
Diverte-me quando alguém me diz em tom próprio de quem fala de algo que detesta: «olhe que eu costumo ler o que você escreve no blogue».
Confesso que não tenho nenhuma ideia sobre como deve ser escrito um blogue para agradar a esse tipo de pessoas.
Todavia, penso que esse seria o blogue que não quero que seja o meu.
Não quero um blogue cheio de boas intenções (de boas intenções está o inferno cheio), politicamente correcto e conservador.
Gosto da irreverência e do patusco.
E não gosto de gente que pensa poder dispor da vida dos outros.
Quanto ao mais: dos fracos não reza a História...
quinta-feira, 3 de junho de 2021
Autárquicas 2021 um processo em estagnação?..
Nestes últimos 6 meses, tem sido muito interessante ver a quantidade de pessoas competentes, talentosas, trabalhadoras, brilhantes, impolutas quanto a vícios partidários, a saírem do armário nesta pré-campanha eleitoral, quando estamos a cerca de 4 meses das autárquicas.
Entretanto, desde 31 de de Janeiro de 2021, que ninguém mais se lembrou de fazer um manifesto carta-aberta a "a bem do nação figueirense". Estão à espera de quê?
Entretanto, desde 31 de de Janeiro de 2021, que ninguém mais se lembrou de fazer um manifesto carta-aberta a "a bem do nação figueirense". Estão à espera de quê?
Este é o tempo de perceber os políticos, para poder fazer boas escolhas...
Lembrança do escritor Luís Pacheco. Esta passagem de O Teodolito é obra.
"Onde estão agora os que foram meninos comigo, meus companheiros de bibe e calção? Gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos todos, reconhecermos todos como nossa ainda a pureza antiga, os projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com efeito, o mundo dos adultos está cada vez mais triste, mais crápula, mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr prò buraco do coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles-mesmos e se escondem quando pressentem uma luz, a ousadia dum gesto, a virtude duma palavra. Adultos, cadáveres jovens. Metem dó, metem nojo, tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a ver como eram, na infância."
"Onde estão agora os que foram meninos comigo, meus companheiros de bibe e calção? Gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos todos, reconhecermos todos como nossa ainda a pureza antiga, os projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com efeito, o mundo dos adultos está cada vez mais triste, mais crápula, mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr prò buraco do coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles-mesmos e se escondem quando pressentem uma luz, a ousadia dum gesto, a virtude duma palavra. Adultos, cadáveres jovens. Metem dó, metem nojo, tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a ver como eram, na infância."
No tempo em que havia meninos no Cabedelo |
O carisma de um político não se compra: ou se tem ou não se tem.
O divórcio entre a população e a classe política atinge níveis preocupantes.
O discurso oficial passa por dar a entender que é necessário trazer de volta a população à política e ao interesse pela coisa pública.
Contudo, será que interessa mesmo à classe política a participação do povo?
Claro que esta interrogação não tem aplicação para os indefectíveis partidários.
O povo é convocado e faz jeito em época de actos eleitorais e respectivas campanhas - nas inaugurações, nas sondagens, e pouco mais.
É a época das acções de rua, dos beijos, dos apertos de mão, das saudações, das multidões, dos palcos, das arruadas, dos discursos, dos aplausos, dos sorrisos, dos brindes, dos panfletos, etc. E no dia de ir a votos.
Uma das razões do afastamento do povo da classe política é esta comunicação sazonal que praticamente só existe de 4 em 4 anos.
Uma das razões do afastamento do povo da classe política é esta comunicação sazonal que praticamente só existe de 4 em 4 anos.
Por curtos períodos, toda a gente consegue perceber o que os políticos dizem. Precisam de se fazer entender, têm de ser claros, objectivos e directos, fazendo passar a sua mensagem. Depois das eleições tudo muda.
Vão ver a partir de Outubro próximo futuro.
Vão ver a partir de Outubro próximo futuro.
quarta-feira, 2 de junho de 2021
Campo das traseiras, a cantar de galo e em remodelação, pelo menos, desde 2015!..
Via Município da Figueira da Foz
Via Figueira na Hora, 5 de Novembro 2018Via Diário as Beiras, 2 de Junho de 2021O desinteresse estratégico do papel da cultura e a demonstração de que os decisores políticos não a consideram como um factor essencial no desenvolvimento do país....
"Inquérito divulgado pelo SICAD revela o perfil e as escolhas dos apostadores nacionais. E mostra que são os que menos rendimento têm quem mais joga."
Quando começaram a surgir rumores que se estava a considerar criar uma raspadinha para apoiar o financiamento do Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, reconheço que não lhes atribuí qualquer credibilidade, tão fantasioso e despropositado me parecia tal movimento.
Promover a cultura do vício para proteger a cultura do património é tão acertado como a probabilidade de ganhar o melhor prémio numa raspadinha. Muito próximo de zero.
O carisma não se compra, não se treina, não se adquire com o tempo, não se ganha por repetição ou imitação. Ou se tem ou não se tem...
Morreu Carlos Ferreira, com 73 anos, o homem que em 2020 subiu sozinho, com a bandeira nacional, a Avenida da Liberdade no 25 de Abril.
O Senhor Carlos Ferreira vai continuar a desfilar nos próximos anos nas comemorações do 25 de Abril de 1974. Contudo, no futuro, debelada a pandemia, não irá desfilar sozinho. Vai ter largos milhares a acompanhá-lo e a recordá-lo, pois pessoas como o Senhor Carlos Ferreira são especiais para o Povo que gosta de comemorar o 25 de Abril de 1974.
terça-feira, 1 de junho de 2021
Triste: é só artistas...
O que aconteceu aos restantes elementos que juntamente com o busto formavam o monumento a Mário Silva no Cabedelo? A última informação a que tive acesso era que estava ao cuidado da Junta de Freguesia de S. Pedro.
Deprimido e com a auto-estima em baixo, o zé povinho já nem sequer tem forças para fazer um manguito ao que está a acontecer no Cabedelo.
Foto António Agostinho |
Para além dos “tinhosos” dos campistas, o monumento ao Mário Silva vai ficar reduzido ao mínimo.
Do monumento que lá estava, vai sobrar algo parecido com que a foto mostra.
Se a Câmara tivesse actuado com transparência neste processo, que passaria por ter dialogado com todos os agentes económicos que desenvolvem a sua actividade no Cabedelo - nem era difícil, pois são meia dúzia... – ter-se-ia instalado um clima de confiança que daria mais tranquilidade a todos.
Ao proceder como procedeu, falando com dois ou três, esquecendo os outros, a Câmara complicou tudo e crispou o clima...
Se essa foi a estratégia, parabéns: surtiu o efeito desejado. A política é muito mais nobre e muito mais bonita, feita com honestidade e transparência.
A vantagem da honestidade e da transparência, na política portuguesa, é que a concorrência é pequena...Tão importante como nos orgulharmos da nossa História e das nossas gentes, é reflectirmos no que podia ter sido feito para não deixar estragar ainda mais esta cidade e este concelho...
Apesar do que lhe fizeram no Cabedelo, Mário Silva vai continuar a ser "um artista grande". E a Figueira, governada por estes políticos, "uma cidade pequena", de grandes artistas...
Uma grande entrevista, duas pequenas curiosidades, uma maravilha, portanto...
Vamos às curiosidades:
1. Fernando Balsas, o entrevistado, é candidato à Junta de Freguesia de Quiaios pelo movimento independente "Figueira a Primeira";
2. Ricardo Santos, o entrevistador, é o candidato à Junta d Freguesia de Quiaios pelo PS.
2. Ricardo Santos, o entrevistador, é o candidato à Junta d Freguesia de Quiaios pelo PS.
Da série, Quiaios: depois de ser um caso de polícia decidido pelos tribunais, continua a ser um teste ao funcionamento da democracia na Figueira...
Despacho n.º 5368/2021
Via José Augusto Marques:
Via José Augusto Marques:
"Questões que me atormentam na freguesia de Quiaios.
Quando a campanha eleitoral autárquica atingir o auge, palavras como democracia, transparência, rigor e outras mais, serão debitadas às toneladas pelos bem-falantes de turno.
Nomeada que foi uma comissão administrativa, há mais de um mês, para gerir a freguesia de Quiaios até ao próximo ato eleitoral, por entidade competente para o efeito, alguém me sabe dizer quem são os três elementos que fazem parte da dita comissão e se já tomaram posse? E os cargos de cada elemento na comissão, alguém sabe quais são?
Viva a transparência que tanto apregoam!"
Presumo que todos sabemos o que se passou em Quiaios.
Assistimos ao funcionamento da justiça, embora lento. Foram os tribunais, no fundo o sistema de justiça, que apeou a presidente de junta Fernanda Lorigo do poder.
O PS Figueira, a seguir, transformou um caso de Justiça num caso de política.
É isto admissível numa democracia que pretende ser um regime solidamente implantado na Figueira e em Portugal? Pelos vistos, para alguns, estes procedimentos, são perfeitamente admissíveis e banais na sua normalidade.
Tal entendimento, porém, só mostra a concepção particular da democracia como regime de país bananeiro ou, no caso, de traficante da droga mais poderosa que existe: o poder.
Só isso conta. Porque só assim se pode condescender com episódios tristes como este. Na Figueira, além de uma "crise do regime", temos também e claramente instalada uma crise da democracia. Por tudo isto, Quiaios constituiu um teste ao funcionamento da democracia na Figueira.
Tal entendimento, porém, só mostra a concepção particular da democracia como regime de país bananeiro ou, no caso, de traficante da droga mais poderosa que existe: o poder.
Só isso conta. Porque só assim se pode condescender com episódios tristes como este. Na Figueira, além de uma "crise do regime", temos também e claramente instalada uma crise da democracia. Por tudo isto, Quiaios constituiu um teste ao funcionamento da democracia na Figueira.
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