A apresentar mensagens correspondentes à consulta erosão costeira a sul ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta erosão costeira a sul ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Ainda há muita gente que não consegue compreender o porquê das coisas...

Via Diário as Beiras, edição de 30 de Junho de 2023:
"A Agência Portuguesa do Ambiente vai proceder à transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, entre 2024 e 2025, o chamado “big shot”. Mas o sistema mecânico permanente só deverá ser instalado dentro de 10 anos, o que gerou muitas críticas."
O Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro. O documento foi apresentado no dia 12 de Agosto de 2021.
Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
Um estudo no valor de cem mil euros contra os milhões constantes que se despendem em dragagens.
Em Setembro de 2018,  a Vereadora Ana Carvalho não só não se mostrou muito preocupada com a situação como até afirmou: "não sou grande defensora dessa solução"

Contudo, cerca de 3 anos depois,  a pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada, e será realizada. “Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de 12 de Agosto de 2021 pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
O estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, frisou o ministro, em declarações à margem da sessão.

O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.
A opção de avançar para a construção de um bypass era  para o presidente da Câmara de então, Carlos Monteiro, uma solução que permitia  “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro argumentou que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considera ser um gesto com “visão”.
Carlos Monteiro pediu ainda que o estudo apresentado fosse “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “fosse desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”. Até lá, lembrou, o problema da erosão da costa a sul do porto da Figueira iria a ser mitigado, até 2023, com o abastecimento de três milhões de metros cúbicos de areia, retirados do mar a norte do molhe norte.
Já o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, manifestou-se agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.
O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquiteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Como escrevi na altura, esperava, sinceramente, que tudo não fosse mais do que uma mera jogada de charme e de propaganda eleitoral.
Para mim, nascido e criado e a viver na margem sul do Mondego, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem desde há décadas...
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova, apesar dos milhões que já lá foram gastos para tentar resolver situações de aflição.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
No OUTRA MARGEM já escrevemos muito sobre este tema. Infelizmente, tudo o que foi alertado, em devido tempo, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
Todavia, pelo que assisti no dia 28 de Junho de 2023, no quase lotado auditório do CAE, no decorrer do debate promovido pela câmara municipal da Figueira da Foz, há muita gente na Figueira que, mesmo perante a realidade, não consegue compreender o porquê das coisas...

domingo, 17 de abril de 2022

Desviem as areias...

A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia, edição de Março de 2022

Se há coisa com que lido mal é com acidentes no mar. Sou filho, neto e bisneto de pescadores. Estas tragédias tocam-me profundamente. Tenho antepassados que tiveram o mar como sepultura eterna.


Naufrágios na barra da Figueira aconteceram muitos nos últimos 12 anos. Entre eles, o mais presente na memória das pessoas, foi o ocorrido no dia 6 do mês de Outubro de 2015. A Figueira da Foz ficou de luto. Ao final desse dia negro para a nossa comunidade piscatória, o arrastão Olívia Ribau afundou-se à entrada da barra e levou consigo cinco vidas. 


Porém, entre os inúmeros acidentes que ocorreram `na barra da Figueira, depois do acrescento dos 400 metros do molhe norte, destaco o que aconteceu em 25 de Outubro de 2013. O barco naufragado foi o "Jesus dos Navegantes". Registaram-se 4 mortos numa tripulação de 7 homens.

Passados pouco mais de 2 anos, em 21 de Dezembro de 2015, o Estado português, via Tribunal de Coimbra, condenou o Mestre Francisco Fortunato a uma pena suspensa de dois anos e seis meses de prisão.  O Homem do Mar foi acusado pelo Ministério Público do Estado Português de quatro crimes de "homicídio por negligência", por não ter cumprido a "Carta Náutica"… Não ter tido conhecimento de um "edital"… E não ter mandado vestir coletes e descalçar botas.

Mas será que "a forma como a barra do porto da Figueira da Foz foi construída não poderá ter ajudado ao naufrágio da Jesus dos Navegantes"? Essa foi, pelo menos, a tese do falecido mestre José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

A obra do acrescento dos 400 metros no molhe norte, iniciou-se em 2008 e ficou pronta em 2010. A partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar. Com o tempo acumulou as areias (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento levou ao consequente alteamento das vagas nessa zona. Dada a pouca profundidade existente na ponta do molhe norte, o mar parte o mar nesse local, o que torna difícil as entradas e saídas aos pequenos de pesca e iates.

Exactamente no mesmo local - barra do porto da Figueira da Foz - depois da obra, em 26.10.2010, 20.01.2012, 10.04.2013 e 25.06.2013, aconteceram outros quatro  naufrágios, com três mortos. Depois  do acidente  com o "Jesus dos Navegantes" em 25.10.2013 com quatro  mortos, aconteceu o naufrágio do Olívia Ribau (e outros estiveram iminentes) com mais cinco mortos. Em Novembro passado, os graves problemas de segurança da barra da Figueira da Foz, com o assoreamento que torna o mar violento e traiçoeiro,  provocaram mais uma tragédia naquele local. Quatro amigos, pescadores amadores, morreram após a embarcação onde seguiam, a ‘Seberino II’, ter virado e naufragado entre as praias do Hospital e da Cova, a sul da barra.

Para quando a realização de um inquérito - a sério - à operacionalidade da barra depois das obras do prolongamento dos 400 metros do molhe norte?

No passado dia 10, perto da embocadura da barra da Figueira, o mar virou a lancha dos pilotos, que iam dar entrada a um navio que vinha com destino ao porto comercial para carregar argila. No acidente houve a registar 2 feridos e danos na embarcação utilizada pelos pilotos da barra da Figueira. Segundo o que li no Diário de Coimbra, "à situação não foi alheio o assoreamento". 

O velho problema de conseguir assegurar a manutenção desassoreada de uma instalação portuária  destinada também a barcos pequenos, de pesca e de recreio e não apenas a cargueiros continua. O acidente com os pilotos da barra confirma isso mesmo. Se há alguém que conhece a barra como as próprias mãos, são os profissionais que todos os dias operam na barra da Figueira e estão sujeitos a cumprir todas as regras e procedimentos instituídos na "carta Náutica".

Como certamente estão lembrados, 2021 foi ano de eleições autárquicas. Aconteceram a 26 de Setembro. O Governo, quiçá por mera coincidência, antecipou a divulgação pública do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para Setembro de 2021.  O documento foi apresentado no dia 12 de Agosto de 2021: esse foi o tempo considerado certo para anunciar o estudo de viabilidade do bypass. 

Continuamos a aguardar pelo tempo certo para o transformar em projecto... E, depois, em realidade. Recorde-se que o estudo do bypass, que custou 264 mil euros, foi adiado durante anos. Contudo, mais vale tarde do que nunca. Em 12 de Agosto, a  pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada. 

“Avaliada esta solução (da transferência de areias) não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.

O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de 12 de Agosto de 2021 pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avaliou quatro soluções distintas de transposição de areias e concluiu, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.

O estudo situa o investimento inicial com a construção do by pass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, (a operação) possa ser financiada”, disse o ministro.

O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.

A opção de avançar para a construção de um bypass era em Agosto de 2021, para o então presidente da Câmara da Figueira da Foz, Dr. Carlos Monteiro, uma solução que permitia “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro, na altura, disse que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considerou ser um gesto com “visão”.

Carlos Monteiro solicitou que o estudo  apresentado fosse “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “fosse desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”. 

Também na altura, o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, se manifestou agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.

O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquicteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Passaram sete meses. Espero, sinceramente, que tudo tenha sido mais do que uma mera tentativa de jogada de propaganda eleitoral. 

"Há muitos anos que, para mim, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem e que o processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.

Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova. Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."

Escrevemos o que está entre comas, no blogue OUTRA MARGEM em 11 de Dezembro de 2006. Passados quase 16 anos, infelizmente, continua actual. Depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do Mondego tem avançado. A barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores. A Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. A pesca está a definhar. Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...

O Dr. Santana Lopes é agora o novo presidente de câmara. É ele que tem que perceber e saber  lidar  com as as consequências das diferentes dinâmicas que construíram  e desconstruíram a orla costeira no concelho da Figueira da Foz. "Um sistema complexo com uma instabilidade natural (decorrente de marés, das correntes, dos fenómenos meteorológicos, das derivas de sedimentos) mas também decorrente da acção humana, salientando-se aqui a interferência da barra do porto marítimo da Figueira da Foz e do seu prolongamento". 

O impacto ambiental causado pelo crescimento dos molhes  - uma infraestrutura que inibe a deriva de sedimentos acumulados na praia da Figueira da Foz (seguramente a maior praia da Europa) acelerou a erosão da costa a sul, colocou ao território do nosso concelho desafios que têm de ser defrontados com responsabilidade e ousadia. 

As soluções, ao que parece existem. A proposta do bypass - um sistema mecânico de bombagem permanente de areias que permitam restabelecer em grande parte a dinâmica dos sedimentos que alimentam a costa, já foi assumida pelo ainda ministro do Ambiente como a mais indicada. 

Se a situação foi estudada e a solução encontrada, continuamos à espera de quê? "O mar é a nossa terra". Temos de saber entende-lo e saber lidar com ele. E, sobretudo, nunca tentar contrariar a sua força, pois isso é impossível... 

domingo, 3 de dezembro de 2017

O Cabedelo até pode ficar um brinquinho (o que eu duvido...), mas existem prioridades na governação de um autarquia...

São conhecidas as tradicionais faltas de verbas do INAG (Instituto da Água).
Pelo menos, para algumas coisas...
Mas existem prioridades. Ou, antes, deveriam existir!...
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Pode haver falta de verba, mas existem prioridades...
(OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006)
Foto Márcia Cruz

Senhor Presidente João Ataíde:
Não quero ser, muito menos parecer, pretensioso e cair na tentação fácil de me sentir diferente dos demais. 
Contudo, o modo como a maioria dos políticos organiza e define as nossas vidas, com uma inversão total de prioridades, leva-me a esboçar um leve sorriso!
Não gostaria de continuar a sorrir por este motivo.
O momento não está para politiquices: a erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...
Claude Chabrol, disse um dia o seguinte: "a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem os seus limites... Mas a estupidez não!" 

O meu saudoso Amigo e Mestre nestas coisas de entender o mar, Manuel Luís Pata, fartou-se de me dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".

Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 14 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra"
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
E não foi por falta de avisos que foram cometidos tantos erros de planeamento territorial e urbanístico na na Figueira da Foz.

Voltando ao saudoso Mestre  Manuel Luís Pata, também sempre uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte. Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008,  confessou-me: "ninguém ouve".
Recordo, também, algumas frases de Pinheiro Marques numa entrevista dada à Voz da Figueira em 26 de Novembro de 2008 : “os litorais da Cova-Gala, Costa de Lavos e Leirosa vão sofrer uma erosão costeira muitíssimo maior, com o mar a ameaçar as casas das pessoas e o próprio Hospital Distrital.
Devido à orientação obliqua do molhe norte, os barcos pequenos, as embarcações de pesca e ao iates de recreio, vão ter de se expor ao mar de través. Poderá vir a ser uma situação desastrosa para os pescadores e os iatistas e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio”.

Não podemos esquecer  11 de abril de 2008, uma sexta-feira.
Apesar dos vários alertas feitos em devido tempo, o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado nesse dia, um ano depois do lançamento do concurso público que sofreu reclamações dos concorrentes e atrasos na análise das propostas.
Cerca de 9 anos depois de concluída a obra, a barra, para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. 
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que é alarmante: o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.

E o que tem feito a Câmara Municipal pelas populações sofridas e desesperadas do sul do concelho, vítimas deste flagelo que é a erosão costeira?
Pouco, para não dizer nada. 
Eu sei que o presidente tem um trabalho gigantesco na CIM e cinco vereadores e meio não chegam para nada...
E depois, agora  também não é oportuno, pois com o frio e o Inverno que se aproxima a passos largos, a vida é mais citadina no aconchego dos gabinetes dos paços do concelho e pouco apetece sair. 
O frio tolhe os movimentos e a chuva aconselha a ficar no conforto do edifício da Saraiva de Carvalho...
São tempos de cadeirão no conforto e no aconchego do ar condicionado! 
Nem esta luminosidade límpida, dos dias soalheiros de inverno, como o de hoje, vos motiva, ao menos, para fazerem umas fotos?
Bom, se calhar, pensando melhor, não é boa ideia: ficavam com os deditos enregelados...

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

SOS Cabedelo (e outros) anda há muito a alertar para os problemas da erosão a sul do Mondego


Conforme provam as imagens - e muitos exemplos podem ser conferidos aqui -  as preocupações do SOS Cabedelo, assim como as de mais alguns, com a problemática da erosão a sul do estuário do Mondego, já vêm de muito longe e os alertas e avisos aconteceram antes das obras.
Portanto, essa conversa de "treinadores de bancada" pode servir para tudo, menos neste caso em concreto. A cidadania, arrostando até com ameaças, cumpriu o seu papel. Se, quem de direito, ignorou o contributo dos cidadãos, isso não é culpa de quem tentou evitar este atentado ambiental. 
Continuando a cumprir o seu papel, mais uma vez, "o movimento cívico SOS Cabedelo, da Figueira da Foz, alertou para o risco em que se encontram as praias da costa sul do concelho na madrugada face à previsão de forte agitação marítima para hoje, conjugada com a maré alta que foi às 02H36 da madrugada e volta a registar-se às14H57."
Citando a edição de hoje do Diário as Beiras.
"Estão previstas ondas de seis a 11 metros, disse ontem, na reunião da câmara, o presidente Pedro Santana Lopes, que foi ontem ao terreno de forma preventiva, tendo contactado, ontem, Pimenta Machado, vice-presidente da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), juntas de freguesia daquela área e a proteção civil. 
Em declarações à agência Lusa, Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, deu conta de que as previsões para o estado do mar indiciam uma situação preocupante, que vai afetar as praias do Cabedelo, Cova-Gala, Leirosa e Costa de Lavos. Miguel Figueira lamentou que as praias da costa sul da Figueira da Foz estejam “vulneráveis e desprotegidas” para resistir a fenómenos normais do mar.
Uma política que “vê o mar como inimigo” 
“Estamos fartos desta política costeira, que vê o mar como inimigo e se apronta a atirar-lhes com pedra. A única maneira que temos de fazer proteção costeira é perceber como o mar funciona e trabalhar com ele”, sublinhou. No caso do Cabedelo, cuja intervenção o movimento SOS contesta desde a sua execução, Miguel Figueira defendeu que os galgamentos vão continuar a existir enquanto não for colocada areia à frente da duna primária. 
Críticas também dirigidas à APA
 “A APA deu cobertura a uma intervenção nunca vista em lado nenhum, ao meter areia atrás da duna, que não faz nada, pois tem de ser colocada na praia à frente da duna”, explicou. O SOS Cabedelo tem defendido a construção de um bypass, que faça transferências contínuas de areia, “para que a praia esteja bem nutrida e a dissipação de energias (do mar) se faça muito antes do mar atacar a duna primária”
Outro dos pontos críticos apontados por Miguel Figueira é a praia da Cova- -Gala, que sofreu “intervenções erradas há muitos anos” e que devia receber alimentações de areia no fim do verão, que já não são efetuadas desde 2019. 
O problema da erosão costeira tem sido uma temática bastante discutida na Figueira da Foz, tendo-se realizado no dia 15 uma sessão de esclarecimento com a APA sobre as intervenções previstas para o concelho. Na reunião, o presidente da câmara exigiu celeridade nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou com formas de luta se os processos não avançarem."

Tudo foi dito e escrito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar... Resta-nos a promessa dos paquetes de passageiros e os números das toneladas dos cargueiros...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

As visitas dos políticos em anos eleitorais...

Como podem ver, clicando aqui, o Quinto Molhe está "IMPRESSIONANTE"...
Acabei de saber pelo Diário as Beiras, edição de hoje, que o deputado do PSD, eleito por Coimbra, Paulo Leitão, se deslocou à Praia da Leirosa, tendo na agenda da “visita de trabalho” o avanço do mar e os riscos da erosão costeira para a população. 
Ao senhor deputado Paulo Leitão, na qualidade de habitante de uma freguesia das mais afectadas pela erosão costeira, dado que o que está em causa e em risco, é a segurança de pessoas e bens, como já fiz noutras ocasiões a outros políticos, apenas o quero alertar para o seguinte:  o momento não está para politiquices. A erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...

Recordo o meu saudoso Amigo e Mestre nestas coisas de entender o mar, Manuel Luís Pata: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa, deputado PSD - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas"é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".

Como se optou por defender o acrescento do molhe norte - e nisso o seu partido o PSD tem muitas culpas: Duarte Silva, então presidente da câmara foi um acérrimo defensor desta aberração - passados estes anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra"

Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia a norte, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
E não foi por falta de avisos que foram cometidos tantos erros de planeamento territorial e urbanístico na na Figueira da Foz.

Voltando ao saudoso Mestre  Manuel Luís Pata, uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte que os decisores políticos não ouviram, como ele aliás, sabia. 
Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008,  confessou-me: "ninguém ouve".
Recordo, também, algumas frases de Pinheiro Marques numa entrevista dada à Voz da Figueira em 26 de Novembro de 2008 : “os litorais da Cova-Gala, Costa de Lavos e Leirosa vão sofrer uma erosão costeira muitíssimo maior, com o mar a ameaçar as casas das pessoas e o próprio Hospital Distrital.
Devido à orientação obliqua do molhe norte, os barcos pequenos, as embarcações de pesca e ao iates de recreio, vão ter de se expor ao mar de través. Poderá vir a ser uma situação desastrosa para os pescadores e os iatistas e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio”.
Contra todos os alertas que apelavam ao bom senso a obra fez-s por razões políticas, pois era preciso apresentar obra. Em 2009 houve eleições e aquilo dentro do PSD Figueira era um turbilhão...

Recordo ainda, que não podemos esquecer o dia 11 de abril de 2008, uma sexta-feira.
Apesar dos vários alertas feitos em devido tempo, o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado, um ano depois do lançamento do concurso público que sofreu reclamações dos concorrentes e atrasos na análise das propostas.
Cerca de 12 anos depois de concluída a obra, a barra, para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada, como certamente o senhor deputado teve oportunidade de ver no périplo que realizou. 
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que o mar está a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.

Senhor deputado do PSD, eleito por Coimbra, Paulo Leitão: espero que a sua visita seja um contributo efectivo para a resolução de um problema, que é grave e preocupa milhares de pessoas.
O senhor, como deputado da nação, sabe melhor do eu, que o processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental. A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da CovaPor vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Escrevi o que está acima a itálico, em 11 de Dezembro de 2006. Está mais actual do que nunca. Bastaria ter-se deslocado um pouco a norte da zona do Quinto Molhe: ao Cabedelo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Erosão costeira e o inverno que se aproxima: se preocupado estava, mais preocupado fiquei...

Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2022
Se apreensivo e preocupado foi para a sessão de ontem no Auditório do Museu, mais apreensivo e preocupado veio depois da realização dessa reunião.
Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles  estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz. 
Para não nos alongarmos muito, lembramos um - que nem sequer foi referido na reunião de ontem. 
O último, que foi ventilado na reunião de ontem, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, e que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.
Fica o resumo do que ocorreu na reunião, via Notícias de Coimbra.
«O presidente da Câmara da Figueira da Foz exigiu ontem celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Numa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, que decorreu ao fim da tarde de ontem no auditório municipal, Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir prazos dos procedimentos legais.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, enfatizou o autarca, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Relativamente à intervenção que já esteve agendada para maio, de transferência de 100 mil metros cúbicos de areia na área costeira da Cova-Gala, para reforço do cordão dunar, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, disse que a intervenção está iminente, embora a “janela de tempo para intervir é curta e difícil” devido às condições do mar.
Segundo o responsável, o processo concursal está concluído para a intervenção avançar.
O vice-presidente da APA adiantou ainda que está prevista uma resposta de médio prazo, que consiste na construção de um “big shot” que vai transferir 3,3 milhões de metros cúbicos de areia na praia a sul na Cova Gala e dentro do mar, num investimento estimado de 20 milhões de euros, cujo concurso público deverá ser lançado ainda em 2023, após a realização de um estudo de impacte ambiental que dura seis meses.
Como estratégia de longo prazo, Pimenta Machado apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.»

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

CHEGA de sofrimento, venha de lá essa "intervenção rápida a curto prazo", pois a erosão a sul do quinto molhe da Praia da Cova não pode esperar mais...

Segundo o Diário as Beiras, «está a circular um abaixo-assinado na Freguesia de São Pedro sobre a erosão costeira, que será entregue aos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, Carlos Monteiro e José Duarte, respetivamente.»
Ontem, na reunião de câmara, respondendo ao vereador da oposição Ricardo Silva sobre a erosão costeira na margem sul do concelho, Carlos Monteiro adiantou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “tem sido contactada [pela câmara] para fazer uma intervenção rápida”
Carlos Monteiro avançou, que será depositada areia junto ao quinto molhe antes do verão. “Acredito que, a curto prazo, será encontrada uma solução para atenuar a situação”, acrescentou o presidente da câmara municipal.

A aflitiva situação de erosão costeira a sul do Quinto Molhe, não é de hoje, nem de ontem, nem de 2017, ano da última campanha eleitoral...
Não é por nada de especial, mas por uma simples razão: a situação a sul do quinto molhe na orla costeira da freguesia de S. Pedro continua a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito...
Os blogues são mesmo assim, os textos vão-se sucedendo, as ideias vão-se misturando e, aos poucos, a realidade vai sendo esquecida: o mar há muito que está a invadir a freguesia de S. Pedro.

Fazer política partidária com assuntos sérios da minha Terra, não é, nunca foi e nunca será a minha especialidade. 
Não sou ingénuo. Sei que na luta política partidária, em ano de eleições, vale quase tudo. Este ano, ainda vai valer mais tudo...
Tudo se vai cozinhar na sombra. A Aldeia, como sempre, não dará por nada, não sentirá o drama. O terreno é propício e fértil para a intriga e a trama.
Foi assim que foram escolhidos os "eleitos", aqueles que, não se distinguindo em nada de outras tantas dezenas anteriores, são os escolhidos, eleição após eleição, pelos pequenos donos (para uns, para outros deuses...) da Aldeia

Há muito que não tenho corpinho para usar certas vestes e frequentar certos ritos dominicais. 
Na parte associativa, sou sócio das agremiações que sou, desportivas e outras, por convicção. 
Na política, não tenho feitio para estar filiado.
Gosto de dar nas vistas e falar das coisas,  sem obedecer a calendários eleitorais, mas pela importância e pela urgência da causa.
Por isso, não consigo entrar em certos ajuntamentos políticos
A escolha por aqui ou por ali tem tudo a ver com isso e passa  por coisas que não são a minha especialidade: espírito para a trama e para a bajulice, espinal medula quebrada, ausência ou anulação de opiniões próprias.  
Resumindo: ausência de sentido de cidadania.

Entretanto, apesar dos alertas que andam a ser feitos há mais de 15 anos, o Quinto Molhe está assim.
E, essa sim, continua a ser a minha real e profunda preocupação, pois a ameaça que paira sobre a cabeça da Aldeia dura há vários anos e é, cada vez mais, efectiva e real.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A realidade e os políticos...

foto antónio agostinho
Os pescadores das embarcações de pesca artesanal da Figueira da Foz estão há cerca de dois meses sem ir ao mar devido ao mau tempo, mas também por causa das condições da barra, que alegam estar assoreada.
"A situação está a afetar 30 a 40 embarcações e cerca de 100 famílias. A barra tem estado sempre fechada de há uns meses para cá. Desde outubro ou novembro, só fomos 10 dias ao mar ou pouco mais", disse à agência Lusa Alexandre Carvalho, pescador e proprietário de uma embarcação.
Embora admita que no inverno é "comum" a barra estar fechada à navegação de embarcações mais pequenas - um balão negro, "a meio pau", no Forte de Santa Catarina, sinaliza a proibição de navegação a embarcações com menos de 11 metros -, Alexandre Carvalho sustenta que depois de terminadas as obras nos molhes do porto, a draga "deixou de atuar" e a barra "está assoreada", dificultando o acesso aos pequenos barcos de pesca, com cerca de nove metros."

José Nunes André, é um geógrafo e investigador universitário e  tem vindo a monitorizar a acumulação de sedimentos através de três perfis transversais, elaborados numa faixa de dois quilómetros de comprimento no areal entre a Figueira da Foz e Buarcos.
Em 5 de Março de 2012, quase há um ano, li a seguinte notícia:
"Tem dado uma média de 40 metros ao ano de crescimento da praia. E a sul [dos molhes do porto] temos o reverso da medalha, as praias estão a recuar assustadoramente. As praias da Cova Gala e da Leirosa recuaram 15 metros num ano".
De acordo com o investigador, o ritmo de crescimento do areal da Figueira da Foz é, atualmente, superior ao verificado aquando da construção original do molhe norte, nos anos 60 do século passado.
A praia, explicou na altura (conforme dei conta neste blogue), cresceu cerca de 440 metros até à década de 1980 e, a partir daí, nos últimos 30 anos, a acumulação de sedimentos reduziu de intensidade e praticamente estabilizou.
No entanto, com a obra de prolongamento do molhe - concluída no verão de 2010 -, o areal voltou a crescer e, atualmente, apresenta 580 metros de largura máxima entre a marginal e a orla marítima, segundo as medições feitas por José André.
Este geógrafo recordou que, por ocasião da obra, o período estimado de crescimento do areal foi estabelecido em 12 anos. Segundo os dados de que dispõe, e a manterem-se os valores observados, o prolongamento da praia vai ocorrer "apenas em seis, sete anos, até que as areias contornem o molhe".
O crescimento da praia em largura representa ainda, segundo o geógrafo, uma acumulação anual de 290 mil metros cúbicos de areia na faixa estudada, o equivalente a 290 mil toneladas.
Mas, se a norte do Mondego a areia acumula, a erosão cresce nas praias a sul.
Na Leirosa, no extremo do concelho da Figueira da Foz, as autoridades construíram, no final de 2011, uma duna artificial para proteger um bairro habitacional do avanço do mar, com areia retirada a norte de um pequeno esporão ali existente, procedimento que merece críticas do investigador.
"Interrompeu-se a alimentação a sul. Nunca era de tirarem a areia a norte do esporão, porque ela estava já a passar naturalmente para sul, tinham era de se ir buscá-la onde ela se acumula e não faz falta, na praia a norte do rio Mondego".

Ontem, políticos do PS e do PSD,   andaram à pesca para os lados da Leirosa...
Presumo que a pescaria não deve ter sido lá grande coisa, pois este "peixe já está congelado há muito"...
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
E o essencial, neste momento, para quem vive e trabalha no concelho da Figueira é  a erosão costeira a sul do estuário do Mondego e o assoreamento da barra da Figueira. 
Para já, porém, ao que parece, existem outras preocupações prioritárias: a pré-campanha eleitoral… 
É do conhecimento geral a forma como as máquinas partidárias se  desligaram das vidas reais das pessoas: mas isso é culpa das pessoas reais -  as máquinas não pensam... 
Enfim, estamos a viver um momento em que quase apetece arrumar as botas, que a razão já tem pouco a ver com o que se passa e vai continuar a passar nesta bela cidade da Figueira da Foz, em particular, e no país, em geral.
Mas, tenhamos um restinho de esperança: um dia ainda hão-de ser de forma genuína as pessoas a contar.

Nota de rodapé.

Para poupar tempo e trabalho, destacamos apenas algumas postagens que temos feito ao longo dos anos de existência deste espaço, sobre o tema da erosão costeira na Figueira, para tentar alertar os diversos  "quens" de direito.
Por exemplo, estaestaestaesta, estaesta.
Mas há mais. Basta escrever no canto superior esquerdo a palavra erosão e clicar.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Erosão costeira e o(s) inverno(s) que se aproxima(m) no Quinto Molhe

A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.  
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.
Há um ano e 16 dias, a 15 de Novembro de 2022, realizou-se no Auditório do Museu Municipal uma reunião sobre a problemática da erosão costeira.
Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, se apreensivo e preocupado foi para a sessão, mais apreensivo e preocupado ficou depois da realização dessa reunião.
Mais uma vez, depois de ouvir os oradores verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2023. 
Pior que em 2022. 

Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles  estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz. 
Para não nos alongarmos muito, lembramos um, alertado por nós há mais de 20 anos - que nem sequer foi referido na citada reunião. 
Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
O último grande erro cometido, que foi ventilado na reunião de 15 de Novembro do ano passado, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.

Na altura, o Dr. Pedro Santana Lopes , presidente da Câmara da Figueira da Foz, exigiu celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Nessa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, o Dr. Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir para prazos dos procedimentos legais.
Recordemos as suas palavras.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, sublinhou na altura o autarca figueirense, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Na mesma reunião, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.

Como dá para ver nada acontece por acaso.
Percebem agora o motivo pela qual o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”?
Pimenta Machado, foi claro há um ano e dezasseis dias no Auditório Municipal da Figueira da Foz: "como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões."
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.

A deputada Raquel Ferreira, que já decidiu, "com os seus mais fortes sentidos de ponderação,  humildade e responsabilidade,  anunciar a  recandidatura à Concelhia do PS da Figueira da Foz", foi apanhada na curva apertada que o PS está a percorrer.  
Pois.
Porém, é em momentos destes, «como recomendava Mário Soares que " um político tem de se assumir".»

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Erosão costeira a sul do quinto molhe: estamos em Agosto de 2017, ano de eleições autárquicas, sempre aquele tempo de esperança acrescida...

Foto Márcia Cruz
"Isto estava assim no inverno. Neste momento não existe sequer a passadeira e o mar avançou a destruição da duna à vontade uns 10 metros... Há mais de 5 anos que o Município tem conhecimento. E o que fizeram?"
Márcia Cruz

Nota de rodapé.
Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, já lá vão quase 11 anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da freguesia de S. Pedro, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridade. 
Continua a ser... 
Até porque, entretanto, pouco se fez.
Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. 
Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Ao longo destes longos 11 anos anos, nunca nos cansámos de alertar para aquele que, do nosso ponto de vista, é o maior problema da Cova e Gala: a situação a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro, continua a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito.
A preocupação do autor deste blogue, tem a ver com o facto deste local, por si só,  passar despercebido aos meios de comunicação local, regional e nacional, dado o facto do avanço das águas do mar não encontrar pela frente aglomerados populacionais, um apoio de praia ou uma barraca de surf... 
Aparentemente, no imediato, não é uma ameaça à vida das pessoas e à segurança dos seus bens... 
Isso pareceu-me sempre o mais preocupante e perigoso, pois 500 metros, a norte, e 2 ou 3 quilómetros, a sul, lá estão as pessoas e os bens,  à mercê da fúria do mar, por incúria e ganância do homem. 
Mais uma vez estamos em Agosto, sempre um mês de esperança acrescida, sempre aquele mês descontraído por natureza, onde o tempo parece ter mais tempo para a esperança! 
Se todos temos que acreditar em algo, acreditemos no que foi publicado no Diário de Coimbra de 10 de agosto de 2016.
Todos concordamos com o actual presidente da junta e candidato a novo mandato: "se o inverno for «rigoroso», a área «vai ser de novo pólo de uma grande preocupação".

sábado, 4 de junho de 2022

Esperemos que seja desta: mais do que de palavras, precisamos mesmo é da areia já prometida por diversas vezes


Na edição de hoje do Diário de Coimbra,  podemos ler esta notícia sobre um tema que nos tem feito criar inimigos - principalmente, entre os políticos figueirenses que estiveram no poder anos e anos e pouco fizeram para tentar inverter o rumo  dos acontecimentos que nos fez chegar a 5 de Junho de 2022.

Quem acompanha este blogue sabe que, ao contrário de muitos que se calaram perante os erros cometidos pelo poder central - nesses, sublinho os políticos que passaram pela Junta de Freguesia de S. Pedro, nos últimos 15 anos - somos a voz que nunca se calou, independentemente da conjuntura política local e nacional.  

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006já lá vão quase dezasseis anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser... 

Até porque, entretanto, as experiências que se fizeram não resultaram.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. 
Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...

Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de quase dez anos prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos, por isso,  ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... *

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: tentar sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar. Tudo nos está a ser levado...
Esperemos que seja desta...

* - (IRONIA DO DESTINO. OS MESMOS QUE ME CRITICAVAM POR ESTAR SEMPRE A CRITICAR, SÃO OS MESMOS QUE NOS ÚLTIMOS MESES ME TÊM TENTADO LINCHAR EM PRAÇA PÚBLICA, ACUSANDO-ME DE AGORA NÃO CRITICAR...
SÓ NÃO DIZEM O QUÊ E QUEM.
OS LEITORES QUE COSTUMAM FREQUENTAR O OUTRA MARGEM, SÃO INTELIGENTES E TÊM O PODER DE ANÁLISE SUFICIENTE EVOLUÍDO PARA SABEREM QUE ESTE ESPAÇO CONTINUA IGUAL.
O QUE MUDOU FOI A REALIDADE LOCAL. OS FIGUEIRENSES É QUE FIZERAM AS ESCOLHAS. E EM DEMOCRACIA, GOSTE-SE OU NÃO, QUEM DECIDE É O POVO. 
O QUE ESTÁ À VISTA DE TODOS É QUE QUEM NUNCA SOUBE GANHAR, QUANDO PERDEU FICOU COMPLETAMENTE AZIADO, O QUE AINDA NÃO LHE PERMITIU DIGERIR A DERROTA...).