segunda-feira, 22 de junho de 2020

Acerca dos políticos e dos eleitores figueirenses pouco há a escrever: têm estado bem uns para os outros

Ontem, li o pensamento abaixo do José Augusto Marques que me fez reflectir sobre algo que tem a ver com o estado a que a Figueira chegou: a qualidade dos políticos locais.

Daqui a um ano a pequena Figueira política estará em polvorosa. Teremos eleições para escolher quem governará a câmara municipal nos 4 anos seguintes.
A escolha para preencher os 9 lugares do executivo, caso não haja nenhuma surpresa, far-se-á entre listas de nomes que serão apontados pelos directórios locais dos dois habituais partidos  do chamado arco do poder.

Há muito que se discute a qualidade dos  políticos  figueirenses. Já se tornou um lugar comum, dizer que a Figueira tem tido, ultimamente, um azar tremendo com os políticos.
A excelência política, porém,desde que me lembro, nunca foi regra na Figueira.
Vivemos tempos de tristeza, aflição e egoísmo.  O político que ocupa o cargo de presidente da câmara acredita que a maioria do eleitorado acredita que este é o momento de cada um por si e que pessoas que pensam como José Augusto Marques (nas quais eu me incluo) são a minoria.

Uma escolha em política, não é só avaliar a prestação passada, mas também o que se consegue ver do que perspectiva o desempenho futuro. Numa altura de medo generalizado, devido à incerteza  económica, social e laboral, muitos eleitores, apesar do registo desolador do estado do concelho, vão apostar no partido que lhes pareça poder oferecer maior protecção no curto prazo.

O PS, é o partido nacional com mais simpatizantes na Figueira. Tal como os outros, ficou com o que sobrou: uma classe política isolada e mal seleccionada composta na generalidade por  políticos “mediocrizados”,  que apresentam como currículo profissional lugares ganhos por influências de vária ordem, nomeadamente políticas.
Isto, acaba por ser nocivo, pois é factor de isolamento e de selecção negativa. 
De isolamento, pois a classe política vive entregue a si mesma, nas suas conversas e encontros, na segurança e conforto da sua "redoma", perdendo pouco a pouco a noção da realidade vivida pelo cidadão figueirense comum, que utiliza os transportes colectivos, anda pela rua, frequenta regularmente um local de trabalho ou um mercado. 
Selecção negativa, pois os melhores incompatibilizaram-se com a política -  a política na Figueira sempre foi um misto de golpes baixos, confusões e intrigas... 

Ficaram os piores.  As consequências reflectem-se na falta de diálogo que existe entre os políticos que ocupam lugares de destaque no partido, resultantes de invejas, questões e rivalidades  meramente pessoais.
A mediocracia política (expressão criada por Balzac para designar “nova classe política burguesa”) existente na Figueira, é hoje pior que nunca: é uma casta social profissinalizada, não ao serviço da polis e do povo, mas das máquinas partidárias e dos interesses de grupo e próprios.

1 comentário:

marta disse...

Concordo com tudo o que refere neste post! Permita-me apenas acrescentar, que perante as escolhas que nos apresentam (com todas as características que nos apresentou tão bem neste post) a única forma de os cidadãos protegerem um pouco as decisões governativas da cidade é votar, e votar principalmente nos partidos mais pequenos,porque de nada nos serve uma maioria do PS (ditadora e inflexível) com 2 elementos do PSD que nem voto na matéria têm (nem conseguem fazer oposição)... assim sempre se travam asneiras que nos últimos anos tanto têm prejudicado a nossa terra que está cada vez pior...quando há vereadores de vários partidos as decisões são tomadas doutra forma!