domingo, 11 de agosto de 2019

As novas funções das autarquias: os eventos/espectáculos de diversão...

O papel do jornalismo que se publica na Figueira, sobre o concelho da Figueira, um dia,  será alvo de escrutínio e de estudo. Espero que esse trabalho mostre e prove como jornalismo local abdicou de ser um contrapoder e,  por isso, abdicou de ser democrático. E se tornou dependente do poder local, a "voz" do poder local.
 É absolutamente ridícula a quantidade de notícias que são publicadas, todos os dias,  sobre os políticos locais. Qualquer pretexto, serve. Até uma Feira promovida por uma junta de freguesia transformada em promotora de eventos.
Via Diário de Coimbra
Via Diário as Beiras
Há uma nova realidade na maioria das autarquias figueirenses, que começa na câmara e se prolonga pelas juntas de freguesia: a promoção de eventos de diversão e de entretenimento, substituindo os promotores profissionais e asfixiando o tradicional associativismo (remetido à subsidiodependência).
O abandono a que algumas autarquias votaram as necessidades básicas das populações - mobilidade  (rede viária; transportes públicos; rede integrada e segura de ciclovias), higiene pública (recolha indiferenciada e separada de resíduos; limpeza do espaço público (saneamento básico (em todas as povoações) e espaços verdes (criação; requalificação; manutenção) -,  tem sido compensada na  aposta em diversão, para além do que é razoável, normalmente contratada por ajuste directo, ou nas avenças anuais continuadas, a meu ver, muito discutíveis.
Gastam-se largos milhares de euros nisto,  que depois faltam para o essencial.
Todas estas festas e carnavais também servem  para que os munícipes ao votar se esqueçam do que ficou por fazer. É o conhecido «pão e circo» do tempo dos Romanos, hoje apenas «circo» pela escassez de recursos.
No final, sobra a ausência de pensamento estratégico sobre o futuro do concelho e a definição de grandes objectivos para o médio e o longo prazos.
Na Figueira é cada vez mais visível a falta de massa crítica que, além das vitórias eleitorais, pense na qualidade de vida das pessoas. 
O que não se estranha:  a falta de massa crítica apresenta-se como natural, pois cada vez mais os candidatos autárquicos são qualificados apenas pelo cartão partidário.
A propósito deste regabofe (muito generalizado no país), era bom que os candidatos autárquicos se pronunciassem e os munícipes não se ficassem pela abstenção em valores obscenos:  mais de 50%.
Na minha família seria difícil compreender que, primeiro,  não se comprasse pão, roupa e medicamentos e se gastasse os parcos recursos em bilhetes de futebol, passeios ou perfumes.
Por isso, como querem que compreenda que nas autarquias o regabofe seja coisa normal?
E como querem que compreenda que a comunicação social não questione isto?

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