segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O declínio e a respeitabilidade...

"A Figueira não tem Arte Nova nem ovos moles, como Aveiro; nem Arte Urbana e o Grão Vasco como Viseu; Nem biblioteca joanina e Machado de Castro, como Coimbra; nem castelos, como Montemor e Leiria; nem Woolfest como a Covilhã; nem expofacic como Cantanhede; nem palheiros como a Costa Nova; nem jardins como o do Paço Episcopal de Castelo Branco, o Botânico de Coimbra ou o Budha Eden do Bombarral; nem bicicletas como Águeda; nem vinhos como a Beira Interior, a Bairrada e o Dão; nem cerejas como o Fundão; nem queijo como a Serra de Estrela, nem chanfana e leitão como a Bairrada.
A bem dizer, a Figueira não tem porra nenhuma..."
Nem praia.

Ninguém reparou que esta foto reflecte uma ruína? Apesar do  luxo asiático da zona envolvente. Esta imagem é bem a metáfora perfeita de uma cidadania de merda. Ou melhor, o retrato fiel de uma figueirinha loira. Uma figueirinha decadente e loira que se mira ao espelho e nem sequer vê o triste e baço despojo que ele reflecte, hipnotizada com o brilho fátuo da moldura dourada.

Quanto mais consigo entrar no pequeno mundo da cidade que é a Figueira, mais sinto a sua decadência e a sua pequenez. 
Ter a noção da migalha que o nosso concelho é, neste momento, em Portugal, a partir daí, é um exercício fácil. 

Contemplar uma cidade como a Figueira, continua a ser agradável, apesar da vulgaridade em que estamos inseridos. 
A Figueira continua a ser uma cidade em construção no espaço. Os seus efeitos, porém, vão notar-se e vão ser perceptíveis só nos próximos anos.  

Todos nós, cidadãos, temos relações com algumas partes da Figueira. 
A cidade e a sua imagem está impregnada de memórias e significações para cada um de nós.
As pessoas e as suas actividades, são tão importantes como os espaços públicos e os imóveis. 

Nós os figueirenses, não somos apenas observadores deste espectáculo patrocinado pela Câmara Municipal, mas, também, tomamos parte activa nele.
Na maior parte das vezes, a nossa percepção da cidade não é isenta nem íntegra, mas sim bastante parcial e fragmentária. 
Acontece ao cidadão normal. E acontece ao político.

"A Figueira não tem nada que realmente atraia o turismo ou a simples curiosidade. Ninguém se desloca de propósito à Figueira para ver a torre do Relógio ou o penico do Jordão, ou a rotunda do farolito, ou qualquer uma das suas rutilantes urbazinações ou das gandes supefíces licenciadas recentemente pela autarquia. Mas tem figuras realmente bizarras. Podia montar um circo."
A Figueira, para quem a conheceu há 50 anos, tem a noção que é uma cidade em declínio.
Espero, contudo, que o declínio, não lhe venha ainda a  beliscar a respeitabilidade. 

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