António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 9 de abril de 2024
domingo, 6 de março de 2022
Memórias de Adriano, 80 anos depois
"Adriano Correia de Oliveira “cantou Abril antes de Abril”, mas tem sido muito esquecido. Se fosse vivo, Adriano Correia de Oliveira faria 80 anos a 9 de abril. Uma exposição alusiva à vida e obra do cantor - que vai percorrer o país - a edição de livros e concertos assinalam a data. Manuel Alegre, autor da maioria das canções por ele interpretadas, lembra-o como "o mais corajoso", e ainda assim, esquecido."
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
José Afonso
Falecido a 23 de Fevereiro de 1987, com 57 anos, Zeca Afonso, como também é conhecido, começou a sua carreira com a gravação de fados e baladas de Coimbra. Porém, viria a ser pela interpretação de canções, onde a mensagem era tão importante quanto a melodia, que ficaria a ser conhecido.
Ainda antes do 25 de Abril, gravou em Londres, Madrid e Paris, sempre tendo em atenção a realidade portuguesa, álbuns como «Traz Outro Amigo Também», «Cantigas do Maio», «Eu vou ser uma toupeira» e «Venham Mais Cinco».
Um mês antes da revolução, o cantor interpretou «Grândola, Vila Morena» no Coliseu de Lisboa, ao lado de Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo e Manuel Freire.
Em 1983, já numa fase avançada da sua doença, regressou ao Coliseu de Lisboa para o seu último espectáculo. As homenagens multiplicaram-se e foi condecorado com a Ordem da Liberdade.
Dois anos depois, Zeca Afonso edita o seu último disco, "Galinhas do Mato", no qual, devido ao estado da doença, não consegue interpretar todas as músicas previstas.
Actualmente, muitas das músicas de Zeca Afonso continuam a ser gravadas por diversos artistas portugueses e estrangeiros. A sua obra continua a ser reconhecida e apreciada. E merece ser ouvida.
sábado, 26 de abril de 2014
Sala cheia ontem nos Caras Direitas para "Respirar Abril - 40 anos" ...
foto António Agostinho |
Adriano cantou poucos anos antes de 25 de Abril, as canções de Manuel Alegre, no Canto e as Armas e é, sobretudo, a poesia de Alegre que remete para Adriano: “ Quem poderá domar os cavalos do vento/ quem poderá domar este tropel/ do pensamento à flor da pele? Quem poderá calar a voz do sino triste/ que diz por dentro do que não se diz/ da fúria em riste/ do meu país?"
Estas letras, como Trova do vento que passa, cantadas pela voz única de Adriano, soaram antes e depois de 25 de Abril de 1974.
Não eram proibidas, ouviam-se na rádio, embora pouco e no disco Gente de aqui e de agora. As músicas, na sua maioria, eram de José Niza. Este disco de 1972, será porventura o mais emblemático do “trovador militante”.
O trovador militante, nos anos setenta, cantava a liberdade, nas palavras de Poetas, como Manuel Alegre e Manuel da Fonseca.
Ontem nos Caras Direitas, 40 anos depois do 25 de Abril, onde parou a liberdade cantada por outros Poetas de Abril, como Ary dos Santos, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca ou Sidónio Muralha?
O PS, do lado esquerdo, mantém Manuel Alegre, no lugar simbólico, onde continua a congregar todas as ilusões.
O PS, há muito, colocou o socialismo numa gaveta sem fundo e retomou ideias alheias, mesmo liberais que os desvirtuam, mas os idealistas, mesmo com protestos, ainda por lá andam, a cantar e a comemorar o passado.
Ainda por lá andam, mas sem futuro...
Vai valendo a memória poética e musical, aliás de grande riqueza e sentido, como se viu ontem nos Caras Direitas.
Termino como comecei: apesar da selecção poética ter sido pouco abrangente, gostei de ter estado ontem à noite nos Caras Direitas e ver uma sala cheia para "Respirar Abril - 40 anos" depois.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Grândola Vila Morena ... o porquê a canção de Abril
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Para memória futura
imagem sacada daqui |
terça-feira, 16 de outubro de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Ouvir Adriano em Abril de 2011
Tomei contacto com a a voz de Adriano antes de Abril de 1974.
Continuam a ser actuais.
sábado, 16 de outubro de 2010
quinta-feira, 9 de abril de 2009
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Saudades do Adriano....
Adriano Correia de Oliveira completaria hoje, se fosse vivo, 65 anos.
Nascido no Porto a 9 de Abril de 1942, morreu cedo de mais: apenas 40 anos depois, em Avintes, a mesma localidade que o viu crescer.
Juntamente com José Afonso, foi um dos principais renovadores da canção de Coimbra, principiador do movimento de renovação da música em Portugal (conhecida por "balada") e uma das principais vozes da Resistência ao fascismo.
Para ouvir música do Adriano, clicar aqui
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Vinte anos depois da morte do Zeca
(a partir das 22:30 a Antena 1 realiza uma emissão especial no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, onde Vitorino, Janita Salomé e ZéCarvalho cantarão canções do poeta)
José Afonso, uma referência cívica de Portugal, morreu faz hoje 20 anos.
Possivelmente, a sua música vai ouvir-se na rádio.
Possivelmente, haverá depoimentos na televisão.
Tudo isto, possivelmente, só hoje.
"E se não fossem as efemérides talvez nunca o ouvíssemos".
"José Afonso tornou-se igualmente incómodo antes e depois do 25 de Abril. É impossível pôr em causa a sua qualidade musical, por isso houve quem preferisse atacá-lo pelo lado político."
Mais próximo das utopias do que "das grandes tramóias políticas", José Afonso tornou-se inconveniente.
"Mesmo reconhecendo o seu valor, sabendo que ele tinha um sentido harmónico extraordinário e uma voz excelente."
Em 1987, José Afonso deixou-nos, vítima de doença incurável. Além de ser, juntamente com Adriano Correia de Oliveira, um dos mentores da canção de intervenção em Portugal e um baladeiro/compositor notável, soube conciliar a música popular portuguesa e os temas tradicionais com a palavra de protesto. Zeca trilhou, desde sempre, um percurso de coerência. Na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarento, na denúncia dos oportunistas, dos "vampiros" que destroçaram Abril, no canto da cidade sem muros nem ameias, do socialismo, da "utopia”.
Injustiçado por estar contra a corrente, morreu pobre e abandonado pelas instituições. Mas não temos dúvidas, a voz de "Grândola” perdurará para lá de todos os chacais.
"O Zeca foi injustiçado em vida e continua a ser muito injustiçado depois de morrer”.
Mas nem tudo é negativo: apesar de tudo, neste dia, o Zeca vai estar disperso pelo país.