terça-feira, 30 de outubro de 2018

Este é o problema: as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas; as pessoas idiotas estão cheias de certezas...

"A vitória de Bolsonaro veio confirmar que há um movimento global de recomposição política e que um certo nacionalismo iliberal, historicamente associado à direita, continua a ganhar votos e eleições um pouco por todo o lado. Vale para Bolsonaro, mas também para Trump, Salvini, a AfD ou o Brexit. É uma completa ilusão de óptica fora do Ocidente, ou seja, com Putin e Erdogan, herdeiros de nacionalismos imperiais de forte base religiosa ou carismática (o czarismo e o estalinismo na Rússia, o Império otomano e Ataturk na Turquia). Os comentadores da direita liberal (vamos simplificar) tendem a culpar a esquerda pelo fenómeno. Não vou bater mais no ceguinho. Mas o que esta direita, mais tarde ou mais cedo, terá de fazer é o trabalho intelectual de fundo de compreender porque é que também ela está em recuo. Líderes moderados como May ou Merkel parecem acossados pela ala radical dos seus partidos. O centro-direita tradicional perde terreno em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, países escandinavos, EUA, Brasil.

Onde é que falhámos? Onde é que se meteu a direita amiga da sociedade aberta mas também da soberania, adversária das fronteiras fechadas mas não das fronteiras, crítica da engenharia social mas não do Estado social, defensora de uma economia livre mas regulada, desconfiada tanto do proteccionismo como do federalismo, sem paciência nem para causas fracturantes nem para confessionalismos, firmemente oposta a políticas identitárias e a qualquer desigualdade perante a lei?

A culpa não é só do Lula, pois não? Churchill venceu Hitler e Reagan o comunismo. Talvez a direita, hoje, tenha a missão histórica de vencer a sua própria inércia."

Nota."A culpa não é só do Lula." 
Pedro Picoito, via Corta-fitas, escreve sobre a vitória de Bolsonaro que abre uma nova era da extrema direita na presidência do Brasil.
Aquilo que se passou no Brasil é um alerta, que tem de ser tido em conta, pois o mundo está perante um grave problema: o uso de desinformação em massa como arma política, como aconteceu nestas eleições brasileiras. 

Estamos perante um  novo capítulo de um problema global...

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