Num documento a que a agência Lusa teve acesso, 14 dos 15 diretores de serviço e unidades funcionais do HDFF, consideram
“inaceitável não ter havido qualquer tipo de diálogo” por parte da administração
“na discussão de possíveis medidas de racionalização de custos ou soluções a propor”.
O documento é assinado, entre outros, por José Couceiro, antigo diretor clínico e diretor dos serviços de Cirurgia e Cirurgia Ambulatória, Fernando Pereira (Ortopedia), antigo presidente do conselho de administração, Amélia Pereira (Medicina), Abílio Gonçalves (Urgência) ou Nuno Figueiredo (Pediatria).
Em causa, dizem, está o possível encerramento do hospital de dia oncológico, a suspensão da atividade da viatura médica (VMER/INEM) e o encerramento do bloco operatório no período noturno.
As propostas que visam a redução de 11 por cento dos custos operacionais e menos cinco por cento no orçamento de 2012 – totalizando cerca de cinco milhões de euros – incluem ainda a redução da equipa médica de urgência durante a noite (um cirurgião, anestesista e ortopedista), redução de pessoal na triagem da urgência pediátrica e de enfermeiros no bloco operatório.
Os diretores de serviço alegam que apenas tomaram conhecimento de “extratos” do documento e que as medidas em causa foram
“lidas” pelo conselho de administração numa reunião na passada sexta-feira, após terem sido enviadas à tutela.
“Estas propostas consubstanciam uma clara desclassificação técnica do HDFF, com consequências claramente previsíveis, pela manifesta perda de segurança e qualidade dos atos médicos e das condições de tratamento de doentes neste hospital”, dizem.
“Que definição daremos a um hospital sem anestesia e sem bloco operatório no período da noite?”, perguntam.
Contrapõem que, ao longo dos anos, o HDFF pôs em prática um conjunto de medidas internas de racionalização de custos e organização do trabalho hospitalar, acusando a administração de não ter informado a tutela sobre as mesmas.
Sustentam que os médicos especialistas, desde 2003
“cedem do seu horário normal 18 horas para trabalho no Serviço de Urgência em vez das 12 obrigatórias” e promovem
“uma redução substancial de horas extraordinárias a pagar pela instituição”, atitude que classificam de
“altruísta e de defesa do HDFF, que não é facilmente reproduzida noutros hospitais”.
Acrescentam que o HDFF
“foi dos poucos” a reduzir o número de camas hospitalares e que o programa de cirurgia em ambulatório
“já opera cerca de 60 por cento dos doentes (…) a custos muito baixos”.
Contactada pela Lusa, fonte do Conselho do Administração do HDFF, que hoje se encontra reunido, admitiu ter recebido a carta dos diretores de serviço mas remeteu declarações para mais tarde.
“Recebemos a carta mas ainda não foi analisada”, afirmou.