quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Ventura...


O adepto do Chega não se interessa por dados objectivos, porque o Chega, tal como o catolicismo ou o islamismo, é uma religião, com enorme potencial para se transformar em fanatismo ideológico, cego e absolutamente imune a factos. Interessa-me, isso sim, sublinhar o seguinte: não há timings para fazer jornalismo. Este documentário está a ser produzido há largos meses, não tendo chegado ao ecrã mais cedo pelo mesmo motivo que tem colocado a nossa vida em suspenso: a pandemia. Não obstante, o jornalismo de investigação não tem que fazer compassos de espera para deixar passar procissões. Tem, isso sim, que informar devidamente o cidadão, para que este possa, no caso da antecâmara de um acto eleitoral, fazer a escolha mais informada possível.O que incomoda os adeptos do Chega, é aquilo que incomoda qualquer fanático religioso quando as suas crenças, não raras vezes baseadas em coisa nenhuma, são questionadas. Isso e a gritante incapacidade de contra-argumentar com outra coisa que não sejam espasmos emocionais sem rigor, credibilidade ou validade factual. Porque como todos os que abordam o combate político da mesma forma que um fundamentalista islâmico que defende a imposição da sharia, os adeptos do Chega querem a verdade, a transparência e os factos, doa a quem doer, excepto se doer ao Chega ou ao seu Messias futeboleiro, André Ventura. Querem os podres cá fora, excepto os seus. Querem que se digam as verdades, excepto quando essas verdades revelam a fraude que é o Chega. Tão simples quanto isto."

Napoleão definia o ódio político como uma espécie de lente através da qual se vêem os indivíduos, as opiniões e os sentimentos com os cristais da sua própria paixão. 
Dizia ainda que um verdadeiro homem de Estado deve cuidar para que a lente da política não lhe amplie ou reduza demasiado os objectos.

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