sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

António Gandra D'Almeida pediu demisssão. Ministra da Saúde já aceitou o pedido de demissão

Investigação SIC revela nova polémica com o CEO do SNS.
"Em causa está uma alegada incompatibilidade de funções. 
Uma investigação que esta esta sexta-feira no Jornal da Noite.

Investigação SIC desta sexta-feira revela que o atual diretor executivo do SNS acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão. A lei diz que é incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento. No entanto, de acordo com os documentos a que a SIC teve acesso, Gandra D'Almeida recebeu mais de 200 mil euros por esses turnos. Os contratos dos hospitais eram celebrados com uma empresa que Gandra D'Almeida criou com a mulher e da qual era gerente. Os contratos são claros, dizem que os serviços médicos seriam prestados pelo cirurgião geral nas unidades hospitalares, e que esse trabalho valia 50 euros à horaUm especialista em direito administrativo ouvido pela Investigação SIC garante que é irrelevante que os contratos e a cobrança fossem feitos pela empresa, porque pertencia a Gandra D'Almeida."

E a responsabilidade dos media?..

"Diretor da PJ desmente aumento de criminalidade violenta e sentimento de insegurança".

Por iniciativa de Santana Lopes, a Câmara da Figueira vai reparar uma injustiça que durava desde Janeiro de 1983

Imagem via Diário as Beiras



Joaquim Namorado
 viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. 
Joaquim Namorado, em vida teve uma Homenagem. Tal aconteceu nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983. Por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.

O vídeo, contém a gravação do discurso que Joaquim Namorado fez na oportunidade – já lá vão cerca de 42 anos.

Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas  que nunca se renderam ao percurso da manada. Joaquim Namorado foi um desses raros Homens e Mulheres que conheci. Considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal barca nova.
Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem.
Na altura, lembro-me como se fosse hoje, nos bastidores do Casino Peninsular, escutei-o com deslumbramento.
Ao reviver o seu discurso, o que consegui a partir de uma gravação que obtive por um feliz acaso do destino,  fiquei com a certeza de que era necessário trazê-lo até aqui (fica o meu agradecimento ao Pedro Agostinho Cruz), pois o que escutei fala mais de quem foi e continua a ser Joaquim Namorado, no panorama cultural português, do que tudo o que alguém, por mais talentoso que seja, conseguiria alguma vez transmitir sobre uma personalidade tão especial e genuína. Neste documento, para mim com uma carga emocional enorme, está o Joaquim Namorado com quem convivi nas mesas do velho café Nau e na redacção do barca nova, que permanece vivo na minha memória. Ainda por cima, ouve-se também, ainda que de forma breve, a voz do Zé Martins.

A integração na toponímia figueirense do nome do Poeta chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão.
Muitos anos depois, no passado 30 de junho de 2014, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na inauguração de uma mostra bibliográfica comemorativa do centenário de nascimento de poeta, escritor e professor Joaquim Namorado, o vereador da Cultura de então, dr. António Tavares, verificando a injustiça (mais uma...) que estava a ser cometida, prometeu vir a dar finalmente o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense - o que até hoje não se concretizou.
A Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, acabou por perder o espólio de Joaquim Namorado - os familiares do poeta fartaram-se de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.

Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. Joaquim Namorado continua presente na minha memóriaE é uma memória de que tenho orgulho. Com Joaquim Namorado e com o Zé Martins, aprendi mais do que na escola: ensinamentos esses que deram sentido à minha vida, onde cabem a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor
“É assim que as coisas se têm de continuar a fazer...” A luta por uma outra maré continua!..
Até sempre e parabéns, meu caro Doutor Joaquim Namorado
Durante vários anos, discretamente, como é meu timbre, fui sensibilizando alguns executivos para que a injustiça, que já dura há quase 42 anos, fosse reparada.
Ninguém fez nada. 
Obrigado Dr. Santana Lopes.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Ventura sentado a comer pipocas



Via
Público

"A agenda da extrema-direita ganhou ao impor ao país a discussão da segurança e da imigração. Quem determina o que se discute, e como se discute, acaba sempre por ganhar."

A sorte de não conhecer

Via Público


«... e a ignorância é chata, sim, mas só é chata para os outros. Aos outros é que convém que a gente saiba tudo, porque lhes dá jeito que saibamos. Não conhecer, não ter lido, é ter tudo pela frente. Ainda não se fizeram erros. Ainda não se perdeu tempo. Ainda não se fez as coisas só por fazer. A tristeza não é não conhecer: é morrer sem ter conhecido. Mas, mesmo assim, não é tão triste como parece, porque se conheceram outras coisas.»

Nada de novo: há cada vez menos lampreia no rio Mondego

2023 foi o pior na captura de lampreia da última década, com o registo nacional de apenas 13 toneladas apanhadas em Portugal continental, que compara com as 79 toneladas pescadas em 2014. A tendência tem sido decrescente ano após ano. 

No rio Mondego, 2024 foi o ano com menor número de efetivo de lampreias adultas desde que há registos. Face à escassez, a Câmara de Penacova decidiu cancelar o Festival da Lampreia, evento que normalmente decorre em fevereiro. 
O presidente do município, organizou um colóquio para debater o declínio da espécie em Portugal. O director do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Pedro Raposo Almeida, alertou que foram contabilizados só 1969 espécimes no açude-ponte de Coimbra, muito abaixo dos 10 mil necessários para a sustentabilidade daquela espécie, o que pode, no futuro, colocar em causa a preservação da espécie. 
O biólogo e director do Aquamuseu do rio Minho, Carlos Antunes, adverte que o salmão está em risco de extinção, a enguia ameaçada e a lampreia poderá estar a seguir-lhes os passos. 
As conversas sobre as espécie migradoras, focam um problema que tem vindo a piorar.  Nos últimos anos, a comunidade piscatória da Cova e Gala refere os valores baixos em termos de pesca de lampreia.
Os pescadores conhecem e sabem, pela prática, que os anos chuvosos costumavam ser bons e isso não se tem verificado nos anos mais recentes com boa taxa de pluviosidade. 
Quanto às possíveis causas da quebra da lampreia, existem várias “patologias” que estarão a contribuir para a diminuição da população de lampreia: “perda de habitats, barragens, espécies exóticas, mudanças climáticas e poluição, quer a visível quer a invisível, porque ainda há muito que conhecer a nível dos contaminantes emergentes”.
O desânimo demonstrado nas páginas da edição de hoje do Diário as Beiras pelos pescadores  que se dedicam à captura da lampreia, tem sido o normal nos últimos anos. Todos sabem que há cada vez menos lampreia a entrar na barra da Figueira e a subir o Mondego. 
Há especialistas que defendem a proibição da pesca da lampreia devido à escassez. “Deveríamos fechar a pesca. A qualquer animal deve ser dada a oportunidade para se reproduzir.” "A situação piorou. Tem sido uma sucessão de anos maus. 2017, 2019, 2022, 2023 e 2024 foram anos maus, motivados pela seca e por outras situações que ainda não se conseguem explicar, visto que há um desconhecimento do que acontece com a espécie no mar, em que pode haver mais mortalidade", disse Pedro Raposo, director do Mare e especialista em peixes anádromos (espécies que, como a lampreia, se reproduzem em água doce, mas que se desenvolvem até à forma adulta no mar).
Entretanto, vai-se empurrando com a barriga: «impera a lei do mercado: pouca oferta e muita procura é igual a preço elevado. “Na lota, cada lampreia, com cerca de dois quilos, está a ser vendida por 80 euros”

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Batel "Sal do Mondego"...

Entre os finais dos anos 80 do século passado e o ano 1 do nosso século, o barco do sal esteve ausente das águas do nosso rio.
Há cerca de 24 anos, porém, mais precisamente a 5 de Agosto de 2001, um batel de sal voltou a navegar no Mondego.
Que é feito do "Batel do Sal"? Vai deixar-se apodrecer, ingloriamente, na lama de um qualquer esteiro do nosso rio, o último exemplar do “barco do sal”?
Será que teremos de recorrer às fotografias antigas para poder ter a emoção de ver um batel?
Todos os rios do nosso País têm barcos tradicionais a navegar.
O Mondego e a Figueira da Foz virão a ser a excepção?
Se assim continuar, vai-se extinguir o derradeiro marco de uma época e de uma cultura, a memória de tempos difíceis, mas, ao mesmo tempo, formidáveis, do trabalho e das canseiras de vidas vividas penosamente para se ganhar o pão quotidiano.
É uma realidade que, nos dias de hoje, os batéis deixaram de ter utilidade prática, mas, quem com eles conviveu, vai sentir o vazio.
Está mais que na hora de ver a vela latina do "Sal do Mondego" desfraldada ao vento..
Navegar é preciso.

"Para melhor, está bem, para pior já basta assim..."

A desagregação da freguesia de Buarcos e São Julião vai voltar a dividir a localidade da Serra da Boa Viagem. 
Os residentes ouvidos pelo DIÁRIO AS BEIRAS estão contra o regresso ao passado.
Até 2013, ano da última reforma administrativa, a povoação da Serra da Boa Viagem estava repartida por quatro freguesias – Buarcos, Quiaios, Tavarede e Brenha –, mas o núcleo habitacional concentrava-se nas duas primeiras, restando para as outras duas praticamente só propriedades rústicas.
Entretanto, como consequência da constituição de Buarcos e São Julião, a zona residencial da Serra da Boa Viagem foi integralmente incluída nesta nova freguesia. Por sua vez, Quiaios ficou com a zona do farol do Cabo Mondego, que até 2013 pertencia a Buarcos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Nojo do nojo?...

Fernanda Cachão, editora da Correio Domingo, escreve hoje no Correio da Manhã: "não é real que Portugal seja um país inseguro. A percepção de insegurança, agora muito em voga, não acompnha a factualidade estatística. Portugal não é um país insegurgo, muito menos que seja responsabilidade dos imigrantes. a percepção de insegurança vive das predisposições pessoais para acreditar em narrativas alarmistas, acesso a informação distorcida, nomeadamente nas redes sociais, e contexto. Ouvir o líder de um partido que chegou à Assembleia da República, falar sobre uma rixa no Martim Moniz é vê-lo rejubilante. Lembrou-me aquelas a pairar nos céus, em voo circular sobre a presa».

Ler isto no Correio da Manhã, escrito por uma jornalista  da casa, é estranho.
Como escreveu um dia destes outro jornalista da casa, «sem polarização, sem maniqueísmo, sem ódio, sem uma retórica nacionalista pacóvia, sem uma liturgia popularucha de um alegado amor pátrio importada da mais rasca cinematografia americana», Ventura não exisitia. 
Chegados aqui, temos de recordar que antes da exposição mediática oferecida, nomeadamente, pelo Correio da Manhã e pela CMTV, a gente do Ventura (e ele próprio...) falava na rua, na taberna, no café, nas redes sociais.
A projecção mediática, veio do tempo de antena intenso e contínuo, oferecido por televisões e jornais com opções editoriais como as do Correio da Manhã.

BE quer administrações das ULS escolhidas por concurso público

«Projecto do BE quer administrações hospitalares escolhidas por concurso público Partido propõe que programa de acção para a unidade de saúde seja determinante na escolha do presidente do conselho de administração. 
Não é inédito, mas desde que o Governo de Luís Montenegro iniciou funções, foram substituídos nove conselhos de administração.»

"Município avança com estabilização da Torre de Redondos"

Diário as Beiras

"Obras da conclusão da ciclovia urbana, na marginal, estão a decorrer".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Quando é que vai ser possível a um utente servido pelo SNS na Cova e Gala ter direito a uma consulta médica?..

Na reunião de Câmara, realizada na passada sexta-feira, a  vereadora do PS Glória Pinto divulgou algo que já era conhecido de alguns habitantes da Cova e Gala.
No dia seguinte, o Diário as Beiras publicou notícia.
«Em novembro último, “um utente ameaçou um médico” e este meteu baixa, acabando por mudar-se para a unidade de saúde de Lavos. “A reação da Unidade Local de Saúde (ULS) do Baixo Mondego foi colocar segurança no centro de saúde”.
Ainda segundo o que a vereadora disse na reunião de câmara (e os utentes afectados sabem), a situação resultou na falta de médico de família em São Pedro.
Continuando a citar o Diário as Beiras, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, do movimento independente FAP, defendeu que “não deve ser a câmara a dar a resposta” à vereadora, mas sim a ULS. 
Sempre que os Governos mudam de cor política, há troca de cadeiras. 
Isso aconteceu quando o Partido Socialista chegou ao poder e está acontecer de novo com a Aliança Democrática. 
O anterior director executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, tinha a intenção de “despolitizar” as nomeações para estes cargos de gestão e em 2023 até escolheu a actual ministra, Ana Paula Martins, para a liderança do maior centro hospitalar de Lisboa, o Santa Maria, e, quando esta decidiu sair, convidou de novo um militante do PSD, o ex-secretário de Estado Carlos Martins, para a substituir. Mas Fernando Araújo, que se demitiu em Abril de 2024, acabou por não ter tempo nem condições para generalizar este princípio. Em várias ULS, o tempo agora é de espera. “Os serviços não podem ficar pendurados nesta instabilidade, sobretudo num período tão exigente como é o do Inverno”, lamenta um dos dirigentes. Pedindo para não ser identificado, conta que há três semanas soube pela pessoa convidada para o substituir que a sua saída está a ser preparada. Outro administrador lamenta “estar no limbo desde Agosto”, quando começou a constar que havia uma espécie de lista negra de administrações de ULS em risco. “Esta é uma situação muito desconfortável. Espero, pelo menos, que tenham a elegância de avisar com alguma antecedência”.

Entretanto, enquanto na confusão, o médico "ameaçado" se pôs ao fresco da Cova e Gala (Lavos, em boa verdade, neste momento é muito mais confortável e acolhedor para os médicos, enfermeiros e pessoas administrativo do que o actual Posto Médico de São Pedro - e os senhores doutores merecem tranquilidade e conforto), há quem continue à espera de uma consulta marcada, com 6 meses  de antecedência, para o dia 12 de Dezembro de 2024. 
O utente em causa, foi avisado que a sua consulta tinha sido desmarcada na propria manhã da consulta (cerca de hora e meia antes através de um telefonema, marcada para as 11 horas e 30 minutos, até ahoje sem qualquer informação do dia, da semana, do mês ou do ano da sua remarcação).
Entretanto, por causa de um incidente que deveria ser tratado como um caso de polícia (por onde anda a CMTV? Só tem olhos para servir a agenda política do Ventura?), os velhos da Cova e Gala que aguentem o inverno. 
Se isso não acontecer e desistirem, são pensões a menos a pagar pela Segurança Social, e consultas a menos que deixam de sobrecarregar o SNS.
É tudo lucro para um País onde o que menos conta são as pessoas - sobretudo, os idosos.

Uma história veneziana

Miguel Esteves Cardoso
«... as pessoas que fazem o que querem — mesmo ajudando os outros, mesmo sacrificando-se — são as que menos razão têm para se queixarem.»

12 anos depois, voltámos a lixar a "troika": autarcas aplaudem desagregação de freguesias

Ter memória é tramado: recordamos o que aconteceu com as freguesias em 2012, porquê e para quê...
Mestres como somos nas artes do engano, aproveitámos uma singularidade nacional: a existência de dois níveis de poder local. Ludibriámos a troika — e lixámos o mexilhão nacional, o mais desprotegido dos mexilhões: as pobres freguesias, nomeadamente as de “territórios de baixa densidade”. 
Foto Pedro Agostinho CruzAssembleia Municipal de 10 de outubro de 2012.
Na Figueira, passaram os anos sobre a chamada reorganização administrativa de outubro de 2012. Continuo a sentir o mesmo: sem berros e no tom mais ameno que é possível, como eleitor e espectador o mais atento que me é possível da política local, deixo explícito que continua a ser-me  difícil entender o “negócio figueirense" PPD/PSD/100% de 10 de outubro de 2012.
Para voltar tudo a ser como há cerca de 13 anos, falta fazer justiça a Borda do Campo...
Miguel de Almeida estrás perdoado... Foram precisos 12 anos, mas voltámos a lixar a "troika".
Imagem via Diário as Beiras 

domingo, 12 de janeiro de 2025

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Hoje realiza-se a primeira reunião de câmara de 2025

Imagem via Diário as Beiras
Para poder assistir em directo na internet, clicar aqui.


Brisa e administradores vão ser julgados por colapso na A14 na Figueira da Foz

FOTO DB/LUÍS CARREGÃ
«Os arguidos vão responder por um crime de infração de regras de construção, com o Ministério Público a acusá-los de ignorarem todos os avisos sobre o risco de colapso do troço da A14, autoestrada que liga Coimbra à Figueira da Foz, e de não tomarem as ações que seriam necessárias para evitar o aluimento do piso, que acabou por acontecer em 02 de abril de 2016.

No julgamento, que começa no dia 22, estará a Brisa e a Brisa Gestão de Infraestruturas (BGI), dois membros da comissão diretiva do grupo à data dos factos, bem como o administrador e diretor de departamento da empresa participada, responsável pela gestão de infraestruturas da concessionária.

Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o colapso do troço deveu-se às estruturas tubulares de aço utilizadas para passagens inferiores agrícolas ou hidráulicas, que precisam regularmente de reforço estrutural, face à oxidação do aço.

Depois de em 2010 já ter sido registado um incidente naquele troço em específico, foi marcada uma inspeção daquela obra de arte, que seria somente realizada em fevereiro de 2012, por um engenheiro da BGI, apenas feita na zona visível da estrutura, já que uma parte estava parcialmente submersa, afirmou o Ministério Público (MP).

Nessa inspeção, foi percetível a existência de corrosão e escorrências de água, e a estrutura foi classificada como em mau estado de conservação global, tendo ficado em perspetiva uma intervenção para 2017.

De acordo com o MP, os problemas registados nessa inspeção foram-se agravando com o tempo, tendo sido detetada, em maio de 2015, uma depressão no pavimento com cerca de três centímetros, por causa do abatimento de um dos tubos, que rompeu devido à corrosão.

Ainda nesse mês, dois engenheiros da BGI deslocaram-se ao local e identificaram "anomalias significativas" em todos os tubos, tendo elaborado um documento técnico em que recomendavam o corte imediato da via da direita no sentido Figueira da Foz -- Coimbra, monitorização constante da plataforma e implementação com caráter de urgência do escoramento (reforço) em todos os tubos.

Porém, segundo o Ministério Público, quer os responsáveis da BGI quer os administradores da Brisa, após terem tido conhecimento do documento técnico, ignoraram as recomendações, à exceção do corte da via da direita, que foi feito à revelia da entidade fiscalizadora.

Os responsáveis acabaram por decidir fazer o reforço apenas da estrutura mais afetada e apenas de forma parcial, numa intervenção sem projeto ou caderno de encargos, notou o MP.

Apesar de a estrutura estar "em iminente risco de colapso", os administradores terão decidido, em outubro de 2015, suspender uma intervenção de fundo e adotar uma solução alternativa que acabou por atrasar todo o processo.

Assim, em 02 de abril de 2016, o pavimento cedeu inicialmente com uma depressão de cerca de 40 centímetros de profundidade, por onde ainda passaram cinco carros e cujos condutores perderam momentaneamente o controlo das suas viaturas, afirmou o MP.

Para o Ministério Público, o caso só não tomou outras proporções e consequências para condutores, por "mera casualidade e em virtude da pronta intervenção dos passageiros dos primeiros veículos que ali circularam, e que imediatamente se colocaram junto à berma a acenar e a avisar de todas as formas possíveis os condutores para, pelo menos, reduzirem a velocidade e, assim, minimizarem o risco de passagem naquele local".

O aluimento terá causado danos na A14 de cerca de um milhão de euros.»

Daqui