
“Os blogues e a Net, são, felizmente, inimigos da televisão. Agradeço-lhes, por isso já consigo não ver TV. Um e outro são um contributo terapêutico enorme”.
Quem assim falou, foi Pedro Mexia, poeta e bloguista assumido, num encontro realizado na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.
Claro que houve outras opiniões.
Mas a questão existe e é pertinente na sociedade portuguesa, mas, tal como outras, é incómoda.
Portanto, à boa maneira nacional, o melhor é não falar do assunto e deixar tudo como está.
Onde falta vontade, confiança, perseverança, capacidade de sacrifício – vence a apatia.
A mediocridade da programação televisiva não acontece por acaso.
Assenta que nem uma luva na maior fraqueza que temos: a preguiça mental.
Daí, que para bater recordes de audiências é necessário baixar o nível da programação.
Uma televisão assim, que não faça pensar, vem ao encontro do ócio mental que nos vai consumindo. O sofá, torna-se num apelo irresistível e estupidificante.
Como é conveniente, hibernamos e perdemos lucidez.
Mas, nisto há uma contradição incontornável.
Como humanos, temos de viver para além dos instintos e dos desejos momentâneos.
Temos de cultivar o raciocino, a vontade e a liberdade.
E, foi por aí, que os blogues tiveram sucesso e podem ser incómodos.
Os passivos telespectadores, podem tornar-se activos bloguistas.
Os blogues vieram ao encontro duma necessidade que estava a ser cientificamente anestesiada pelos cérebros da programação televisiva, em Portugal e no mundo inteiro: a necessidade da partilha, de comunidade, de troca de informação e conhecimento.
Sintetizando: a necessidade que o ser humano continua a ter de comunicar.
Afinal: os blogues são inimigos de quê?