Sou filho, neto e bisneto de pescadores - alguns do bacalhau. A pesca do bacalhau, foi uma autêntica escravatura. "Maus tratos, má comida, má dormida... Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes".
Ontem de manhã, fui visitar mais uma mostra de maus tratos, desta vez na junta de freguesia de Lavos e emocionei-me. A pesca do bacalhau à linha, com dóris de um só homem, foi uma heróica, mas sofrida singularidade portuguesa. Isto, para deixar bem claro, que a epopeia do bacalhau foi um assunto muito sério, que quem manda na nossa cidade não soube preservar a memória: não esquecer, que a Figueira, ao contrário de Ílhavo, por falta de sensibilidade dos políticos, deixou delapidar ingloriamente todo o espólio que fazia lembrar a pesca ao bacalhau na nossa cidade.
Como disse acima, promovido pela junta de freguesia, Lavos tem uma mostra e todo um programa a decorrer de homenagem aos pescadores do bacalhau. Tive conhecimento que o facto desgostou e desagradou ao presidente da junta de São Pedro, que, ainda antes das eleições autárquicas, também vai homenagear os pescadores do bacalhau.
Vistas as coisas de fora e tendo em conta, apenas, a homenagem aos pescadores do bacalhau, talvez fosse bom lembrar aos presidentes das juntas de Lavos e São Pedro, que cada euro gasto a mais nas Juntas de Freguesia, nas câmaras ou no governo central, significa o mesmo euro a menos na bolsa, e na mesa de quem paga, pelo que, se o objectivo era o mesmo – homenagear os pescadores do bacalhau – tinha toda a justificação o terem juntado esforços. Lembre-se, que na altura da epopeia do bacalhau, a Cova e a Gala, terras de naturalidade da maior parte dos pescadores do bacalhau do nosso concelho, faziam parte integrante da freguesia de Lavos.
Só a mais descarada e insuportável demagogia e aproveitamento político, pode justificar o gasto improdutivo de euros em duas homenagens, quase ao mesmo tempo, praticamente aos mesmos pescadores do bacalhau em freguesias vizinhas e tão carenciadas de iniciativas culturais.
Concordo que se preste homenagem aos pescadores do bacalhau - para que não fiquem para sempre no esquecimento, os rostos e os nomes dos heróis anónimos, naturais do Concelho da Figueira da Foz. Abomino, porém, quem eventualmente utilize a memória dolorosa e sofrida dos pescadores do bacalhau, para fins políticos, eleitoralistas, ou outros.
Concordo plenamente!
ResponderEliminarOlá Agostinho!
ResponderEliminarHoje tocou-me num ponto muito sensível e que narro muitas vezes aos amigos, a chegada dos barcos à Fig., antes de irem para Aveiro!
Eu morava e ainda vou morando... em frente à doca ! Fins de Outubro , quando chegavam, era para mim um romance de vida ver aqueles homens chegar e as suas mulheres , vindas de vários sítios a acompanharem o barco ao longo do rio, gritando o nome dos seus homens!
Na Fig. ,de pesca, tudo acontecia á minha beira!
Foi com emoção que visitei mais do que uma vez a exposição que esteve há 2 anos no CAE, vinda de Ilhavo,
e como pensei " e a Fig que tinha todas as razões da vida para um museu da pesca do bacalhau"...
Como lhe disse no outro dia , a Fig. tornou-se uma terra sem sentido seja para o que fôr! Nada lhe chega e tudo lhe foge!!!! Até o mar, que se irá ainda afastar mais!!!
Boas razões para continuar a fazer a minha praia em S.pedro ou na Gala1
Dia bom!
Confesso que me impressiona a foto com que é elustrado o texto.
ResponderEliminarNum frágil bote(salvo erro ou ignorância da minha parte...),por ali está um arrojado ser humano numa faina onde nos meus tempos de miúdo,se dizia que quem para ali fosse tratar da vida podia safar-se á tropa.
Agora percebo porquê!!
Numa outra foto que encontrei num jornal regional,estava um "velho senhor" da pesca do bacalhau entusiasmado a contar de certo as peripécias daquelas aventuras que eu e muitos adorariam ouvir,mas os políticos que o estavam a escutar exibiam-se mais em "pose" do que própriamnete numa postura cidrada pelos acontecimentos históricos contados por aquele homem de rugas marcadas na cara,num rosto que expressa um sofrimento que não estou a ver o tenha adquirido atrás duma secretária qualquer...
Noutra foto onde ilustrava a "muita gente" noticiada pelo jornalista,quem estava no meio?
Nem mais nem menos que José Elísio,enfim calhou...
Estou plenamente de acordo com o texto do Agostinho,mas acredito que este tipo de gente política tem os dias contados, e creio mesmo que só um "Lula da Silva" do concelho vindo do povo e sem mêdos nem receios do poder económico pode acabar com a fantochada desta corge de politiqueiros de meia tigela.
O Comendador
Balança mas não vira...
ResponderEliminarAmeaça mas não cai...
por entre tanto mar estranho e cinzento,
pelo seu pão dali não sai..
Entre o viver e o morrer,
o regressar e não voltar...
por um fio tudo pode acontecer,
a esta gente que vai para o mar..
Orgulho tenho eu deste povo da minha terra,
que hoje apenas nos contam a história que para eles nunca encerra,
Pois se eu nunca a vivi,
e nem sequer a sonhei...
o melhor é saber ouvir,
para um dia "sentir" que também a contei..
Apeteceu-me escrever estas palavras inspirado na foto que é excelente..
O Comendador
Que gentes valentes são estas que trabalham no mar imenso.Que respeito lhes devo,eu que me constipo com um pingo de chuva na cabeça.Estou destinado a sentir as gentes simples como eu sou:agora as do mar belo e traiçoeiro e na minha infãncia as do campo,que bom ter acontecido. E já que falamos em homenagem,porque não,e salvaguardando as devidas distancias,porque existem,entre o mar e a terra,que o historial do Grupo Desportivo do Cova gala,tambem merece que o seu jogo com o P.da Leirosa,seja relatado em directo por A.Lebre e C.Cruz,na Rádio Foz do Mondego,já no domingo pelas 16h.
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