terça-feira, 10 de setembro de 2019

O dogma do pluralismo na comunicação social

Reflectindo sobre a liberdade da comunicação social nos dias de hoje, será demasiado falar actualmente numa censura à liberdade de imprensa. 
No entanto, os jornalistas, hoje, também não são completamente livres para informar, sobretudo de forma isenta. Pode estar aqui, eventualmente, um dos motivos que explica a actual crise no sector e que leva cada vez mais pessoas a abandonar precocemente a profissão.

A democracia portuguesa, nestes 45 anos, construiu alguns dogmas.
Um deles, é o mito  da pluralidade dos órgãos de comunicação social.
Tal, não passa de uma farsa que apenas serve para enganar os cidadãos. 
Compreendo que existam jornais que apoiem autarcas. Compreendo que haja jornais que tenham tendência política e que defendam aqueles que apoiam por uma questão de afinidades políticas, familiares ou económicas.
Contudo, não tenho ilusões. Esta farsa  do pluralismo na comunicação social tem servido apenas para iludir a realidade e para que os jornais possam fazer o seu jogo de manipulação da opinião pública, algo que é mais fácil de conseguir sob o disfarce do pluralismo. Não admira que alguns jornais, quando sentem que estão a perder audiência e credibilidade tenham repentinas crises de pluralismo. Que, porém, costumam durar pouco... Não mais de uns mesitos!

Sublinhe-se que nada na lei obriga os patrões da comunicação social a serem exemplos de convicções democráticas. Aliás, não é um ingénuo  qualquer que tem categoria para dirigir um jornal. 
Infelizmente, no Portugal de Abril, nem toda a gente está à altura ou tem a classe do dono da Impresa e de alguns patrões da comunicação social que Portugal teve durante a ditadura. Sim, estou a referir-me, por exemplo, a Balsemão e a António Ruella Ramos, empresários que fizeram da imprensa o seu modo de vida e a sua paixão. 

Apesar do poder da comunicação social, nada na lei portuguesa impede que os patrões da comunicação social sejam donos de empresas que vivem de negócios com o Estado ou com autarquias.  É neste quadro de conflitos de interesses que devemos escrutinar a orientação redactorial de muitos órgãos de comunicação social.
Quem assistiu ontem à reunião de câmara e passa hoje os olhos pela imprensa, verifica que a oposição tem dificuldade em passar as suas posições para além das paredes do município. Porém, a oposição hoje tem algo que poderia aproveitar e, pelo menos na Figueira, aproveita pouco: as redes sociais.
Hoje, a oposição, se quisesse ser activa nesse campo, escusava de andar a queixar-se e a pedinchar junto da comunicação social.

A melhor resposta a dar à comunicação social do regime é o boicote: não ler, não assinar e não comprar a quem lhes paga publicidade. 
Para o poder, uma boa e amiga comunicação social é a que está falida, ou em grandes dificuldades económicas. 
Se acabasse, não provocaria, por isso, mais prejuízos ao concelho e à democracia.

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