segunda-feira, 26 de outubro de 2015

“As portuguesas e os portugueses votam. O Parlamento reflecte essa participação...”.

14681

"De repente, a nossa democracia ficou dividida em duas. 
Para um lado, a democracia cujas regras vêm definidas na Lei fundamental. 
Para o outro, uma democracia cujas regras alegadamente estão numa coisa chamada tradição." 

Em tempo. 
Ficam a saber que esta é a postagem número 14681 do blogue Outra Margem
Os especialistas que se pronunciem se chega para começar também, aqui, a armar-se à tradição.
(Tradição, para que saibam, é uma palavra com origem no termo em latim traditio, que significa "entregar"...)
Espero que não, pois isso seria uma chatice para mim, pois não tenho vontade de fazer nadinha...
"A tradição não pode ser o que nunca foi. Experimentem ler a Constituição da República Portuguesa. A tradição que conta é a que lá vem, a soberania popular que, venham de lá essas tretas sobre o que não pode ser por causa dos mercados, não é só em Portugal que anda a quebrar tradições."
Eu gosto muito de bacalhau, sobretudo de bacalhau à brás, que embora sendo um prato típico da nossa gastronomia, não é uma maneira tradicional de se comer bacalhau...

"Que país de merda"! (III)

Crónica publicada
 no jornal AS BEIRAS
"Na última reunião de câmara, durante o debate sobre o naufrágio do “Olívia Ribau”, ficámos a saber que o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) não se reúne há cerca de dois anos, o que é manifestamente inaceitável. É certo que não se pode dizer que a responsabilidade pelo falhanço das operações de salvamento tenha sido da protecção civil, porque o salvamento, nesta área, está confiado à Autoridade Marítima. Mas não é menos verdade que, se o SMPC reunisse com a periodicidade que se exige, já se tinha dado conta da inexistência de um plano de emergência da barra da Figueira da Foz e da necessidade de uma efectiva articulação com todos os agentes municipais de socorro e a Autoridade Marítima. Esperemos, pois, que pelo menos os inquéritos que estão em curso sejam céleres.  O que ainda não foi alvo de inquérito, e devia ser, é a responsabilidade do Estado quanto à condição a que a barra chegou. Como já aqui tinha escrito, o problema não está no prolongamento do molhe norte, mas sim nas suas consequências, que eram aliás conhecidas.  Quem não soube eliminar ou mitigar os impactos negativos que estavam inscritos no estudo de impacto ambiental deve ser responsabilizado. Entendo, pois, que o município deve accionar o Estado judicialmente. É preciso agir para que não haja mais tragédias. Só nos últimos três anos é já o terceiro acidente mortal que ali acontece. Esperemos que sejam tomadas as devidas medidas de prevenção para que a cidade não volte a acordar durante três dias com a bandeira a meia haste."

Em tempo.
1 - "Pescador do naufrágio da Figueira poderia ter sido salvo com socorro rápido". 
2 - Toda a gente que conheça um pouco sobre o mar, sabe que aqueles 400 metros que acrescentaram ao molhe norte - a tal OBRA MADRASTA - tornaram a barra da Figueira na pior entrada e saída de um porto do País utilizado por barcos de  pescadores. 
E porquê?... 
Porque, com os molhes tal como estavam em 1996, os barcos para entrarem ou saírem da barra, faziam-no enfrentando o mar pela popa ou pela proa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, têm forçosamente que se atravessar ao mar, o que é um risco muito grande... 
Tal como Manuel Pata, pergunto-me... 
"Quantos vivem do mar, sem o conhecer?"

No rescaldo do jogo em que «11 jogadores» ganharam a «uma equipa»...

Esta, é uma primeira página para recordar depois do jogo de ontem. 
Um resultado de uma partida de futebol, é, apenas, um resultado de uma partida de futebol.
Estou à vontade, e sem euforias, com estes confortáveis 3-0 do "meu" Sporting - um dos maiores triunfo de sempre na Luz.
Na minha geração, o futebol fazia parte da formação cultural da maior parte de nós.
O futebol, agora, passou a ser uma moda e, sobretudo, um negócio - um grande negócio, como, por exemplo, o negócio em volta da imagem dos protagonistas...
O negócio da imagem, entre outros, domina o futebol contemporâneo.
Contudo,  a imagem que eu guardo do futebol é dos grandes jogadores do Sporting da minha juventude, que quase pagavam para jogar.
Recordo, Carvalho, Pedro Gomes, Alexandre Baptista, José Carlos, Fernando Mendes, Pérides, Osvaldo Silva, Mascarenhas, Figueiredo, Géo e Morais, aquela equipa do Sporting que, no dia 15 de Maio de 1964, conquistou a Taça dos Vencedores das Taça e moldou para sempre a minha opção clubística. 
O futebol, desde aí, colou-se na formação do meu gosto e fez parte da minha formação e do meu crescimento desportivo e cultural.
A beleza do futebol, mesmo após as derrotas - como adepto do Sporting sei bem a que me refiro... - continua a fascinar-me...
Estou a falar de futebol, não de negócios...

domingo, 25 de outubro de 2015

O Pedro e o António no país do futebol...

As pessoas, em Portugal, dividem-se em dois tipos. 
As que percebem de futebol, as que não percebem de futebol e os artistas- especialistas. 
"O PEDRO E O ANTÓNIO", deveriam saber (e devem saber...) que perceber de futebol não é mandar umas bocas do género "o Jardel é um bom central de marcação, mas não serve para marcar à zona".
Perceber de futebol, é saber que "ter mais votos ou mais deputados e ganhar as eleições não são sinónimos.
Tanto o Pedro como o António sabem isto perfeitamente. Quando dão a entender outra coisa estão a tentar enganar-nos!" 
Perceber de futebol, era, em devido tempo, "o Pedro e António terem perguntado ao PSD e ao CDS qual era o conteúdo do acordo que estes dois partidos fizeram para governar coligados depois das eleições legislativas de 2011. Nem o Pedro, nem o António, nem o Presidente da República exigiram que lhes fosse mostrado o acordo então assinado entre os dois partidos. O que o Pedro e o António divertidamente discutiram em público foi quem era quem no Governo. Com que pastas ficava o CDS e quem as ia ocupar. Essa era a única preocupação. Uma preocupação lúdico-política." 
Perceber de futebol, não é tentar manipular as regras de um jogo a decorrer.
Agora, "o Pedro e António estão muito mais exigentes. Pedro não está seguro de que não haja deputados do PS com «dores de barriga» na hora da votação. Pedro espera mesmo que isso aconteça ou, no mínimo, admite essa hipótese como muito provável. Já António, relativamente a essa matéria, por decoro, é mais reservado. Todavia, tanto Pedro como António querem ver o acordo, escrito e assinado, entre os partidos de esquerda, e querem avaliá-lo, querem conhecê-lo ponto por ponto. Não lhes basta que O Secretário geral do PS, a Porta voz do Bloco e o Secretário Geral do PC garantam a existência de um acordo. Querem Vê-lo e aprová-lo! E certamente que não seria suficiente para saciar a curiosidade de ambos um acordo como o assinado entre o CDS e o PSD em 2011 - um acordo que não refere uma única medida concreta, um acordo meramente proclamatório. 
Mas Pedro quer mesmo mais: quer que tanto o PC como o Bloco declarem publicamente que deixaram de ser quem são. Que digam preto no branco que não são contra a NATO, contra a União Europeia, contra o Euro, contra a renegociação da dívida. António está inclinado a dizer que o Pedro tem razão. Mas Pedro não pára nas suas exigências. Quer que o PR volte a apresentar um conjunto de condições que tanto o Bloco como o PC não possam aceitar. António, sempre tão alegre e loquaz, fica sisudo e nada diz." 
Perceber de futebol, era o Pedro e o António, dizerem-nos como seria, para eles, um Portugal melhor para se viver do que este em que, certamente por pieguice, vegeta a maioria de nós...

ÚLTIMAS OPORTUNIDADES?..

"Desde o dia 5 de outubro até à sexta-feira passada, o Governo fez publicar em "Diário da República" perto de uma centena de nomeações de dirigentes para cargos intermédios na Função Pública, que não têm de passar pela CReSAP, a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública." - Jornal de Notícias de 25 de outubro de 2015.

Em tempo.
Qual boys ou meios boys... É só gente competente!..
Os outros, olho da rua!..
Passos, o homem que não queria ser eleito para dar emprego aos amigos...
Enquanto os portugueses não perceberam que a democracia tem estado condicionada, nada vai mudar. 
Coadjuvados pela perpétua chusma de funcionários intelectuais (alguns deles jornalistas), tão necessária, em democracia, para o controle da opinião pública, os verdadeiros dirigentes do país sabem organizar-se de modo a garantir os preciosos ofícios dos seus políticos. 
Quanto a estes, os políticos, não passam de actores num espectáculo de marionetas cuja produção há muito não controlam. 
No meio de todo este circo patético, ainda fingem eleições, com a mentira do sufrágio popular e a imagem do povo como fonte do poder. 
Um dias destes, porém, ainda são capazes do propor que se passem a eleger os deputados nos conselhos de administração das 100 maiores empresas, com o argumento de que nos ficaria mais barato...

sábado, 24 de outubro de 2015

A propósito de tradições..

"A eleição do futuro presidente da Assembleia da República foi marcada para esta terça-feira, às 16 horas, agendou a conferência de líderes. A decisão ocorreu após Fernando Nobre ter sido rejeitado duas vezes." 
Recorde-se que a coligação de governo TINHA MAIORIA ABSOLUTA
E nem assim elegeram Fernando Nobre!... 

Em tempo. 
Ainda se lembram, por exemplo, destas tradições? 
As mulheres não votarem. Os homens serem obrigados a ir à tropa. A homossexualidade ser crime. Fumar-se nos hospitais. Não se usar cinto de segurança. Andar de mota sem capacete. A escolaridade não ser obrigatória. Os jovens estudantes serem obrigados a inscrever-se na Mocidade Portuguesa. Os postes e a barra da balizas de futebol serem quadrados em vez de redondos. Os jornais terem censura prévia. Os cabos de mar irem medir o fato de banho das senhoras. Não haver internet... 
As tradições só devem servir até ao dia que deixam de servir. Ponto final.

Se Passos fosse a solução... então não havia solução...


"Houve manipulação das contas do Estado"...

"Isto foi uma vergonhosa manipulação política" - José Gomes Ferreira, editor de Economia da SIC!..

A história dos marcelos vai continuar?..

Um morador em Belém, que parou no tempo: 
- “Não consigo perceber como é que o Ferro Rodrigues foi eleito se os votos daqueles dois partidos, os comun… os comu.. e os do Bloco de Esque… Esq… daqueles coisos não contam.”

Foi concedida a medalha de coragem, abnegação e humanidade, grau ouro, ao Agente 1.ª Classe PM Carlos Alberto Raimundo Silva Santos

foto Pedro Agostinho Cruz
O Almirante Autoridade Marítima Nacional, nos termos definidos na Portaria 310/95, de 13 de abril, na sua redacção actual conferida pela Portaria 334/2013, de 14 de novembro, e no uso da competência delegada nos termos do n.º 5 do Despacho 4562/2015, de 08 de abril, de S. Ex.ª o Ministro da Defesa Nacional (publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 87, de 06 de maio de 2015), e na sequência de proposta do Director-Geral da Autoridade Marítima, determina o seguinte:
Artigo único
É concedida a medalha de coragem, abnegação e humanidade, grau ouro, ao 31000702 Agente 1.ª Classe PM Carlos Alberto Raimundo Silva Santos, pelo importante serviço prestado na salvação de náufragos, no dia 06 de outubro de 2015.
12-10-2015. - O Almirante Autoridade Marítima Nacional, Luís Manuel Fourneaux Macieira Fragoso, almirante.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Voltando à realidade figueirense...

Um documento assinado ontem por várias entidades, denuncia uma situação grave na Figueira da Foz. 
A questão foi suscitada pelo naufrágio do "Olivia Ribau"
O documento fala em auxílio insuficiente, falta de meios e problemas graves de assoreamento da barra, que em poucos anos já provocaram dezenas de acidentes.
Para ver o vídeo, clicar aqui.

No fim da 1ª. mão...

Ferro Rodrigues foi eleito presidente da Assembleia da República.
Montenegro acaba de acusar o toque: "em democracia quem tem mais votos vence, quem tem menos votos perde".
Resultado da eliminatório no fim da primeira mão: 
PS+BE+PCP 1 – PàF+Cavaco 0

Cavaco, um peixe fora de água...

O golpe de Cavaco não foi palaciano. 
Foi profundamente provinciano... 

Em tempo.
Sublinhe-se, por ser verdade, que nem tudo foi mau, ontem, no discurso de Cavaco. 
“É aos deputados que cabe decidir se o governo deve, ou não, assumir as funções governativas”, foi a única frase que se aproveitou.

O gosto de sair pela porta pequena, para continuar a parecer muito mais alto do que na realidade é, esteve na origem do convite...

Para ler melhor, basta clicar em cima da imagem
Em tempo.
VIA IMPRENSA FALSA.
QUALQUER SEMELHANÇA COM A COINCIDÊNCIA É PURA REALIDADE.

O discurso que um Presidente da República teria feito:

Portugueses,

Tendo recebido os representantes dos partidos que elegeram deputados para a Assembleia da República e estando os resultados eleitorais publicados em Diário da República, compete-me proceder à indigitação do primeiro-ministro com o objectivo de constituir governo.
Os vossos votos determinaram que a força política vencedora não tenha tido maioria parlamentar. Por outro lado, é do conhecimento público que um conjunto de partidos tem procedido a negociações com vista a constituir uma maioria parlamentar. No entanto, não me foram apresentados os termos de um acordo já firmado, que eu pudesse encarar como claro e proporcionador de estabilidade.
Nestes termos, é meu dever indigitar, como Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, líder do maior partido da coligação que venceu as eleições do passado dia 4 de Outubro.
Boa noite.

Em tempo.
Era isto. Apenas isto.
Sem auto-justificações, sem acusações, sem ameaças e assumindo as responsabilidades e as  decisões que competem a um Presidente da República

Saramago: mais actual que isto é impossível...

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Um Presidente, um Governo...

... uma minoria.

Cavaco, como presidente de uma facção, esteve igual a si próprio: indigitou Passos para formar governo...


Com o discurso que acabei de ouvir, Cavaco, que não surpreendeu ninguém, revelou uma total parcialidade e cavou uma cisão profunda na sociedade portuguesa.
"Tendo ouvido os partidos representados na Assembleia da República indigitei hoje Pedro Passos Coelho líder do maior partido da coligação que venceu as eleições no dia 4 de outubro." 
Agora, como ele próprio disse: "cabe aos deputados da Nação decidir"...
Vamos a isso... 
É o tempo da responsabilidade do lado da Democracia: a esquerda.
No seu discurso Cavaco definiu o arco da governação possível em Portugal no ano de 2015, 41 anos depois da instauração da Democracia: só podem governar o PS e os partidos à direita do PS...
Alguém compreende que um presidente da República balize as alternativas democráticas para o governo do País?
Lembre-se,  que dois dias a seguir às eleições Cavaco disse que o País precisa de um governo estável...
Resumindo e concluindo 
Cavaco decidiu que não decidia, fez um discurso que viola os valores da democracia e da Constituição, excluiu 20% dos eleitores da democracia, deu a entender que em Portugal a democracia nasceu com a entrada na CEE e acabou por parir um primeiro-ministro nado-morto.
Cavaco não deu início à formação de um governo, em vez disso decidiu antecipar o Halloween e agora o país vai divertir-se a saber quem vai aceitar ser um ministro morto-vivo de um governo que ainda não nasceu e já morreu. Pelo meio teremos pressões e chantagens sobre o país, ameaças de Apocalipse e um risco de conflito insanável na sociedade portuguesa.
Cavaco quase proibiu a formação de governos com o apoio do PCP ou do BE e foi mais longe, só aceita governos de direita.

Em tempo.
Gostei de ver Marco António Costa, a representar o PSD, no elogio à decisão de Cavaco.
Neste momento, seria difícil outro dirigente social democrata simbolizar melhor aquilo a que na sociedade portuguesa se convencionou designar por cavaquistas.

Naufrágio do Olívia Ribau criou ondas de choque na reunião de câmara realizada ontem

foto sacada daqui
Na reunião de câmara realizada ontem, segundo o jornal AS BEIRAS, por iniciativa de Miguel Almeida,  foram debatidas as operações de socorro aos náufragos do arrastão “Olívia Ribau”, tendo o vereador da oposição afirmado que “tudo funcionou mal”
Sublinhou ainda que não existe um plano de emergência para a barra e defendeu que a autarquia deve exigir responsabilidades legais ao Estado, por ainda não ter melhorado as condições de segurança no acesso ao porto da Figueira da Foz. 
“O estudo de impacte ambiental do prolongamento do molhe Norte já falava disto tudo. O problema não está no molhe, está nas consequências, que já se conheciam e ninguém fez nada para as mitigar ou eliminar”, apontou.
(Aqui, como é público, discordo frontalmente de Miguel Almeida, pois aqueles 400 metros de molhe, não são a tal obra mãe, mas a obra MADASTRA. Recordo os avisos feitos em devido tempo por quem sabe.
Na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vou recuar até ao já longínquo ano de 1996. 
Manuel Luís Pata,  no extinto  Correio da Figueira, a propósito da obra, entretanto  concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com  os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra  vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”)
Mas continuando a citar  Miguel Almeida, até porque NA FIGUEIRA E NO PAÍS EXISTE UM GRANDE PROBLEMA: A BARRA, “isto não pode ficar sem assunção de responsabilidades. Não se pode brincar com a vida das pessoas desta maneira”, defendeu Miguel Almeida.

O caldo esteve quase entornado, quando o vereador da oposição questionou o papel dos serviços municipais de Protecção Civil. 
Recorde-se que ainda decorriam as buscas dos cinco pescadores desaparecidos (morreram cinco e sobreviveram dois) e João Ataíde denunciava aos órgãos de comunicação social que não fora informado sobre a alteração do horário do posto local do Instituto de Socorros a Náufragos, que encerra às 18H00. 
Ontem, Miguel Almeida afiançou que o horário já vigorava quando o presidente tomou posse para o primeiro mandato – já lá vão quase 6 anos - e perguntou há quanto tempo não se reúne o Conselho Municipal de Segurança (CMS).
Ficámos a saber que a última  reunião foi há cerca de dois anos. João Ataíde justificou que não voltou a reunir-se porque estava à espera da elaboração do Plano Municipal de Emergência, que deverá ser apresentado no dia 2 de novembro.
Foi aí que as coisas subiram de tom. “Tenho pugnado, junto da administração do porto e da tutela, pelo desassoreamento permanente da barra. Não pode haver a perspectiva economicista que houve”, disse o presidente Ataíde, explicando, por outro lado, que, em caso de naufrágio, é a Autoridade Marítima que assume as operações, e não a Protecção Civil local. “Está a tentar fazer um aproveitamento (político) nefasto da tragédia", acusou João Ataíde, quando Miguel Almeida lhe perguntou se achava normal o CMS estar dois anos sem se reunir.
Esta questão irritou ainda mais João Ataíde. 
“Está a fazer insinuações torpes e graves! Está a insinuar que sou responsável por omissão neste processo!”, interregou o presidente. 
Miguel Almeida rejeitou a acusação e contra-atacou: “Tem de exigir ao capitão do porto que entregue o plano de emergência da barra. O mais grave é que o plano não existe e o presidente da câmara não pode conformar-se com isso!”
(Recordo, para quem não se lembre, que o presidente da Câmara tem a seu cargo a direcção das actividades a desenvolver no âmbito da Protecção Civil, cabendo-lhe designadamente, "criar e dirigir o Serviço Municipal de Protecção Civil Concelhio, procurando garantir a existência dos meios necessários ao seu funcionamento".
Isso passa, entre muitas outras coisas, por "convocar e presidir às reuniões da Comissão Municipal de Protecção Civil", "promover a cooperação de cada organismo ou entidade interveniente, diligenciando assim, o melhor aproveitamento das suas capacidades", "coordenar a elaboração do Plano Municipal de Emergência e promover a preparação, condução e treino periódico dos respectivos intervenientes", "promover e contribuir para o cumprimento da legislação de segurança relativa aos vários riscos inventariados, oficiando para o efeito aos órgão competentes", "promover reuniões periódicas da Comissão Municipal de Protecção Civil, sempre que necessário e no mínimo duas vezes por ano".)
Continuando  com a  reunião de ontem.
João Ataíde mostrou disponibilidade da autarquia para apoiar a Autoridade Marítima com meios de socorro. Por exemplo, indicou, com motas-de-água. Acima de tudo, sustentou o autarca, a cidade tem de ter “um porto seguro”
Neste pormenor, houve unanimidade, assim como no voto de pesar e no minuto de silêncio pelas vítimas mortais. 

Socorro a náufragos  deve ser «uma estrutura única e vertical que superintenda o sector»
Entretanto, reuniram-se ontem ao final da tarde, a pedido da autarquia, representantes da Anopcerco, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias, das associações Pró Maior Segurança dos Homens do Mar, dos Sócio Profissionais da Polícia Marítima e do Centro Litoral OP, assim como o próprio presidente da Câmara, que aprovaram por unanimidade um documento onde sublinham a necessidade de «acabar com a pulverização de tutelas sobre questões do mar», e que o próximo Governo crie «uma estrutura única e vertical que superintenda o sector». João Ataíde, que falou como “porta-voz”, focou ainda da necessidade da criação de uma Comissão para as Políticas do Mar, como uma das comissões permanentes da Assembleia da República e que o ISN seja dotado «de meios técnicos e humanos que permitam às suas estações terem guarnições adequadas, treinadas e em prontidão imediata».
Os oito participantes na reunião, representantes dos pescadores, armadores, Polícia Marítima, Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), contando com o autarca, vão enviar um manifesto a vários ministros, Presidente da República, primeiro-ministro, Associação Nacional de Municípios Portugueses e presidência da República. 
O caderno reivindicativo que resultou da reunião tem seis pontos. Começa por manifestar urgência em dotar o ISN de meios técnicos e humanos, passando para a necessidade de se fazer um “levantamento exaustivo” dos meios de socorro existentes e o seu estado de conservação. Depois, considera fundamental envolver as autoridades portuárias e refere que é premente realizar um estudo sobre a operacionalidade do sistema de busca e salvamento marítimo. O documento aborda ainda a urgência de se proceder a um apuramento das condições de navegabilidade e assoreamento das barras, “com especial atenção para a da Figueira da Foz”. Por outro lado, defende também que é necessário realizar “uma forte campanha de sensibilização junto dos armadores e pescadores sobre medidas de segurança a bordo”. Considera, ainda, que “é importante” criar uma comissão permanente da Assembleia da República para as políticas do mar. Por fim, defende o fim da “pulverização de tutelas” sobre questões do mar, propondo a constituição de uma estrutura única. 
Acerca da segurança a bordo, José Festas, da Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, considerou que o “colete salva-vidas é como o cinto de segurança: tanto mata como salva”
No caso do naufrágio da Figueira da Foz, disse: "se tivesse sido utilizado, não haveria sobreviventes entre os sete pescadores a bordo"

Estão em curso os trabalhos de remoção do pesqueiro, que se encontra no canal de navegação do porto. No molhe sul, ontem, estava a ser montada a estrutura técnica e operacional para tentar retirar o que resta do Olívia Ribau. 
Vamos ver os ensinamentos que resultaram desta tragédia,  que enlutou e causou enorme consternação na nossa cidade, na zona e em todo o País e o que daqui vai resultar de positivo para o futuro. Todos sabemos, que a barra da Figueira está como está, por vontade e intervenção dos homens.
Recorde-se, que o Ministério Público e a Marinha abriram inquéritos sobre as causas e as operações de socorro.