António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 19 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
Parece que pelo PSD ainda vai havendo gente com a cervical direita. Parece...
Carlos Reis dos Santos, Jurista, militante do PSD nº. 10757 e militante honorário da JSD, no "Público", onde o texto pode ser lido na íntegra:
"Com a vossa proposta de um referendo sobre a
co-adopção e a adopção de crianças por casais de pessoas do mesmo sexo, vocês
desceram a um nível inimaginável, ao sujeitarem a plebiscito o exercício de
direitos humanos. A democracia não deve referendar direitos humanos de
minorias, porque esta não se pode confundir com o absolutismo das maiorias.
Porque a linha que separa a democracia do totalitarismo é ténue – é por isso
que a democracia não dispensa a mediação dos seus representantes – e é por isso
que historicamente as leis que garantem direitos, liberdade e garantias andam à
frente da sociedade. Foi assim com a abolição da escravatura, com o direito de
voto das mulheres, com a instituição do casamento civil, com a autorização dos
casamentos inter-raciais, com o instituto jurídico do divórcio, com o
alargamento de celebração de contratos de casamento entre pessoas do mesmo
sexo. Estes direitos talvez ainda hoje não existissem se sobre eles tivessem sido
feitos plebiscitos.(...)
Registo, indignado, o vosso silêncio cúmplice perante
questões sacrificiais para a juventude portuguesa. Não vos vejo lutar contra o
corporativismo crescente das ordens profissionais e a sua denegação do direito
dos jovens a aceder às profissões que escolheram. Não vos vejo falar sobre a
emigração maciça que nos assola. Não vos vejo preocupados com muitas outras
questões.(...)
Hoje vocês não se distinguem do CDS e alguns de vocês nem
sequer se distinguem da Mocidade Portuguesa, ou melhor, distinguem-se, mas para
pior.(...)
A juventude já vos não liga nenhuma. E eu também deixei de
vos ligar.”
Barra da Figueira, 155 anos depois
Ontem, a euro deputada do PCP Inês Zuber, acompanhada por dirigentes locais e distritais do partido,
reuniu-se com a administração dos Estaleiros Navais do Mondego, levando na
agenda o assoreamento da foz do Mondego naquela zona. A seguir, a deputada
comunista do Parlamento Europeu participou numa reunião com a administração do
Porto da Figueira da Foz.
Na conferência de imprensa realizada no final das duas reuniões,
ao início da tarde, Inês Zuber disse que a administração portuária lhe
garantiu que vai proceder ao desassoreamento dos acessos aos estaleiros. As
dragagens já foram adjudicadas e poderão prolongar-se por dois meses.Também ontem, mas ao fim da tarde, fui assistir à Conferência “Apoio Oceanográfico à Segurança Marítima na Figueira da Foz”, que se realizou no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
O programa foi o seguinte:
– O Sistema de Oceanografia Operacional.
– “Qual é a tua Onda?” Previsão Meteo-oceanográfica nos
Portos e Aproximações.
No decorrer da intervenção do eng. Luís Cacho, lembrei-me que “há cerca de 155 anos era inaugurada a nova barra da Figueira da Foz. Sem grande sucesso, uma vez que três anos depois a barra voltaria a assorear”. Em simultâneo, veio-me à memória, também, um texto de 1947 (In, Jardim, José, As grandes linhas de uma cidade, Figueira da Foz, 1947) onde se constata como, às
vezes, a capacidade de fantasiar ultrapassa largamente a provável realidade das
coisas.
Passo a citar:
“Em 1916, na festa de colocação da primeira pedra para o
Casino do Estoril, o Almirante José Nunes da Mata, professor da Escola Naval,
afirmou que o porto de abrigo principal do país, com características até de
internacional, deveria ser o da Figueira.
Possível é, pois, que o porto da Figueira venha a ser
procurado um dia pela navegação turística, compreendendo também a sua moderna
modalidade, visto existir aqui espaço definido para a construção de um
aeroporto no braço sul, margem direita, em terrenos que são hoje praia do rio e
que tem por tôpo a ponte sul, recentemente construída.
Que mundo novo os progressos da aviação virão abrir num
futuro não muito longínquo, sob este aspecto!
Sob o ponto de vista militar muito conviria que o porto da
Figueira estivesse em condições de abrigar algumas unidades da nossa Marinha de
Guerra, como, por exemplo, submarinos e canhoneiras necessárias para a defesa
do país e a fiscalização da pesca.
Poderia até vir a ser um porto franco, devido à sua posição
no centro da costa metropolitana, com admiráveis ligações ferroviárias e
rodoviárias (…) Com o porto crescerão os negócios, aumentarão as horas de
trabalho, multiplicar-se-ão as fontes de receita.
(…) Um importante movimento, relacionado com o tráfego, virá
a manifestar-se e já se pode deduzir das estatísticas.
Está integrado nas redes ferroviárias da Beira Alta, da
Companhia Portuguesa – hoje unificadas.
(...) Fica a umas escassas dezenas de metros do Mar, o que
não acontece com alguns portos de outras cidades, que ficam a quilómetros,
sendo evidente que é muito mais fácil manter dragado e fundo um pequeno canal
nestas condições, do que um de grande extensão, podendo ainda afundar-se a
barra, rompendo-se a rocha do fundo.
(…) Toda a região demarcada do Dão, terá no porto da Figueira,
que a dará a conhecer ao mundo, a melhor saída para os seus reputados vinhos
(…)
(…) As obras do porto são necessárias, para que a indústria
do sal reconquiste a sua posição (…)
A Figueira atingirá então o seu apogeu, a sua potente
expansão, e a praia, de tipo nobre e encantador, fará ainda mais a sua fortuna.
É esta a grande coluna do seu alicerce, da sua actividade fecunda, que lhe dará
âmbito para ter muitas ideias novas, mais liberdade no trabalho e prestígio
para o Estado.”
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
O estado a que isto chegou!..
Quem, depois de ouvir esta e outras entrevistas de Adriano Moreira, professor, não concordar, ponha o dedo no ar, para o poder felicitar, calorosamente, por ter tido a estupidez como herança...
E ainda dão baile...
Para Domingues de Azevedo, o bastonário da Ordem dos
Técnicos Oficiais de Contas, esta
iniciativa “é infeliz e vulgariza ao nível de rifa um acto nobre de cumprimento
do dever de cidadania”.
Recorde-se que o primeiro sorteio do fisco deverá arrancar já no
próximo mês de Março – mas vai contabilizar as facturas emitidas desde o início
do ano.
Para se habilitar a um carro por semana basta pedir a factura de
qualquer bem ou serviço, independente do valor, com o número de identificação
fiscal (NIF). Desta forma fica automaticamente habilitado ao sorteio.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Praia da Cova, apesar da erosão continua linda...
A erosão da nossa costa revela-se um dos problemas mais prementes nas áreas
do litoral a sul do nosso concelho.
Todos os anos verificamos que o recuo do litoral da nossa
freguesia é mais acentuado.
Na costa entre o cabo Mondego e São Pedro de Muel a situação, como sabemos, é verdadeiramente preocupante.
Todavia, apesar do perigo, a praia da Cova continua linda.
Mais fotos aqui.
O Espaço Cultural e de Convívio dos Pescadores de S. Pedro, no Portinho da Gala, encontra-se em fase de conclusão...
"Centro de convívio para pescadores da Cova-Gala, no portinho da Gala, está em fase de conclusão.
A infraestrutura vai acolher um centro de convívio para os profissionais de pesca artesanal ligados ao Núcleo Piscatório de S.Pedro.
A Câmara da Figueira da Foz está a construir o Centro de convívio de S.Pedro ao abrigo de uma candidatura do programa Promar. O custo total da obra é de 102 mil euros."
Foto: António Agostinho/Texto: jornal AS BEIRAS
A infraestrutura vai acolher um centro de convívio para os profissionais de pesca artesanal ligados ao Núcleo Piscatório de S.Pedro.
A Câmara da Figueira da Foz está a construir o Centro de convívio de S.Pedro ao abrigo de uma candidatura do programa Promar. O custo total da obra é de 102 mil euros."
Foto: António Agostinho/Texto: jornal AS BEIRAS
Naval
Tiago Raposo (foto sacada daqui) de 27 anos é,
desde ontem, o novo treinador da Naval.
O ex-adjunto do Pinhalnovense, veio substituir Miguel Branco, que se demitiu no inicio da
semana, que, por sua vez, havia
substituído Pedro Santos, o técnico que
começou a atribulada época navalista de 2013/2014.
Tiago Raposo começou ontem a comandar uma equipa que, esta
época, já perdeu um jogo por falta de comparência, uma vez que o plantel estava
incompleto para poder disputar a partida, depois da saída de vários jogadores.
Crónica de Rui Curado da Silva, investigador, publicada no jornal AS BEIRAS.
"Qualquer ex-atleta da Associação Naval 1° Maio fica consternado com o atual estado do clube. Na minha opinião houve dois erros que contribuíram decisivamente para o sucedido. O incêndio da antiga sede da Naval foi o primeiro capítulo da tragédia navalista.
"Qualquer ex-atleta da Associação Naval 1° Maio fica consternado com o atual estado do clube. Na minha opinião houve dois erros que contribuíram decisivamente para o sucedido. O incêndio da antiga sede da Naval foi o primeiro capítulo da tragédia navalista.
A redução a cinzas da sede da rua da República desacoplou o
clube da sua base social. Aquela sede não era um mero conjunto de espaços desportivos,
era um local de confraternização dos adeptos, onde se ia beber um copo, debater
a atualidade política ou jogar às cartas.
Era um local de encontro de gerações que passavam o testemunho
de umas para as outras, mantendo um clube com uma história das mais belas e
antigas do país.
O incêndio transformou profundamente a arquitetura do clube,
aquele que foi durante décadas um clube de génese popular, passou a ser um
clube de um homem só. Este foi o primeiro erro.
O segundo foi um erro dos tempos modernos. Muito dificilmente
seria sustentável manter um clube numa cidade como a Figueira, apostando tudo
na contratação de um conjunto de futebolistas pagos a peso de ouro,
provenientes dos quatro cantos do mundo.
No passado, ainda nas divisões secundárias, o Estádio José
Bento Pessoa apresentava assistências de fazer inveja à Naval da Primeira Liga,
quando se enchia para assistirmos a heróis locais como o Paredes, o Luís Pinto,
o Tovim ou o Catrapila.
Desejo a melhor sorte ao conjunto de valorosos navalistas, mais
seniores e mais jovens, que estão empenhados em salvar o clube."
Hollande, mais um...
daqui
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Virtudes (V)
Que dizer mais sobre isto?
Eu, só desejava que o metessem na ordem!..
Nem que seja na Ordem dos Economistas!..
Virtudes (III)
Um estudo patrocinado pela Comissão Europeia, tornado público
na passada segunda-feira, revela o que já todos sabíamos.
Como se não bastasse
a elevadíssima emigração dos que já se formaram, graças ao maravilhoso processo
de empobrecimento, os mais novos não têm como fugir a um futuro em que não
passarão de mão-de-obra desqualificada e barata.
Mas, atenção, o ajustamento é um sucesso...
Virtudes (II)
António Tavares, vereador do PS, ontem, na sua coluna de
opinião no jornal AS BEIRAS.
“A taxa de desemprego baixou no terceiro trimestre
de 2013, estando agora nos 15,6%. A descida foi de 0,2% (mês homólogo) e/ou de
0,8% (trimestre anterior).
São
47 mil pessoas num universo de 838 mil. A descida deu-se, sobretudo, no setor do
alojamento e restauração, pelo que, esperemos não estar perante uma diminuição sazonal.
A taxa de atividade
também
sofreu uma descida, tendo 4,4% dos empregados transitado para a inatividade.
Não
é, pois, seguro que estejamos perante uma tendência sustentada.
Na
Figueira, a taxa de desemprego está nos 14,5%, número abaixo da média nacional.
Os desempregados eram, em novembro, 4064, menos 248 do que no mês homólogo de
2012 (-5,7%). O escalão etário dos 35-54 anos é o mais penalizado, 48,4%, e 11,4%
têm menos de 25 anos.
O
Centro de Emprego, a ACIFF e a câmara, através do Gabinete de Inserção
Profissional e do Gabinete de Apoio ao Empreendedorismo, têm desenvolvido
iniciativas para minorar o flagelo do desemprego, notoriamente com impacto
positivo.
Da
mesma forma, a autarquia, a Segurança Social e as IPSS’s têm dado resposta às dificuldades
dos que vivem o drama de não terem trabalho.
Dado
importante é que, no concelho, existem diferenças salariais significativas
(cerca de 30%) que resultam da diferença de habilitações e da dimensão das
empresas; acresce que uma boa parte da
população
empregada trabalha por conta de outrem.
Em
suma, é necessário continuar a investir na educação e na formação profissional,
na captação de investimento para empresas de dimensão razoável, na promoção do
empreendedorismo e a articular e concertar, entre diferentes entidades,
intervenções no mercado de trabalho. Assim
se deve continuar.”
A política e os jornais estão cada
vez mais desinteressantes, também cá pelo burgo.
Ainda me lembro do
tempo em que, escrever nos jornais e publicar livros sobre política, trazia consequências. Em 2014, escrever o óbvio, continua a ser uma virtude...
Virtudes...
O grande Almada Negreiros, soube traçar, como ninguém, a
estrutura essencial da terra onde nascemos...
"Um Povo só é verdadeiramente um povo quando reúne em
si todos os defeitos e todas as virtudes; alegrai-vos, portugueses, só vos
faltam as virtudes."
Agora, as coisas já não são como as conheceu o grande Almada Negreiros.
Almada, que era “apenas” artista, não previu o futuro grandioso dos seus
concidadãos em 2014.
Naquele tempo, nem ele imaginava que, neste país sem virtudes, se iria ter a virtude
de ter um Presidente como Cavaco Silva que não se esqueceu de felicitar a virtude de termos "o primeiro português a receber por duas vezes a "Bola de Ouro".
Ninguém é bruxo e Almada era "apenas" artista.
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