quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O culto à personalidade

No mesmo dia e no mesmo jornal, a notícia em Tábua, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz é a mesma.
"Os alunos do concelho da rede pública terão direito a transporte grátis, numa distância igual ou superior a três quilómetros entre a residência e a escola, em vez dos quatro quilómetros que até agora eram abrangidos. A medida da autarquia entra em vigor já no próximo ano lectivo e abrange estudantes de todos os ciclos do ensino obrigatário, ou seja, do 1.º ao 12.º anos.
Segundo estimativas preliminares, aquela medida deverá custar mais de 200 mil euros ao município, aos quais se acrescentam os cerca de 600 mil euros do custo dos transportes escolares. “Temos em perspectiva o progresso social. A medida, independentemente dos custos que tenha, é aplicada em nome de uma maior justiça social”, defendeu o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS."
Vejam a diferença... Não sei se isto aconteceu acidentalmente. Só quem paginou o jornal é que pode dizê-lo. Mas, enquanto para Montemor-o-Velho e Tábua a mesma notícia foi ilustrada com imagens de salas de aula, na Figueira a notícia foi ilustrada com Carlos Monteiro. 
É só um pormenor. Claro que sim. Mas, diz algo... Carlos Monteiro já mostrou, há muito,ao que veio. Neste momento, com ajudas ou não, a gestão da sua imagem está a ser feita de forma exemplar. As coisas estão acorrer bem. 
Nota marginal.
A expressão “culto à personalidade” foi usado pela primeira vez em 1956 por Nikita Khrushchov, no decorrer do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Khrushchov tomou o posto de secretário-geral deste partido após a morte de Joseph Stalin e assumiu a liderança da URSS até 1964.
O conceito de culto à personalidade é uma forma de propaganda que eleva a figura de líderes político a dimensões quase religiosas. Os discursos desse tipo de propaganda procuram promover os méritos e qualidades dos líderes em questão, ocultando sempre quaisquer críticas ou defeitos que possam fazer parte de sua personalidade e história. O culto à personalidade parte da concepção equivocada de que a história não é feita pela sociedade em si, mas unicamente pelas acções de grandes figuras capazes de manifestar a vontade geral. Essa concepção não é um erro acidental, mas uma forma estratégica de legitimar a dominação exercida pelo líder, pré-justificando as suas acções e criando uma atmosfera de adoração e medo.

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