"Na zona baixa da cidade é já normal, casas com décadas encerrarem, para darem lugar a mais um hostel ou casa de restauração. Mas quem há décadas vive do trabalho do seu estabelecimento não suporta continuar a assistir à “agonia” que por ali se vai sentindo, como na “Casa Rádio”, uma papelaria, livraria e equipamento de escritório, com 91 anos e a sentir-se «numa grande aflição».Cremilde Cação, a proprietária há 37 anos, recorda que a sua conhecida casa «já viveu épocas muito boas, com 11 empregados», reduzidos actualmente a dois. E não tem dúvidas, «a crise começou com as grandes superfícies», e desde então, «tem-se agravado», perspectivando tempos ainda mais “nublados”, «quando já se fala em mais três» hipermercados para a Figueira da Foz."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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